Categoria: Reflexões

Viver mais ou enfrentar menos efeitos colaterais do Tratamento do câncer?

Um estudo do Imperial College London mostrou que muitos homens preferem correr maior  risco de morte a enfrentar possíveis efeitos colaterais (incontinência e impotência) decorrentes do tratamento contra o câncer de próstata.

Os pesquisadores conversaram com 634 homens que tinham recebido, recentemente, o diagnóstico de câncer de próstata. Em todos os casos, o tumor ainda não havia se espalhado. A maioria (74%) tinha tumor de baixo ou médio risco e os demais (26%), de alto risco.

Após o diagnóstico, os pesquisadores propuseram dois tratamentos hipotéticos aos pacientes. As alternativas eram diferentes em termos de impacto na sobrevivência, incontinência urinária, impotência sexual, tempo de recuperação e probabilidade de necessitar de tratamento adicional. Em seguida, eles deveriam escolher uma das opções.

 

Os resultados

Os resultados mostraram que, entre obter uma melhoria de 1% na chance de manter a função urinária ou 0,68% de chance na melhora de sobrevida, os homens tendiam a escolher a primeira opção.

A mesma decisão se repetiu quando as opções eram a chance de 0,41% de melhora na sobrevida ou uma probabilidade 1% maior de não precisar de mais tratamento.

Por fim, para ter 1% a mais de chance de conseguir ereções, eles se mostraram dispostos a desistir de melhorar, em 0,28%, a chance de sobrevida.

Ou seja: os homens querem ter uma vida longa, mas se mostraram dispostos a aceitar uma menor sobrevivência se o risco de efeitos colaterais do tratamento for baixo.

Os resultados mostram que precisamos, cada vez mais, oferecer alternativas de tratamento que reduzam o dano ao paciente e limitem o impacto dos efeitos colaterais na qualidade de vida deles, além, é claro, de aumentar a sobrevida.

E são exatamente estes os principais benefícios da cirurgia robótica. Afinal, além de minimamente invasiva, ela conta com a maior precisão dos movimentos,  permitindo incisões mais seguras, com menor risco de lesão a nervos e vasos sanguíneos importantes para a função erétil e urinária.

Essas incisões machucam menos os tecidos, deixam menos sequelas e garantem menor risco de hemorragias, possibilitando um pós-operatório bem mais tranquilo com menos dores, menos infecções e inchaços e tempo reduzido de recuperação pela preservação da integridade dos órgãos envolvidos.

 

Riscos

É claro que ainda há riscos. Mesmo que pequenos, eles existem e variam de acordo com a idade, com a qualidade da função erétil antes da operação e do tamanho e extensão do câncer encontrado.

⠀Mas com os avanços das técnicas, esses danos têm se tornado cada vez mais raros. Tanto que, até os 60 anos de idade, as chances de recuperação do mesmo nível de ereção de antes da cirurgia chegam a 70%!

Lembrando que o câncer de próstata é o sexto tipo mais comum de câncer no Brasil e o segundo mais frequente em homens, após os tumores de pele, segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca).

A doença mata um brasileiro a cada meia hora e a principal razão para isso é o diagnóstico tardio. Segundo dados da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), 20% dos pacientes são diagnosticados em estágios avançados, o que diminui bastante as chances de cura.

5 coisas que a IA pode mudar na medicina (e como isso vai afetar a sua vida)

Se tem uma área que se beneficia com as tecnologias de ponta, é a medicina. Conceitos que, há poucas décadas, eram vistos apenas como “coisa de ficção científica”, vêm se tornando comuns em uma velocidade incrível!

É o caso da inteligência artificial (IA), que possibilita que máquinas aprendam com experiências, se ajustem a novas entradas de dados e realizem tarefas como seres humanos.

Os computadores podem ser treinados para cumprir funções específicas ao processar grandes quantidades de dados, reconhecendo padrões neles.

Com isso, as possibilidades de aplicação dessa tecnologia no campo da medicina são várias e impactantes, podendo mudar, em pouco tempo, a nossa relação com os serviços de saúde. Confira alguns exemplos:

 

1 – Consultas e triagens

É verdade que hoje em dia já é possível acessar prontuários digitais, via computadores. Mas, com a IA, os dados podem ser preenchidos em poucos segundos por biometria (reconhecimento de rosto e voz).

Além disso, por meio dela, os sistemas podem tomar decisões assertivas sobre quais perguntas fazer. Eu explico: em vez de seguir cegamente uma lista de verificação, esses sistemas de consulta digital ​​aprendem com milhões de arquivos de casos reais para fazer perguntas realmente relevantes para cada paciente.

Assim, os algoritmos médicos podem também determinar a gravidade do problema. Um exemplo: se você chegar ao hospital com falta de ar repentina pela primeira vez,  o computador irá considerar que você deve ser atendido antes de um asmático, já que, no caso dele, uma ocorrência do tipo é algo comum, menos urgente e mais recorrente. Entendeu?

 

2 – Radiologia e imagens

A radiologia é a forma de medicina que lida com imagens: raios-x e ultrassonografias, tomografias e ressonâncias magnéticas. É uma área que demanda bastante tempo e experiência dos profissionais, que precisam ​​analisar minuciosamente um grande volume de material.

Com a IA, por meio da visão computacional, os sistemas podem ser treinados para examinar radiografias ou outras digitalizações e aplicar uma técnica chamada deep learning (aprendizado profundo) para entender o que as imagens mostram. E, se tem uma coisa que a inteligência artificial sabe fazer bem, é ficar de olho em imagens para detectar padrões.

Como os resultados da detecção da IA ​​podem ser enviados para um médico, para que haja uma checagem final, essa solução já está em uso em alguns hospitais. O Centro Médico da Universidade de Rochester, em NY, por exemplo, usa essa tecnologia para ajudar a identificar e priorizar casos críticos.

Um sistema criado na França e na Alemanha já detecta câncer de pele com 95% de precisão. Já um sistema da DeepMind, do Google, é capaz de detectar com precisão superior a de médicos mais de 50 tipos de doenças dos olhos. O futuro já chegou!

 

3 – Medicina personalizada: diagnóstico mais rápido e preciso

Medicina personalizada é uma abordagem de cuidados de saúde em que os diagnósticos e tratamentos são altamente adaptados para atender a história pessoal e familiar do paciente, bem como seus fatores de risco específicos e genética.

À medida que mais e mais dados são coletados e analisados ​​pela IA, é fácil afirmar que a medicina personalizada se tornará um padrão, e não uma alternativa. Uma das aplicações da inteligência artificial nesse contexto se dá no estágio de diagnóstico: um sistema pode ser capaz de analisar o genoma de uma pessoa e determinar quais tratamentos podem ser ​​mais eficazes para cada caso.

 

4 – Robôs cirurgiões

Quem me acompanha já sabe que as soluções robóticas para cirurgias já existem há anos. Mas estamos falando aqui de robôs autônomos, que podem suturar pontos e remover tumores com extrema precisão e, consequentemente, menos danos aos tecidos circundantes. Além disso, muitos desses procedimentos robóticos podem ser realizados por laparoscopia, tornando a cura muito mais rápida e reduzindo o risco de infecção.

Mas esse é um nível totalmente elevado de uso da inteligência artificial. Sim, já existe e vários testes com robôs autônomos já foram realizados (com resultados bem sucedidos, inclusive). Mas o processo de aprovação desses cirurgiões robóticos é muito maior e mais complexo do que para as plataformas robóticas, que já nos ajudam tão brilhantemente.

Além do mais, nada, absolutamente nada, substitui o contato humano que o médico tem (e precisa ter!) com o paciente.

 

5 – Segurança cibernética

É fato que estes novos desenvolvimentos da IA ​​nos cuidados de saúde trarão imensos benefícios para médicos, hospitais e pacientes. Mas nem tudo são flores: eles também trazem novos riscos em termos de segurança. A diferença é que a própria inteligência artificial pode ajudar a fornecer saídas para isso.

Soluções avançadas podem usar machine learning (análise de dados que automatiza a construção de modelos analíticos) para entender o comportamento normal da rede e identificar e bloquear qualquer atividade anômala que possa indicar vulnerabilidade ou ataques.

Além dessa questão de segurança (que é muito, muito mais complexa do que o que eu expliquei aqui), ainda existem questões legais a serem consideradas para a implementação definitiva da IA em aplicações mais profundas.

Afinal, quem seria responsabilizado por um erro médico realizado por um robô/algoritmo? O hospital que comprou a máquina, o médico que sugeriu a compra, a indústria que a forneceu, ou os engenheiros que a projetaram?

Muita coisa ainda precisa ser estudada, discutida, viabilizada e definida. Mas, como eu disse, as mudanças estão acontecendo em uma velocidade impressionante. E, o que hoje parece coisa do futuro, amanhã já pode fazer parte da nossa rotina diária. Afinal, não foi assim com a cirurgia robótica?

O jeito é aguardar (e nos preparar para) o que o amanhã nos reserva!

POR QUE É TÃO IMPORTANTE UMA SEGUNDA OPINIÃO MÉDICA?

Um diagnóstico correto é o primeiro passo para um tratamento efetivo. Depois de uma primeira avaliação com um especialista, o paciente pode (e deve) recorrer à consulta de um segundo especialista para uma nova opinião médica. Essa busca deve ser encorajada, especialmente, se o médico não está tão seguro sobre o quadro do paciente.

 

Um estudo da Clínica Mayo, referência nos Estados Unidos em pesquisas de saúde, revelou neste ano que, depois de procurar a segunda opinião de um médico, em 88% dos casos houve divergência quanto ao diagnóstico. Apenas 12% dos participantes receberam a confirmação da primeira avaliação.

 

Para se aprofundar na extensão dos erros de diagnóstico, os pesquisadores examinaram os registros de pacientes durante dois anos. Em 21% dos casos, o diagnóstico foi completamente alterado e para 66% dos pacientes houve uma redefinição ou detalhamento do quadro.

 

A medicina não é uma ciência exata. Os profissionais dessa área estão sujeitos a erros como quaisquer outros. Muitas vezes, eles próprios recorrem à opinião de colegas e descobrem que estavam equivocados em sua avaliação. Além disso, há diferentes formas de tratar uma doença e, nem sempre, o que dá certo para um é o melhor para o outro.

 

Não ter um outro ponto de vista pode levar à realização de cirurgias desnecessárias ou à complicações que signifiquem procedimentos mais caros, atrasos na terapia ou até à piora do quadro. É preciso, por exemplo, avaliar se não há outras opções de tratamentos disponíveis, menos invasivas ou com melhor prognóstico. Uma segunda opinião deixa o paciente e a família mais confiantes. Não tenha vergonha ou receio de questionar o seu médico.

 

A incrível geração de impotentes formada pelo uso recreativo do Viagra

disfunção erétilDesculpe o banho de água fria. Ainda mais depois do último post, em que comemorei os 20 anos do Viagra, um medicamento, sem dúvida, pioneiro, que revolucionou o comportamento sexual masculino. Mas é justamente para que você tenha uma vida sexual com mais saúde e qualidade que faço o alerta. Me refiro ao oba-oba vivido por uma parcela crescente dos jovens contemporâneos, que, sem qualquer problema de disfunção erétil, vêm tomando a azulzinha por pura diversão, sem saber que, nessa brincadeira, enfrentam riscos de máxima potência.

Pobre (e doente) super homem…

Não tenho dúvidas de que o machismo é uma doença social de altíssimo grau de letalidade – sobretudo para as mulheres, como nos mostram numerosas e tristes estatísticas.

Como médico, por vezes tenho vontade de catalogar esse comportamento também na CID, a Classificação Internacional de Doenças. Especificamente, no grupo das enfermidades autoimunes – aquelas em que o corpo trabalha contra si mesmo, caso da esclerose múltipla, por exemplo.

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