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Maior empresa de dispositivos médicos do mundo lança seu próprio robô cirúrgico

Mais uma nova alternativa ao sistema da Vinci vem surgindo no horizonte da cirurgia robótica. A Medtronic, maior empresa de dispositivos médicos do mundo, está divulgando uma nova plataforma de cirurgia assistida por robô, mais flexível e econômica do que os sistemas atualmente disponíveis no mercado: o sistema Hugo RAS.

A empresa planeja lançar o sistema em locais não divulgados, mas fora dos EUA, no início do próximo ano. O objetivo é começar a coletar dados clínicos para obter a liberação no país em cerca de dois anos.

Em relação aos possíveis valores da plataforma, a expectativa da Medtronic é reduzir os custos dos procedimentos do sistema aos níveis observados nos sistemas laparoscópicos, o que seria muito bom.

O sistema Hugo inclui uma torre, console para o cirurgião, efetores terminais cirúrgicos e carrinhos de braços robóticos.

Os principais aspectos do sistema incluem:

Modularidade – Os braços e outras partes do sistema são modulares e ficam sobre rodas, permitindo flexibilidade quando se trata de posicionamento e troca de peças da plataforma. Um cirurgião poderia concluir um procedimento com um braço, afastá-lo e iniciar um procedimento laparoscópico ainda usando a torre, por exemplo.

Após a operação, a equipe do hospital poderia desmontar o sistema e transformá-lo em uma segunda “sala de cirurgia” já esterilizada e preparada, para que o cirurgião pudesse iniciar rapidamente um novo procedimento após um pequeno intervalo. Além disso, como os braços são modulares, o hospital pode dividi-los para usá-los em diferentes operações ao mesmo tempo.

Uso universal – A torre e seu sistema de visualização, gerador, processadores e endoscópio destinam-se a suportar cirurgias assistidas por robô, aplicações laparoscópicas e até cirurgias abertas. O gerador FT10 que alimenta o sistema robótico é o mesmo tipo de gerador que alimenta dispositivos laparoscópicos e de cirurgia tradicional.

Atualização – A Medtronic projetou o Hugo RAS para que os prestadores de serviços de saúde possam trocar novos sistemas, geradores etc assim que estiverem disponíveis, sem que seja necessário comprar um sistema totalmente novo. A empresa também possui uma linha de aplicativos e recursos de software que serão lançados e atualizados continuamente.

Console aberto – O design do console cirúrgico possui uma arquitetura aberta com pedais, para que os cirurgiões possam interagir com o paciente e com a equipe de cirurgia durante os procedimentos. Ao mesmo tempo, os óculos tridimensionais de alta definição proporcionam uma experiência imersiva.

Aproveitamento da experiência existente em ferramentas cirúrgicas – A ideia da Medtronic é aproveitar a experiência e o know-how do seu portfólio de instrumentação cirúrgica já existente, o que faz sentido uma vez que os instrumentos do sistema podem ser uma grande fonte de receita para a empresa. Além disso, poder contar com instrumentos familiares é algo que faz uma grande diferença para os cirurgiões.

Em resumo, é isso. Lembrando que a Medtronic já é ativa no mercado de cirurgia da coluna assistida por robô desde 2018, após comprar a empresa Mazor Robotics por 1,7 bilhão de dólares. Um mês depois da compra, eles lançaram nos EUA sua própria plataforma cirúrgica de coluna vertebral assistida por robô, a Mazor X Stealth.

Novidades no mercado da cirurgia robótica

A CMR Surgical é uma das líderes de uma nova leva de empresas que estão surgindo para desafiar a Intuitive Surgical, fabricante do sistema robótico da Vinci e líder do mercado de cirurgia robótica. 

Mas ela não é apenas mais uma empresa de dispositivos médicos: a CMR veio para promover uma mudança de paradigma nesse campo, criando uma plataforma cerca de 40 vezes mais barata do que as já existentes e tornando a tecnologia uma opção mais acessível para as instituições de saúde. 

Prova disso é que, com apenas 5 anos de existência, a companhia levantou recentemente a impressionante quantia de 195 milhões de libras em uma rodada de financiamento, o que elevou o valor da empresa para mais de 1 bilhão de libras antes mesmo do lançamento de seu primeiro produto, o robô Versius.

Foi a terceira de uma série de financiamentos que, em 2018, levantou US$ 100 milhões em investimentos e, em 2017, US$ 46 milhões. 

Essa última grande leva de investimentos financiará totalmente a comercialização global dos negócios da CMR, que deve lançar o robô cirúrgico Versius ainda neste ano no Reino Unido, em outros países da Europa e na Índia, onde foram realizados ensaios clínicos no Hospital Deenanath Mangeshkar, em Pune.

Lá, os procedimentos realizados com a plataforma envolveram operações em pacientes com distúrbios ginecológicos e gastrointestinais, incluindo histerectomia e remoção da vesícula biliar.

O Versius

As vantagens competitivas do Versius incluem uma maior portabilidade e versatilidade, já que ele foi projetado para fornecer ao cirurgião vários braços robóticos separados, cada um com seu próprio instrumento cirúrgico e seu próprio pilar.

Esses braços são montados em carrinhos que podem ser facilmente movidos entre salas de operações e até entre hospitais, o que seria um enorme avanço tendo em mente que o da Vinci, robô mais utilizado no mundo hoje, tem uma estrutura de 750 quilos que não pode ser movida e, portanto, demanda uma sala de operação exclusiva.

Mas isso tudo não significa que Intuitive esteja em risco. O sistema da Vinci já foi instalado em quase 5 mil hospitais em todo o mundo e já vem realizando operações há 20 anos. Além disso, a empresa anunciou uma expansão de suas operações britânicas, abrindo uma nova sede no Reino Unido, país de origem da CMR.

Porém, para os próximos 3 ou 4 anos, a expectativa é que o topo do mercado da cirurgia robótica seja divido com mais três empresas: a Medtronic, a Johnson & Johnson e, claro, a CMR.

Como é o pré e o pós-operatório na cirurgia robótica

Incisões mínimas e mais certeiras que machucam menos os tecidos, deixam menos sequelas e garantem menor risco de complicações. Não é mágica: é cirurgia robótica, a inovação que veio para ficar e que é fruto do bom uso da tecnologia a favor da medicina e da saúde.

Mais ágil e tão segura quanto os métodos tradicionais, a robótica vem auxiliando médicos na busca por resultados cada vez melhores em cirurgias que antes ofereciam riscos aos pacientes, seja na hora da operação ou em um segundo momento. É por isso que, no caso do tratamento cirúrgico para câncer de próstata, por exemplo, ela é, hoje, considerada a melhor opção. 

Entre os benefícios para o paciente, podemos citar melhores resultados oncológicos, menos dor, menos chances de sangramento e, portanto, menos chances de transfusões sanguíneas, recuperação pós-operatória mais rápida, menos uso de analgésicos, retorno mais rápido às atividades e menos tempo de hospitalização. Outro aspecto positivo é a excelente qualidade de vida do paciente após o tratamento.

Pré-operatório

Antes da cirurgia, é nossa rotina incentivar metas significativas de estilo de vida. Ou seja: nós aconselhamos os pacientes sobre os benefícios dos hábitos alimentares saudáveis, dos exercícios físicos e, se necessário, da perda de peso.

Quando o paciente é muito sedentário, recomendamos a caminhada de um a dois quilômetros por dia, como preparação para o procedimento.

O paciente também precisa fazer avaliação física, cardiológica e anestésica: eletrocardiograma, ecocardiograma, testes de esforço, ressonância magnética, mapeamento ósseo em busca de metástases e outros exames e avaliações com especialistas de outras áreas, dependendo de cada caso

Pós-operatório

É muito importante que, já no primeiro dia após a cirurgia, o paciente tente se sentar em uma cadeira e caminhar o quanto for tolerado. A recuperação costuma ser mais rápida naqueles que conseguem se movimentar logo nesse comecinho.

Atividades mais pesadas como academia, corrida, bicicleta e qualquer outra de maior impacto devem ser evitadas durantes as três primeiras semanas. Já caminhadas de até 30 minutos em superfícies planas, trabalhos de escritório e exercícios leves são liberados já nos primeiros dias.

Geralmente, 97% a 98% dos pacientes recebem alta na manhã seguinte à operação. Todos deixam o hospital com um cateter urinário, que é removido após 6 ou 7 dias em um procedimento simples e indolor, realizado no próprio consultório.

Os cuidados com a ferida operatória incluem a limpeza com água e sabão, e só. Antibióticos, analgésicos, anti-inflamatórios e remédios contra gases costumam fazer parte da prescrição médica.

E, por fim, o acompanhamento tem um período mínimo de cinco anos após a cirurgia. Nos primeiros dois anos, o retorno ocorre a cada três meses, com exames de sangue (PSA) e imagem (ultrassom em geral).

Do segundo ao quinto ano, os retornos ocorrem a cada seis meses. A partir do quinto, o retorno acontece anualmente.

O custo da cirurgia robótica em BH

A robótica amplia os benefícios das cirurgias minimamente invasivas para procedimentos de alta complexidade, especialmente em urologia, cardiologia, gastrocirurgia, ginecologia, cabeça e pescoço. 

Os benefícios para médicos e pacientes são tantos que a tecnologia já vem sendo utilizada desde o início dos anos 2000 nos Estados Unidos, onde 90% das cirurgias urológicas atuais são realizadas via robótica. Por aqui, a inovação demorou a chegar graças a um entrave que, infelizmente, ainda persiste: o alto custo do investimento.

Por ser o que há de mais moderno e menos invasivo na área da cirurgia, as plataformas robóticas ainda são caras. O investimento para a importação do equipamento fica entre R$ 10 milhões e R$ 12 milhões, aproximadamente, sem contar as taxas de impostos. Além disso, o hospital precisa pagar uma anuidade de cerca de R$ 800 mil para a manutenção preventiva do robô. Outro custo são as pinças, ópticas e demais insumos que precisam ser comprados para a realização das cirurgias.

Aqui em Belo Horizonte, por exemplo, o que tem acontecido é que alguns pacientes têm os custos de internação cobertos pelo convênio, pagando apenas o que não é coberto pelas operadoras.

A boa notícia é que muitas patentes da Intuitive, líder do mercado e criadora dos sistemas da Vinci, expiraram ou estão prestes a expirar, abrindo espaço para concorrência. Diversas companhias, entre startups e grandes empresas, devem lançar novos robôs em breve, com promessas de custos 50% menores.

Além disso, muitos planos de saúde estão começando a entender as vantagens globais da tecnologia, que oferece um custo benefício muito bom em relação à cirurgia aberta e até mesmo sobre a laparoscopia. Tanto que alguns convênios mais específicos já cobrem total ou parcialmente os custos da prostatectomia, um dos procedimentos mais realizados via robótica em todo o mundo. 

As operadoras estão entendo que, na hora de fazer as contas, é preciso ter em mente os altos custos financeiros e emocionais do tratamento das sequelas da cirurgia do câncer de próstata e lembrar que é possível reduzir todos eles com a utilização da tecnologia robótica. Não há mais dúvidas quantos aos seus inúmeros benefícios para os pacientes. Em pouco tempo, hospitais e convênios perceberão o quanto ela pode ser benéfica também para a saúde financeira.

Tanto que, atualmente, a maior parte dos pacientes chega aos hospitais particulares bem informados e não se intimidam com a utilização dos robôs. Com a chance de voltar mais rapidamente à vida normal, eles não se incomodam em pagar a diferença de valor. Assim, o que inicialmente parece caro, acaba sendo percebido pelos pacientes como um investimento na sua própria saúde, o que é mesmo verdade.

Além disso, os hospitais que adquirem a plataforma acabam investindo muito no treinamento e aperfeiçoamento de toda a equipe, e isto se traduz em maior segurança para os pacientes. As instituições também passam a controlar melhor os resultados da cirurgia, o que facilita reconhecer os problemas precocemente e trabalhar para a excelência em todos os procedimentos.

Ressonância Multiparamétrica: mais uma aliada dos portadores de câncer de próstata

Durante anos, o padrão de atendimento para quem apresentasse um PSA alto e um exame de toque anormal era o encaminhamento para a biópsia da próstata. Mas o avanço da tecnologia tem nos dado opções cada vez menos invasivas e cada vez mais seguras e precisas.

Uma delas é esse exame de nome complicado: ressonância multiparamétrica. Com ele, é possível identificar a localização exata das lesões suspeitas em áreas específicas e, com isso, realizar uma biópsia dirigida especificamente para a região afetada, sendo uma alternativa às biópsias padronizadas em toda a próstata.

Isso é importante porque a biópsia é um procedimento invasivo e possui certas limitações, sendo a principal delas o fato de ser feita de maneira randômica: quando o médico faz a biópsia pelo ultrassom, não consegue ver a lesão na próstata e colhe fragmentos aleatórios na periferia e na porção central da próstata, no ápice, terço médio e na base. Com isso, existe a possibilidade de que os fragmentos biopsiados não contenham uma amostra de neoplasia, mesmo que o paciente a tenha.

Outra limitação importante é que o fragmento biopsiado pode conter apenas uma área menos agressiva do câncer de próstata, o que pode ter impacto na escolha do tratamento do paciente.

Por resolver esses problemas, a ressonância é muito útil no diagnóstico, no estadiamento, no seguimento de alguns pacientes e na avaliação de pacientes já tratados, com suspeita de recidiva.

Do ponto de vista do diagnóstico, ela apresenta uma acurácia tão boa quanto a biópsia, sobretudo nos tumores mais agressivos. Do ponto de vista do estadiamento, o exame auxilia também na avaliação do paciente com câncer para identificar eventual invasão de outras estruturas além da próstata, permitindo a escolha do tratamento mais adequado.

Mesmo em pacientes que possuem a forma menos agressiva da doença e não passam por tratamento, a ressonância multiparamétrica permite a vigilância ativa, ou seja, o acompanhamento para identificar eventuais mudanças que exijam alguma intervenção. Outra vantagem é no caso de pacientes que já tiveram a doença e que estão sob suspeita de recidiva, por ser um diagnóstico preciso.

O exame é bastante tranquilo, sobretudo com as novas técnicas, e realiza várias sequências que avaliam a anatomia e a morfologia prostática, além da celeridade e vascularização da lesão. Isso porque ele consiste em uma fusão de ressonância magnética, dados de biópsia e ecografia em tempo real, permitindo que os urologistas tratem o câncer de próstata com menos danos ao tecido saudável e minimizem os efeitos colaterais, como incontinência e impotência.

Contudo, apesar dos pontos positivos, nem todos os homens devem realizar este tipo de ressonância. O exame só deve ser feito com a indicação do urologista que, baseado em sua avaliação ao toque retal e com os dados de PSA, decidirá ou não pela técnica.

A impressão de órgãos 3D e o futuro dos transplantes

A tecnologia a serviço da biomedicina está criando uma nova vertente de mercado: a bioimpressão. Ou, traduzindo, o uso de impressora 3D para produzir material biológico.

E por que isso é importante? Atualmente, existem centenas de milhares de pessoas esperando para receber um transplante de órgãos. Os números são tão dramáticos que essa questão pode (e deve!) ser encarada como um grave problema de saúde mundial, já que existe uma escassez global de órgãos disponíveis.

Enquanto a lista de espera aumenta a cada dia, o número de doadores permanece praticamente o mesmo. Algumas pessoas aguardam anos na fila. Outras, infelizmente, não sobrevivem à espera. Só no Brasil, são mais de 42 mil pacientes lutando pela vida aguardando por um órgão. Mas com esses avanços tecnológicos, quem sabe uma realidade positiva não esteja tão distante?

Eu explico. O bioprinting, ou bioimpressão tridimencional, consiste em técnicas de impressão 3D para combinar células, fatores de crescimento e biomateriais. Essa tecnologia permite que materiais — como peças biomédicas — sejam desenvolvidos e reproduzam ao máximo as características reais do tecido natural.

É uma possibilidade de criar réplicas funcionais de estruturas presentes no organismo, o que pode beneficiar muitas pessoas. Os pacientes sujeitos à transplante de órgãos podem, futuramente, receber órgãos substitutivos compostos por suas próprias células, sem maiores complicações. 

A impressão em 3D começou a ser usada na área da saúde ainda na década de 80, para a produção de próteses de reconstrução óssea. Hoje, é possível a fabricação de tecidos da pele e cartilagens. Alguns órgãos também começaram a ser impressos mas, por enquanto, apenas como protótipos para auxiliar nas cirurgias.

Eles ainda não podem substituir os verdadeiros, mas já funcionam como modelos para que os médicos planejem melhor as operações. Com esses órgãos de plástico em mãos, chamados biomodelos, o cirurgião pode ensaiar o procedimento cirúrgico, diminuindo o tempo real da cirurgia e os riscos de complicações.

Alguns outros exemplos do que já está sendo feito por aí:

– Em 2016, um estudo publicado na revista Nature revelou que pesquisadores norte-americanos conseguiram implantar tecidos impressos em 3D em animais. Os cientistas imprimiram estruturas cartilaginosas, ósseas e musculares e as transplantaram nos roedores. Essas células desenvolveram um sistema de vasos sanguíneos e se transformaram em tecidos.

O dispositivo usado para criar esses tecidos é chamado de Sistema Integrado de Impressão de Tecido e Órgão. Ele usa tanto materiais plásticos quanto biodegradáveis para projetar a forma do órgão desejado.

– Enquanto isso, a empresa Organovo já oferece tecido renal e hepático para rastrear potenciais medicamentos. Além de reduzir o número de testes em animais, pode aumentar a eficácia e confiabilidade dos resultados, uma vez que o tecido é humano.

A companhia anunciou ainda que havia transplantado tecidos de fígado impressos a partir de células humanas em camundongos. Segundo a Organovo, os tecidos poderão servir para o tratamento de insuficiência hepática crônica dentro de três a cinco anos.

– Outros especialistas estão implantando músculos, orelhas e ossos em animais. No ano passado, cientistas da Northwestern University, em Chicago, imprimiram ovários protéticos e os implantaram em camundongos. Os receptores foram capazes de conceber e dar à luz com a ajuda desses órgãos artificiais.

– A L’Oréal, uma empresa francesa de cosméticos, já investe na bioimpressão para a realização de testes de seus produtos. Segundo o site da Bloomberg, a companhia desenvolve cinco metros quadrados de pele por ano.

Todas essas aplicações e estudos estão sendo realizados porque a ideia é que, no futuro, as impressoras 3D façam mais do que órgãos de plástico, mas partes reais do corpo humano. E, como eu disse no início do texto, na prática isso significaria que um paciente não precisaria entrar na fila à espera de um rim a ser transplantado, por exemplo. Bastaria imprimir um novo para ele, com suas próprias células (e, consequentemente, com um menor risco menor de rejeição).

Os desafios

Os órgãos bio-impressos ainda não são uma realidade, mas esse avanço é essencial para que aperfeiçoamentos nessa tecnologia sejam feitos. Tudo indica que a técnica é promissora, mas é claro que pesquisas mais detalhadas ainda são necessárias para que a tecnologia seja usada em humanos. Também falta estudar como imprimir órgãos mais complexos, como um coração, e avaliar os riscos de rejeição.

Além de questões técnicas, a aprovação desse tipo de tecnologia em humanos deve esbarrar em questões éticas a serem avaliadas pelas agências regulatórias de cada país. 

Fato é que a versatilidade da aplicação da impressão em 3D é enorme. Ter a possibilidade de, num futuro tão próximo, criar órgãos a partir do zero para salvar vidas parece um sonho que pode estar prestes a se tornar realidade. 

Precisamos falar sobre depressão masculina

Muitas vezes nós, urologistas, desempenhamos um papel a mais no nosso consultório: o de psicólogo. Principalmente porque muitos homens ainda têm um pensamento extremamente racional acerca de si mesmos e de seus problemas quando, na verdade, há questões muito mais profundas que precisamos trazer à luz.

Se tem uma coisa que tantos anos de urologia me ensinaram é que certas queixas masculinas, não raro, constituem a ponta de um iceberg que, muitas vezes, atende pelo nome de depressão.

E é justamente sobre esse tema tão importante que eu gostaria de conversar com vocês hoje, neste Dia Mundial de Prevenção do Suicídio. Definida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como “mal do século XXI”, a depressão afeta 322 milhões de pessoas no mundo (dados da própria OMS). Em uma década – de de 2005 a 2015 – esse número cresceu 18,4%, o que é bem preocupante.

A prevalência do transtorno na população mundial é de 4,4%. Já no Brasil, 5,8% da população enfrenta esse problema, ou seja: 11,5 milhões de brasileiros.  Na América Latina, aliás, somos campeões do ranking de deprimidos e, na américas, ficamos atrás apenas dos Estados Unidos.

Ainda de acordo com OMS, apenas 10% das pessoas conseguem ter acesso a estratégias de tratamento e prevenção dessa doença, cujo desfecho, em muitos casos, é o suicídio – sobretudo entre os homens. Enquanto as mulheres são mais propensas à depressão, a prevalência de autoextermínio entre nós é significativamente maior, numa proporção de 4 para 1.

Sintomas da depressão masculina

Estamos falando, portanto, de um mal que, entre os homens, é mais letal. E por quê? O primeiro motivo é que a depressão masculina é mais silenciosa. Em nossa cultura, infelizmente machista, homem não chora, nem expõe seus sentimentos. Deste modo, enquanto as mulheres estão acostumadas a falar sobre suas tristezas, entre outras questões internas, assim como a buscar ajuda e informação, nós ainda somos seres muito reprimidos pela cultura do machão.  

Normalmente, só buscamos esse tipo de tratamento quando obrigados pela mãe, irmã ou namorada. Dificilmente, o homem toma a iniciativa de cuidar de sua saúde mental. Quando (e se) ele procura um médico espontaneamente, a intenção é quase sempre resolver problemas aparentemente superficiais, mas que já começaram a afetar terceiros. Suas queixas, nesse sentido, normalmente são:

  • Não tenho vontade de fazer sexo e isso está acabando com meu casamento;
  • Sinto raiva o tempo todo e isso está arruinando minha vida profissional;
  • Tudo o que eu quero fazer no meu tempo livre é dormir porque trabalho muito e me sinto cansado, mas as pessoas não entendem isso.

E é claro que 99% desses relatos terminam com um pedido de “remédio” que faça o sujeito parar de ser incomodado e/ou de incomodar os outros. Esses, no entanto, são justamente os sinais que podem indicar a presença da depressão que, em nós, têm ainda as seguintes peculiaridades:

  • Abuso de pornografia
  • Dedicação em excesso ao trabalho (o homem se torna um workaholic)
  • Perda de apetite para a vida e da capacidade de tomar decisões
  • Emagrecimento (perda de 5% do peso em cerca de um mês, por exemplo) ou ganho de peso
  • Falta de apetite ou compulsão alimentar
  • Adoção de comportamentos de risco (dirigir em alta velocidade, jogos de azar etc)
  • Maior frequência do consumo de álcool e outros psicotrópicos

Como sair dessa

Infelizmente, eu não posso oferecer nenhuma solução mágica, tampouco remédio milagroso. Mas posso apontar um caminho de cura ou convivência com a depressão (sim, em alguns casos, a doença é crônica). Alguns passos importantes nessa direção incluem:

👉 Procurar ajuda

Deixe que um profissional (psicólogo e/ou psiquiatra) avalie a melhor abordagem para a restauração do seu equilíbrio emocional.

👉 Fique atento aos seus níveis de testosterona

Homens com níveis baixos desse hormônio têm mais risco de desenvolver depressão. A testosterona, afinal, estimula a produção de dopamina, o mediador químico do humor.

👉 Regule seu sono

Noites mal-dormidas elevam o estresse e, assim, podem nos deixar melancólicos.  Aliás, tanto a insônia, quanto o excesso de sono são indícios de depressão. Procure dormir, no mínimo 7 e no máximo 9 horas por noite.

👉 Pratique exercícios

Diversos estudos têm demonstrado que o exercício físico é um poderoso aliado dos antidepressivos no tratamento da depressão.

👉 Cuide da sua alimentação

Há também pesquisas que demonstram como alimentos naturais e integrais como ovos, carne, legumes e frutas auxiliam no processo de recuperação de crises depressivas, assim como  o junk food atrapalha.

Minha última e principal recomendação é: reconheça-se frágil. Como bem define o psicólogo e autor paulista Frederico Mattos: “A depressão masculina é um tipo de lembrete da própria humanidade do homem que é chacoalhado em sua tentativa de se defender dos seus próprios medos.”

3 coisas que você precisa saber sobre esta notícia

Um estudo publicado ontem no periódico científico The Lancet e apresentado no Congresso da European Society of Cardiology mostrou que o câncer é a principal causa de morte nos países ricos, ultrapassando as doenças cardiovasculares – que são a principal causa de mortalidade entre os adultos em todo o mundo.

Esse resultado é um alerta porque, se as tendências atuais persistirem, dentro de poucas décadas, o câncer poderá se tornar a maior causa de mortes em todo o planeta, especialmente se considerarmos que as taxas de doenças cardíacas estão diminuindo em escala global.

E quem afirma isso são os próprios pesquisadores. Segundo os autores do estudo, que são da Universidade Laval de Quebec, no Canadá, essas são evidências de uma nova “transição epidemiológica” global entre diferentes tipos de doenças crônicas.

Dentro dessa realidade, acho importante ponderar três pontos:

  • A expectativa de vida da população tem aumentado muito na maior parte do mundo, especialmente nos países desenvolvidos. Em 1950, por exemplo, a expectativa de vida média global ao nascer era de apenas 46 anos. Em 2015, cresceu para mais de 71. E sabemos que, infelizmente, o risco de desenvolver doenças como o câncer, aumenta com a longevidade.

O fato de o organismo estar permanentemente dividindo suas próprias células já é um fator de risco para o idoso. Isso porque, durante esse processo, é comum que ocorram alterações no material genético que, em condições normais, são corrigidas e eliminadas pelo sistema imunológico. No entanto, nos idosos, isso nem sempre ocorre de forma ideal, o que contribui para o crescimento excessivo e desordenado das células, quadro que leva ao aparecimento do câncer.

Portanto, com o aumento da idade da população, aumenta também o número de diagnósticos dessa doença. E isso nos leva para o segundo ponto.

  • Os diagnósticos estão cada vez melhores, mais precisos e acessíveis e, com isso, as pessoas estão fazendo mais os exames de rotina como a mamografia, o exame de toque retal e a colonoscopia, por exemplo. Até certo tempo atrás, muitas pessoas faleciam antes de descobrirem a causa. Hoje, com o aumento da procura e da realização de exames de diagnóstico, o número de casos registrados também aumenta, consequentemente.
  • O terceiro ponto que eu gostaria de destacar é sobre a queda do número de mortes relacionadas a fatores de risco como obesidade, tabagismo, falta de atividade física. Nos países ricos, as populações estão cada vez mais conscientes da necessidade de melhorar esses hábitos e eles estão totalmente relacionados à doenças cardiovasculares. Essa, portanto, é uma explicação para sua queda. 

De acordo com a pesquisa, habitantes de países pobres têm 2,5 vezes mais possibilidades de morrer vítimas de doenças do coração do que os moradores das nações mais ricas.

Esse fato mostra e prova como é importante insistirmos na conscientização da população sobre a importância de se manter um estilo de vida saudável. As descobertas sugerem que taxas mais altas de óbitos por doenças cardíacas em países de baixa renda podem ser principalmente devido a uma menor qualidade dos cuidados de saúde.

Lembrando que os problemas cardiovasculares estão muito relacionados a fatores como obesidade, colesterol elevado, diabetes… Tudo o que a combinação má alimentação + sedentarismo pode causar (além do tabagismo, claro).

Toda essa questão tem sido mais trabalhada em certas nações. Com políticas públicas de promoção à saúde e uma população bem orientada e educada, a incidência de casos tendem a sofrer um certo impacto.

Algumas medidas que fazem muita diferença é a cobrança de impostos especiais sobre consumo de tabaco e álcool, legislações que impeçam o fumo em ambientes fechados de trabalho e locais públicos, campanhas para reduzir os níveis de sal e gorduras trans nas comidas e programas de conscientização pública sobre como melhorar a dieta e aumentar a atividade física.

Dia Mundial sem Tabaco: Cinco métodos que vão te ajudar a parar de fumar

Se você é fumante, fique tranquilo. Esse post é 100% livre de sermões e julgamentos. Em quase duas décadas de medicina, afinal, pude observar que juízos de valor e abordagens moralizantes ajudaram um total de… zero pessoas. 

A intenção deste texto tampouco é fazer terrorismo. Sim, o cigarro mata, como bem sabemos eu, você e o mundo todo desde os anos 1950, quando estudos consistentes começaram a  comprovar e a alertar para a potencial letalidade do tabagismo. 

Fato é que temos um problema concreto de saúde pública a resolver: segundo dados da OMS, 20% da população mundial fuma, ou seja,1,1 bilhão de indivíduos. O hábito é mais frequente entre homens. Publicada no renomado periódico The Lancet em abril de 2017, uma outra pesquisa – esta, conduzida pela Bill & Melinda Gates Foundation em 195 países de 1990 a 2015 -, constatou que uma em cada quatro pessoas do sexo masculino faz uso de cigarro. Entre as mulheres, o índice é de uma para cada 20.

O mesmo levantamento situou o Brasil nesse contexto. Ocupamos a oitava posição em números absolutos fumantes – 7,1 milhões de mulheres e 11,1 milhões de homens). A boa notícia é que tivemos uma das mais significativas quedas do tabagismo durante o período analisado. Em 25 anos, o país viu a porcentagem de fumantes diários despencar de 29% para 12% entre homens, e de 19% para 8% entre mulheres.

A investigação verificou ainda que o tabaco é responsável por uma em cada dez mortes no planeta, causadas sobretudo por problemas cardiovasculares, acidentes vasculares cerebrais e câncer (incluindo o de próstata). 

Minha maior preocupação, portanto, é em contribuir de forma efetiva para a longevidade e a qualidade de vida de quem ainda fuma.  Por isso trouxe aqui alguns métodos que podem auxiliar nessa difícil empreitada – todos retirados do Manual Pare de Fumar, publicado pelo Ministério da Saúde. Vale a pena tentar! Não desista, ainda que você já tenha feito várias tentativas. O caminho rumo a libertação do cigarro é tortuoso, mas acredite: a vitória é realmente gratificante.

Alternativas para largar o cigarro

O emplastro de nicotina

Tem como objetivo não a substituição do vício pela nicotina, mas tornar os períodos de abstinência mais longos e toleráveis. Age liberando pequenas quantidades de nicotina, o que é de certa forma útil, contrastando com os picos e depressões associadas a outros tipos de medicações, que podem levar a exacerbações dos sintomas de abstinência.

É utilizado diariamente por 3 meses. Costuma ter bons resultados, e normalmente aqueles que falham são os que suspenderam precocemente. Não se trata de uma cura mágica para o vício. Requer força de vontade, e, combinado com esta, é uma ajuda valiosa. Um em cada cinco usuários dedicados consegue se livrar do vício apenas com o emplastro.

Bupropiona

Comercializado com o nome de Zyban, é na verdade um anti-depressivo. É medicação controlada, ou seja, só se consegue comprar com receita apropriada.

Apesar de não ter sido criada para combater o tabagismo, ajuda a controlar os sintomas da abstinência. Possui alguns efeitos colaterais como boca seca e dificuldade para dormir. Tem a vantagem de não conter nicotina, portanto, não vicia.

Chiclete de nicotina

De forma semelhante ao emplastro, o usuário faz uso do chiclete quando sente vontade de fumar, ajudando a reduzir os sintomas de abstinência. Apresenta a vantagem de uma quantidade razoável de chicletes poder ser mascada diariamente (até 24), quando der vontade, mantendo a mente e a boca ocupadas.É tão efetivo quanto o emplastro, e também utilizado por 3 meses. Novamente, é necessária muita força de vontade.

Inalador de nicotina

Trata-se de uma espécie de “cigarro que não precisa ser aceso”, com doses leves de nicotina, e mentol associado. Associa a dosagem controlada de nicotina, à satisfação momentânea do vício (assim como o chiclete), e adicionalmente, há o efeito psicológico em satisfazer o desejo de levar um “cigarro” à boca.  Os resultados são semelhantes aos outros métodos que utilizam doses de nicotina.

Parada abrupta

Algumas pessoas preferem não usar qualquer tipo de terapia ou medicamento para cessar o vício e, assim, optam pela parada imediata. O método consiste em marcar uma data para largar cigarro. A partir desse dia, a pessoa então interrompe o hábito nocivo. Minha sugestão é que os adeptos dessa estratégia procurem acompanhamento psicológico, tratamento que reduz sensivelmente as chances de reincidência no vício. 

Mais uma novidade no horizonte da cirurgia robótica

É impressionante como a cada dia nós nos deparamos com uma novidade diferente no mercado da cirurgia robótica. E como eu estou sempre pesquisando sobre o tema, fico fascinado com as possibilidades que estão no horizonte.

Uma delas é uma nova plataforma que está sendo desenvolvida pela empresa irlandesa Medtronic. A companhia vem trabalhando em um dispositivo que incorpora vários elementos do MiroSure, sistema que surgiu da pesquisa sobre telecirurgia e foi desenvolvido pela ala Robótica e Mecatrônica do Centro Aeroespacial Alemão (DLR).

O sistema MiroSure tem até cinco braços minimamente invasivos assistidos por robô que, ao contrário das demais plataformas, podem ser acoplados aos trilhos da mesa cirúrgica, permitindo reposicionamentos sem desencaixe do robô ou interrupção da cirurgia. 

Cada braço pesa 10 kg, proporciona sete graus de liberdade de movimento e utiliza uma variedade de instrumentos laparoscópicos. O sistema também contém um monitor 3D-HD com óculos 3D e o mecanismo de controle fornece feedback tátil.

Além disso, há outros recursos verdadeiramente exclusivos. Primeiro, os braços contêm um modo controlado por impedância, pelo qual o assistente consegue reposicionar os braços robóticos sem alterar a posição e orientação do efeito final, o que permite que a cirurgia continue ininterrupta. 

Segundo, inclui o AutoPointer, que projeta uma imagem no paciente para guiar o posicionamento ideal da porta para uma cinemática eficiente e sem colisões.

Com tudo isso, seria possível operar um coração batendo, com compensação de movimento e coordenação automática de efetores em sincronia com a sístole / diástole, fornecendo ao cirurgião uma imagem estática do órgão. Esse recurso permanece no estágio inicial da pesquisa, mas demonstra uma interessante aplicação futura do MiroSure.

A licença para uso comercial do MiroSure foi vendida para a Medtronic em 2013. Atualmente, a empresa está desenvolvendo seu décimo protótipo e o sistema robótico deve ser lançado nos próximos dois anos, primeiro na Índia e depois nos Estados Unidos.

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