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Cirurgia robótica: uma tecnologia em constante evolução

A empresa norte-americana Intuitive Surgical tem vivenciado um crescimento contínuo dentro do mercado de cirurgias robóticas. Em meio à crescente concorrência, a companhia conta com uma base instalada de 5.114 sistemas e teve um aumento de 15% em sua receita só no primeiro trimestre de 2019.

E por que isso nos interessa? Porque com o aumento da pressão competitiva de empresas como Stryker, Medtronic e Mazel, a Intuitive Surgical precisa permanecer inovadora para manter essa posição de líder de mercado.

E uma das maiores ameaças à sua hegemonia é a Johnson & Johnson. A Ethicon, subsidiária da empresa, já é importante no mercado de energia cirúrgica e pode criar alternativas favoráveis ​​e acessíveis para hospitais em relação a ofertas de sistemas robóticos. Além disso, a empresa anunciou em fevereiro que está adquirindo a Auris Health, cujo fundador, Fred Moll, também fundou a Intuitive Surgical.

Isso é muito bom porque, à medida que os principais atores entram no mercado e o desenvolvimento da cirurgia minimamente invasiva permite a crescente adoção desses sistemas, cada empresa precisará diferenciar seu portfólio para ter uma vantagem sobre a concorrência.

Portanto, parece certo que o mercado de sistemas cirúrgicos robóticos será significativamente mais competitivo, em poucos anos, do que é hoje. E há uma outra razão, muito importante, que nos leva a acreditar nisso: as tendências demográficas.

O envelhecimento da população está causando impactos em toda a sociedade e, em especial, na área da saúde. Afinal, não é segredo que indivíduos mais velhos tendem a precisar mais dos serviços de saúde, incluindo cirurgias. E muitos dos tipos de procedimentos que tendem a aumentar em volume, à medida que esse envelhecimento acontece, serão contemplados pelos sistemas robóticos.

Há também outra reviravolta nessas tendências: os Millennials, como são chamados os nascidos entre 1979 e 1995. Nos próximos 10 anos, muitas mulheres dessa geração estarão na casa dos 40 anos. E isso importa porque essa é a faixa etária mais comum para histerectomias, que é um dos procedimentos cirúrgicos mais realizados em ginecologia usando o da Vinci.

Vários fabricantes estão entrando na arena da cirurgia robótica projetando sistemas inovadores para certos tipos de procedimentos. Existem agora sistemas robóticos especiais disponíveis para cirurgia cerebral, cirurgia de coluna, orientação em broncoscopia, substituição de articulações… E a lista não para de crescer.

Com isso, reforço a esperança de que a cirurgia robótica seja cada vez mais acessível, tanto para os hospitais quanto para os pacientes. E com essa sinalização de aumento da demanda e também da oferta, acho que podemos nos animar com essa possibilidade.

“Miraram no coração e acertaram na próstata!”

Essa é uma brincadeira recorrente entre os profissionais que trabalham com cirurgia robótica e resume bem a importância que a técnica conquistou na urologia, apesar de o robô da Vinci ter sido idealizado para procedimentos cardiológicos.

Podemos dizer que as características das cirurgias urológicas (extremamente delicadas por se realizarem em áreas de difícil acesso e de campo operatório restrito) “casaram” bem com a precisão proporcionada pelo robô.

Além disso, mais na urologia do que em qualquer outra especialidade, essa precisão tem garantido maior adesão dos pacientes aos tratamentos por cirurgia robótica.

Graças a benefícios como menor tempo de internação e menos riscos de efeitos colaterais importantes, como disfunção erétil e incontinência urinária, no caso do câncer de próstata, vem aumentando a procura pelo procedimento. Embora envolva custos maiores, o paciente que pode arcar com eles tende a considerar que a opção pela cirurgia robótica representa um “investimento” na sua saúde.

O risco de incontinência urinária após cirurgia robótica varia de 2% a 3%. Na cirurgia convencional, o risco é de 6%. Em relação à disfunção erétil, embora fatores pré-cirurgia também interfiram no resultado (idade, obesidade, diabetes etc.), influenciem no resultado, a possibilidade de preservar a função pode variar entre 80% e 90% com a robótica. Em relação à cura do câncer, essa tecnologia também apresenta os melhores resultados.

Mais um dado contundente: segundo a empresa H.Strattner, responsável pela distribuição dos robôs no país, das cerca de 9 mil cirurgias que serão realizadas esse ano, no Brasil, 5 mil são urológicas e 90% delas, de próstata.

Particularmente, considero um privilégio poder contar com a plataforma robótica para cuidar dos meus pacientes, especialmente em procedimentos como a prostatectomia, a cistectomia a nefrectomia parcial. Confira os diferenciais que a plataforma robótica proporciona em cada um deles:

– Na prostatectomia:

A prostatectomia é a remoção cirúrgica da próstata. É realizada em casos de tumores e quando a glândula se torna muito grande, a ponto de restringir o fluxo de urina através da uretra.

Quando realizada por meio da cirurgia robótica (ou prostatectomia radical assistida por robô), oferece grande sucesso em relação à preservação de nervos e da função erétil, com redução significativa na perda de sangue e cicatrização bem mais rápida.

Por isso, a abordagem padrão para todas as prostatectomias passou a ser robótica (sendo que, anteriormente, ela era realizada usando técnicas abertas ou laparoscópicas).

– Na cistectomia:

Cistectomia é como chamamos a remoção cirúrgica de parte ou de toda a bexiga urinária. E, embora seja um procedimento longo e complexo, uma cistectomia robótica permite menos complicações e inconveniências para o paciente.

Isso porque, pela liberdade de movimentos do robô, a reconstrução da bexiga é facilitada e muito mais precisa. Além disso, há redução do tempo cirúrgico, de riscos de sangramentos e de complicações pós-cirúrgicas, assim como das chances de infecções.

– Na nefrectomia:

Já a nefrectomia é a remoção cirúrgica de um rim ou até dos dois rins. E a realização da nefrectomia parcial robótica, além da preservação do rim, oferece benefícios como incisões muito  menores, cicatrizes discretas, menor perda sanguínea sem necessidade de doação ou transfusão de sangue, menos dor, menor uso de analgésicos, alta hospitalar e recuperação mais rápida.

Agora que as técnicas robóticas e laparoscópicas são o método padrão, as nefrectomias abertas, envolvendo dissecções de costelas parciais, já não são mais necessárias.

Para os cirurgiões

E os benefícios também se escancaram para os cirurgiões, que conseguem trabalhar em espaços muito pequenos com um alto grau de liberdade de movimento.

Além disso, a introdução da visão 3D de alta definição proporciona uma ampliação que dá aos médicos a capacidade de ver a anatomia de maneira mais clara e menos ambígua, possibilitando a capacidade de navegação em estruturas críticas com muito mais cuidado e precisão.

As plataformas também permitem que o computador e os algoritmos reproduzam fielmente os os comandos das nossas mãos, punhos e dedos em movimentos precisos, com tremores filtrados. Além disso, as pinças do equipamento alcançam locais em que a mão humana não chegaria, especialmente no caso de cirurgias de pequenos orifícios.

Testículos: Já fez seu autoexame hoje?

Felizmente, não estamos falando de uma doença muito frequente. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA), o câncer testicular representa cerca de 5% de todos os tumores que afetam os homens no Brasil. Falar sobre esse assunto, no entanto, é muito importante por vários motivos.

✔O primeiro deles é que a doença atinge majoritariamente  jovens em idade produtiva – segundo o INCA, rapazes na faixa dos 20 aos 40 anos.

✔O carcinoma é também um dos poucos que partem do princípio de cura e não de sobrevida. Conforme demonstra a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), a chances de cura chegam a 95%, mesmo com metástase instalada.

✔Temos ainda o fato de que, embora rara, a incidência da enfermidade tem aumentado nos últimos anos. Um estudo publicado no Journal of the National Cancer Institute mostrou que, de 1988 a 2008, a prevalência passou de 3,7 casos por 100 mil americanos para 5,4 por 100 mil (as causas do fenômeno ainda não são claras).

✔Trata-se, por fim, de uma neoplasia cujos sintomas podem ser detectadas por meio do autoexame – o que ajuda muito no diagnóstico precoce, situação desejável em qualquer tipo de câncer.

No post de hoje, portanto, minha intenção é ajudar você a entender melhor esse tema, além de ensiná-lo a examinar sua genitália.

O que é como se manifesta o câncer testicular?

Eu sei que você sabe, mas não custa relembrar: testículos são estruturas localizadas dentro da bolsa escrotal. Sua principal função é produzir espermatozóides e testosterona, o hormônio sexual masculino.

O câncer nessa região pode pertencer a dois grandes tipos: germinativo não seminomatoso, de caráter mais agressivo, e o tumor germinativo seminomatoso, de crescimento mais lento. Há ainda uma terceira variedade bem mais rara, constituída por linfomas, sarcomas e pelo tumor de Sertoli e Leydig.

As causas da doenças ainda são um tanto misteriosas para a ciência. Sabe-se, porém, que alguns fatores de risco podem estar associados ao seu aparecimento. O mais comum é a criptorquidia, isto é, a permanência do testículo fora da bolsa escrotal depois do nascimento. Outros elementos relacionados são algumas síndromes genéticas raras, traumas crônicos, infecção por HIV e história da doença no passado. Alguns estudos mostram risco ligeiramente maior em pessoas com histórico familiar de câncer de testículo.


O tumor é normalmente sentido na forma de nódulo ou massa rígida, que cresce e fica perceptível ao ver ou apalpar o saco escrotal (frequentemente, do lado direito) e seus arredores. Pouquíssimos pacientes apresentam dor aguda nos testículos – geralmente provocada por hemorragia interna nesse órgão. Dor nas costas, tosse, edema indicam metástases decorrentes do avanço da doença.

Autoexame e diagnóstico

Embora a presença do tumor testicular nem sempre seja sempre perceptível, o ideal é que os homens realizem mensalmente o autoexame da genitália, a fim de detectar os sintomas da doença. Simples, o procedimento não costuma levar mais que cinco minutos. Para fazê-lo, basta ficar de pé, em frente ao espelho e procurar por alterações visíveis na região. Depois, é preciso examinar cada testículo com as mãos e os dedos, bem como identificar o epidídimo – canal pelo qual o transporte do esperma acontece – para diferenciá-lo de nódulos. Ao fim do post tem um passo a passo bem detalhado sobre o método 😉

Qualquer alteração deve ser relatada ao seu médico. No consultório, o protocolo é a realização do exame físico, seguido de solicitação de exames. O mais importante é a ultrassonografia, que, além de revelar a existência do tumor (muitas vezes, em  estágio não não palpável), aponta sua relação com os órgãos vizinhos.

Testes laboratoriais também estão no pacote, sobretudo os que avaliam marcadores tumorais como Beta HCG, DHL, e alfa-fetoproteína. A tomografia pélvica e do abdômen e os raios X são comumente solicitados no pré-e pós operatório.

Tratamento

O tratamento do câncer de testículo é, principalmente, cirúrgico. O que o cirurgião faz é retirar o testículo afetado, substituindo-o por uma prótese de silicone. Desde que um dos órgãos seja preservado, a operação não afeta permanentemente a fertilidade, tampouco a sexualidade.

Em alguns ocasiões – bem mais raras, por sinal – há necessidade de remoção dos dois testículos. A capacidade de ter filhos, nesse caso, pode se garantida através do congelamento do esperma. Já para manter a normalidade da função sexual, o paciente passa a fazer reposição de testosterona sob orientação médica.

A presença ou não de metástases determinará a necessidade de tratamentos adjuvantes como radioterapia e quimioterapia. A literatura médica recomenda que, mesmo nos casos de infertilidade temporária, a pessoa só tenha filhos dois anos após o término do tratamento quimioterápico.

Passo a passo do autoexame dos testículos

Como fazer

  • De pé, em frente ao espelho, verifique a existência de alterações em alto relevo na pele do escroto.
  • Examine cada testículo com as duas mãos. Posicione-o entre os dedos indicador, médio e polegar e movimente-o. Você não deve sentir dor. Não se assuste se um dos testículos parecer ligeiramente maior que o outro — é normal.
  • Procure o epidídimo — pequeno canal localizado atrás do testículo e que coleta e carrega o esperma. Isso é importante para se familiarizar com tal estrutura e não confundi-la como uma massa suspeita.

O que procurar

  • Qualquer alteração no tamanho dos testículos
  • Sensação de peso no escroto
  • Dor no abdômen inferior, na virilha, nos testículos ou no escroto
  • Líquido que sai do escroto.

Já imaginou se o médico pudesse controlar pequenos robôs inseridos em você?

Imagine a cena: em uma sala de cirurgia, os médicos preparam um paciente para a operação. Eles fazem uma pequena incisão, do tamanho de uma polegada, e inserem um pequeno robô no corpo dele.

Enquanto isso, em outra cidade, um cirurgião coloca um headset de realidade virtual, pega seus controladores e se prepara para operar o paciente. Aquele mesmo, que recebeu o robô na sala de cirurgia.

Parece bem confuso, né? Coisa de algum filme de ficção científica. Mas uma empresa chamada Vicarious Surgical, financiada pelo bilionário Bill Gates, quer tornar essa cena uma realidade.

A companhia anunciou seu trabalho de desenvolvimento de uma tecnologia que mistura realidade virtual com a possibilidade de médicos realizarem cirurgias a longas distâncias, permitindo maior precisão durante os procedimentos com o uso de controles e uma visão mais próxima da realidade.

O objetivo é criar aparatos robóticos, com câmeras, que possam ser introduzidos no paciente e controlados remotamente pelo cirurgião, possibilitando todos os movimentos e oferecendo uma visão realista por meio da realidade virtual.

Traduzindo, a grosso modo, a sensação que o médico teria é de, ele próprio, ter sido encolhido e tivesse trabalhando de dentro do paciente, olhando em volta e vendo todos os detalhes de perto. Assim, ele não ficaria confinado ao trabalho apenas em torno dos locais de incisão.

Assim, a empresa une o trabalho cirúrgico com aquilo que pode ser encontrado em jogos de videogame, com o médico controlando robôs e vendo tudo pelos “seus olhos”.

Pequenos robôs humanóides

Os robôs, chamados pelos fundadores de “pequenos robôs humanóides”, já estão em testes. Eles têm dois braços e uma câmera posicionada acima dos “ombros”, medindo apenas alguns centímetros de largura.

Usando esse robô motorizado, um cirurgião poderia controlar remotamente os seus movimentos para operar um paciente, não importando se ele estiver em outra sala ou até mesmo a centenas de quilômetros de distância. Tudo o que ele precisaria para fazer isso é de uma excelente conexão à internet.

A missão dos fundadores da Vicarious Surgical e seus investidores é reduzir o custo de cirurgias de maior impacto e o acesso aos melhores cirurgiões por meio de tecnologias remotas.

Até o momento, a empresa já arrecadou US$31,8 milhões (aproximadamente R$118,9 milhões) para auxiliar no desenvolvimento da tecnologia, que ainda pode ser aplicada em diferentes campos além da medicina.

É tudo muito impressionante, não?

Viver mais ou enfrentar menos efeitos colaterais do Tratamento do câncer?

Um estudo do Imperial College London mostrou que muitos homens preferem correr maior  risco de morte a enfrentar possíveis efeitos colaterais (incontinência e impotência) decorrentes do tratamento contra o câncer de próstata.

Os pesquisadores conversaram com 634 homens que tinham recebido, recentemente, o diagnóstico de câncer de próstata. Em todos os casos, o tumor ainda não havia se espalhado. A maioria (74%) tinha tumor de baixo ou médio risco e os demais (26%), de alto risco.

Após o diagnóstico, os pesquisadores propuseram dois tratamentos hipotéticos aos pacientes. As alternativas eram diferentes em termos de impacto na sobrevivência, incontinência urinária, impotência sexual, tempo de recuperação e probabilidade de necessitar de tratamento adicional. Em seguida, eles deveriam escolher uma das opções.

 

Os resultados

Os resultados mostraram que, entre obter uma melhoria de 1% na chance de manter a função urinária ou 0,68% de chance na melhora de sobrevida, os homens tendiam a escolher a primeira opção.

A mesma decisão se repetiu quando as opções eram a chance de 0,41% de melhora na sobrevida ou uma probabilidade 1% maior de não precisar de mais tratamento.

Por fim, para ter 1% a mais de chance de conseguir ereções, eles se mostraram dispostos a desistir de melhorar, em 0,28%, a chance de sobrevida.

Ou seja: os homens querem ter uma vida longa, mas se mostraram dispostos a aceitar uma menor sobrevivência se o risco de efeitos colaterais do tratamento for baixo.

Os resultados mostram que precisamos, cada vez mais, oferecer alternativas de tratamento que reduzam o dano ao paciente e limitem o impacto dos efeitos colaterais na qualidade de vida deles, além, é claro, de aumentar a sobrevida.

E são exatamente estes os principais benefícios da cirurgia robótica. Afinal, além de minimamente invasiva, ela conta com a maior precisão dos movimentos,  permitindo incisões mais seguras, com menor risco de lesão a nervos e vasos sanguíneos importantes para a função erétil e urinária.

Essas incisões machucam menos os tecidos, deixam menos sequelas e garantem menor risco de hemorragias, possibilitando um pós-operatório bem mais tranquilo com menos dores, menos infecções e inchaços e tempo reduzido de recuperação pela preservação da integridade dos órgãos envolvidos.

 

Riscos

É claro que ainda há riscos. Mesmo que pequenos, eles existem e variam de acordo com a idade, com a qualidade da função erétil antes da operação e do tamanho e extensão do câncer encontrado.

⠀Mas com os avanços das técnicas, esses danos têm se tornado cada vez mais raros. Tanto que, até os 60 anos de idade, as chances de recuperação do mesmo nível de ereção de antes da cirurgia chegam a 70%!

Lembrando que o câncer de próstata é o sexto tipo mais comum de câncer no Brasil e o segundo mais frequente em homens, após os tumores de pele, segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca).

A doença mata um brasileiro a cada meia hora e a principal razão para isso é o diagnóstico tardio. Segundo dados da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), 20% dos pacientes são diagnosticados em estágios avançados, o que diminui bastante as chances de cura.

da Vinci SP®: um dos robôs mais populares da Intuitive Surgical

Em 1999 chegava ao mercado americano o primeiro robô Da Vinci. A inovação tecnológica que revolucionaria operações de diversas especialidades – em especial as urológicas.

Hoje, 20 anos depois, já contamos com quatro gerações dos sistemas cirúrgicos da Vinci. Uma das plataformas mais utilizadas é o da Vinci SP. Talvez, ela seja até a mais onipresente, uma vez que foi especialmente projetada para possibilitar acesso profundo e estreito aos tecidos.

A tecnologia oferece visão 3D ampliada, de alta definição e instrumentos minúsculos de pulso (ou seja, tesouras, bisturis e pinças) que alcançam até 24 cm de profundidade e podem girar e dobrar muito mais que qualquer mão humana. O equipamento conta, ainda, com câmera cirúrgica miniaturizada, projetada para ajudar a fazer dissecções e reconstruções mais precisas no interior do corpo.

Na prática, isso significa uma capacidade de entrar no corpo através de uma única incisão, muito pequena, ou através de um orifício natural, oferecendo uma experiência minimamente traumática para o paciente até em procedimentos mais complexos.

O sistema cirúrgico da Vinci SP pode ser utilizado em procedimentos de prostatectomia radical, pieloplastia, nefrectomia e nefrectomia parcial, exigindo do corpo uma menor resposta ao trauma.

Falando em procedimentos, é interessante observar que, apesar de a urologia ser a especialidade que mais realiza cirurgias robóticas, principalmente no tratamento de tumores na próstata e no rim, várias outras especialidades também têm utilizado esta tecnologia, como a ginecologia, a cirurgia geral e a coloproctologia.

Existem vários modelos do sistema cirúrgico da Vinci, mas é importante lembrar que nenhum deles é programado para realizar cirurgias por conta própria. Em vez disso, o procedimento é realizado inteiramente por um cirurgião, que controla todo o sistema.

O novo remédio que promete controlar o câncer de próstata

Os resultados têm sido interessantes: redução dos níveis de PSA no sangue e adiamento do desenvolvimento de metástases em casos de câncer de próstata.

Falo da Darolutamida, a mais recente descoberta de opção terapêutica que promete controlar a doença e que vem sendo estudada desde 2014 em 1.509 homens, de 40 países, com contribuições de 409 centros de pesquisa.

Ainda em caráter experimental e com prazo de aprovação indefinido, a droga também tem sido utilizada aqui no Brasil, no tratamento de cinco pacientes oncológicos voluntários de Fortaleza, no Ceará.

Eles estão sendo acompanhados no Instituto do Câncer do Ceará (ICC) e todos têm histórico clínico semelhante: passaram por cirurgia ou radioterapia, mas o câncer voltou a se manifestar de forma mais acentuada com elevação do PSA. É justamente nessa fase que a metástase acontece mais rapidamente.

Os voluntários brasileiros, que começaram a tomar o remédio em 2016, apresentaram bons resultados após três anos de tratamento, levando 40 meses para desenvolver metástase. Já os homens que não utilizaram o comprimido alcançaram essa fase em 18 meses.

Além disso, a Darolutamida mostrou efeito também na redução do PSA em 90% dos casos analisados e causou menos adversidades cognitivas nos pacientes, como alteração de memória, convulsões, fraqueza e quedas.

Os voluntários tomaram um comprimido via oral por dia e retornaram ao consultório a cada 16 semanas, com exames de imagem (tomografia de tórax, abdome e pelve), cintilografia óssea e exames laboratoriais atualizados.

O próximo passo é encaminhar o remédio para o processo de aprovação da Anvisa assim que houver a liberação nos Estados Unidos, que é o país que coordena a pesquisa. Um processo que pode demorar até cinco anos para ser finalizado.

Além disso, a Darolutamida deve seguir o mesmo caminho de outros remédios descobertos para o tratamento do câncer de próstata: ser disponibilizado apenas a usuários de plano de saúde via decisão judicial.

Resta aguardar.

STAR: o robô cirurgião que escolhe, sozinho, a técnica mais apropriada para cada operação

Há alguns dias, eu contei aqui no blog 5 coisas que a Inteligência Artificial pode mudar na medicina. Como eu disse, essa tecnologia permite que computadores sejam treinados para cumprir funções específicas ao processar grandes quantidades de dados, reconhecendo padrões neles.

O potencial é tamanho que um robô cirurgião conseguiu, sozinho, costurar duas partes do intestino de um porco com sucesso.

Isso mesmo: sozinho. É o STAR (Smart Tissue Autonomous Robot – Robô Autônomo Inteligente para Tecidos), robô cirurgião que promete realizar, de forma autônoma, procedimentos até nos tecidos moles mais delicados.

Desenvolvido nos Estados Unidos, esse robô tem um nível de independência bem mais elevado que os robôs cirurgiões atuais, que já são muito utilizados especialmente na urologia (e que eu vivo falando sobre por aqui).

O segredo está na combinação visão + programação + banco de dados + técnica cirúrgica, que permite que o STAR tenha, inclusive, poder de decisão. Entenda:

 

Visão

Nós, cirurgiões, usamos a visão para verificar o estado do tecido. O robô também. Ele é equipado com câmeras 3D com sistema de visão noturna que permitem identificar, com detalhes, toda a área que será operada. Com essas informações visuais, ele consegue acessar o banco de dados e definir a técnica cirúrgica mais adequada para cada caso.

 

Programação + banco de dados

Essa parte equivale à mente do cirurgião, que é a fonte de conhecimento para tomada de decisões. O STAR não é dotado de um sistema de redes neurais ou qualquer coisa assim, mas foi programado para realizar diversas técnicas cirúrgicas e é dotado de um poderoso banco de dados, que é a parte inteligente do robô.

É por meio dele que o equipamento consegue escolher a técnica mais apropriada para cada operação, sem que ninguém indique quais movimentos ele deve executar.

 

Técnica cirúrgica

Como eu acabei de mencionar, o STAR foi programado para realizar diversas técnicas cirúrgicas. E, para isso, ele conta com uma espécie de braço mecânico equipado com um sensor que mede tensão e força para realizar suturas ou cortes com bastante precisão.

 

O teste

Tudo isso se mostrou eficaz durante uma cirurgia em que o STAR conseguiu juntar, com absoluto sucesso, duas partes do intestino de um porco.

A máquina alcançou o desempenho de outras técnicas de cirurgia em questão de posicionamento de agulha, espaçamento entre os pontos e tensão, quantidade de erros e possibilidade de a sutura se romper.

Os autores do experimento, liderados por Peter Kim, do Sistema Nacional de Saúde Infantil de Washington, relataram que o robô conseguiu superar até mesmo operações feitas via laparoscopia e cirurgias assistidas por robôs não-autônomos.

O que é impressionante, visto que o abdômen de um mamífero é macio, deformável, delicado e contém vasos sanguíneos e órgãos com grande risco de dano durante a cirurgia. Sendo assim, o STAR conseguiu executar várias tarefas simultaneamente, conseguindo minimizar o risco de danos colaterais.

O robô conseguiu “ver” o ambiente em que estava trabalhando, “sentir” as características do tecido sobre o qual estava operando e “reagir” às mudanças ambientais que ocorreram.

 

Porém…

Isso não sinaliza a extinção dos cirurgiões. Até mesmo porque o robô recebeu auxílio humano para a realização de certas tarefas e cada movimento foi monitorado pelos especialistas,

Além disso, o projeto foi desenvolvido para o robô ter autonomia supervisionada. Ou seja, para estar o tempo todo acompanhado por médicos. Afinal, máquinas podem quebrar, sofrer os efeitos de uma oscilação na rede elétrica ou, por falha de programação, realizar um procedimento inadequado.

A ideia é que o STAR seja usado para expandir a capacidade humana, e não substituí-la.

É muito importante entender e ter sempre em mente que nada substitui, nem nunca substituirá, o papel fundamental do médico. Nenhum robô, por mais desenvolvido que seja, consegue ter o tato e o contato humano que o médico tem (e precisa ter!) com o paciente.

Outro ponto é que tudo ainda é novidade. Sim, a tecnologia avança de maneira muito rápida. Mas ainda vai demorar até que esse tipo de tecnologia esteja totalmente desenvolvida e disponível para os hospitais do mundo todo.

Muita coisa ainda precisa ser estudada, discutida, viabilizada e definida. E, como eu já disse aqui no blog, o jeito é aguardar (e nos preparar para) o que o amanhã nos reserva.

5 coisas que a IA pode mudar na medicina (e como isso vai afetar a sua vida)

Se tem uma área que se beneficia com as tecnologias de ponta, é a medicina. Conceitos que, há poucas décadas, eram vistos apenas como “coisa de ficção científica”, vêm se tornando comuns em uma velocidade incrível!

É o caso da inteligência artificial (IA), que possibilita que máquinas aprendam com experiências, se ajustem a novas entradas de dados e realizem tarefas como seres humanos.

Os computadores podem ser treinados para cumprir funções específicas ao processar grandes quantidades de dados, reconhecendo padrões neles.

Com isso, as possibilidades de aplicação dessa tecnologia no campo da medicina são várias e impactantes, podendo mudar, em pouco tempo, a nossa relação com os serviços de saúde. Confira alguns exemplos:

 

1 – Consultas e triagens

É verdade que hoje em dia já é possível acessar prontuários digitais, via computadores. Mas, com a IA, os dados podem ser preenchidos em poucos segundos por biometria (reconhecimento de rosto e voz).

Além disso, por meio dela, os sistemas podem tomar decisões assertivas sobre quais perguntas fazer. Eu explico: em vez de seguir cegamente uma lista de verificação, esses sistemas de consulta digital ​​aprendem com milhões de arquivos de casos reais para fazer perguntas realmente relevantes para cada paciente.

Assim, os algoritmos médicos podem também determinar a gravidade do problema. Um exemplo: se você chegar ao hospital com falta de ar repentina pela primeira vez,  o computador irá considerar que você deve ser atendido antes de um asmático, já que, no caso dele, uma ocorrência do tipo é algo comum, menos urgente e mais recorrente. Entendeu?

 

2 – Radiologia e imagens

A radiologia é a forma de medicina que lida com imagens: raios-x e ultrassonografias, tomografias e ressonâncias magnéticas. É uma área que demanda bastante tempo e experiência dos profissionais, que precisam ​​analisar minuciosamente um grande volume de material.

Com a IA, por meio da visão computacional, os sistemas podem ser treinados para examinar radiografias ou outras digitalizações e aplicar uma técnica chamada deep learning (aprendizado profundo) para entender o que as imagens mostram. E, se tem uma coisa que a inteligência artificial sabe fazer bem, é ficar de olho em imagens para detectar padrões.

Como os resultados da detecção da IA ​​podem ser enviados para um médico, para que haja uma checagem final, essa solução já está em uso em alguns hospitais. O Centro Médico da Universidade de Rochester, em NY, por exemplo, usa essa tecnologia para ajudar a identificar e priorizar casos críticos.

Um sistema criado na França e na Alemanha já detecta câncer de pele com 95% de precisão. Já um sistema da DeepMind, do Google, é capaz de detectar com precisão superior a de médicos mais de 50 tipos de doenças dos olhos. O futuro já chegou!

 

3 – Medicina personalizada: diagnóstico mais rápido e preciso

Medicina personalizada é uma abordagem de cuidados de saúde em que os diagnósticos e tratamentos são altamente adaptados para atender a história pessoal e familiar do paciente, bem como seus fatores de risco específicos e genética.

À medida que mais e mais dados são coletados e analisados ​​pela IA, é fácil afirmar que a medicina personalizada se tornará um padrão, e não uma alternativa. Uma das aplicações da inteligência artificial nesse contexto se dá no estágio de diagnóstico: um sistema pode ser capaz de analisar o genoma de uma pessoa e determinar quais tratamentos podem ser ​​mais eficazes para cada caso.

 

4 – Robôs cirurgiões

Quem me acompanha já sabe que as soluções robóticas para cirurgias já existem há anos. Mas estamos falando aqui de robôs autônomos, que podem suturar pontos e remover tumores com extrema precisão e, consequentemente, menos danos aos tecidos circundantes. Além disso, muitos desses procedimentos robóticos podem ser realizados por laparoscopia, tornando a cura muito mais rápida e reduzindo o risco de infecção.

Mas esse é um nível totalmente elevado de uso da inteligência artificial. Sim, já existe e vários testes com robôs autônomos já foram realizados (com resultados bem sucedidos, inclusive). Mas o processo de aprovação desses cirurgiões robóticos é muito maior e mais complexo do que para as plataformas robóticas, que já nos ajudam tão brilhantemente.

Além do mais, nada, absolutamente nada, substitui o contato humano que o médico tem (e precisa ter!) com o paciente.

 

5 – Segurança cibernética

É fato que estes novos desenvolvimentos da IA ​​nos cuidados de saúde trarão imensos benefícios para médicos, hospitais e pacientes. Mas nem tudo são flores: eles também trazem novos riscos em termos de segurança. A diferença é que a própria inteligência artificial pode ajudar a fornecer saídas para isso.

Soluções avançadas podem usar machine learning (análise de dados que automatiza a construção de modelos analíticos) para entender o comportamento normal da rede e identificar e bloquear qualquer atividade anômala que possa indicar vulnerabilidade ou ataques.

Além dessa questão de segurança (que é muito, muito mais complexa do que o que eu expliquei aqui), ainda existem questões legais a serem consideradas para a implementação definitiva da IA em aplicações mais profundas.

Afinal, quem seria responsabilizado por um erro médico realizado por um robô/algoritmo? O hospital que comprou a máquina, o médico que sugeriu a compra, a indústria que a forneceu, ou os engenheiros que a projetaram?

Muita coisa ainda precisa ser estudada, discutida, viabilizada e definida. Mas, como eu disse, as mudanças estão acontecendo em uma velocidade impressionante. E, o que hoje parece coisa do futuro, amanhã já pode fazer parte da nossa rotina diária. Afinal, não foi assim com a cirurgia robótica?

O jeito é aguardar (e nos preparar para) o que o amanhã nos reserva!

Cientistas estão usando nano robôs para combater o câncer

Mais uma prova alto nível que a ciência atingiu, especialmente na medicina:

Cientistas chineses e estadunidenses criaram robôs feitos a partir de DNA que são minúsculos, autônomos e que podem entrar no corpo humano para rastrear e destruir células cancerosas.

 

Como funciona

Os nano robôs são injetados por via intravenosa e, uma vez dentro da corrente sanguínea, são programados para procurar por tumores, sem agredir nenhuma célula saudável durante a trajetória.

Quando eles encontram, liberam drogas dentro das células cancerosas, interrompendo o fluxo de sangue e, consequentemente, provocando sua morte.

 

Testes

Os pesquisadores fizeram testes em camundongos doentes com câncer de mama, de pele, de ovário e de pulmão. Em 48 horas, os robôs haviam adentrado com sucesso as células vasculares dos tumores, causando coágulos sanguíneos e, efetivamente, matando o câncer.

Notavelmente, eles não causaram coagulação em outras partes do corpo, apenas nas células que estavam entre os alvos a atacar.

A técnica ainda não foi testada em humanos. Mas, nas dezenas de ratos e pelo menos nove porcos estudados, o índice de sobrevivência dobrou. Em três de oito casos de ratos com câncer de pele, o tratamento levou à regressão completa do tumor.

Os testes provaram que a inovação não afeta a circulação sanguínea nem a morfologia das células. Também não há evidências de que as máquinas microscópicas se espalharam para o cérebro das cobaias, onde poderiam provocar efeitos colaterais como derrame, por exemplo.

Os estudos continuam, e a expectativa é de que a tecnologia possa ser usada em outros tipos de câncer, já que os vasos sanguíneos dos tumores são essencialmente os mesmos.

Os nano robôs foram desenvolvidos por cientistas da Universidade Estadual do Arizona, em colaboração com o Centro Nacional de Nanociência e Tecnologia (NCNST) da China.

O estudo também incluiu membros da Academia Chinesa de Ciências, da Universidade Jilin, Universidade de Pequim e Universidade Jinan (China) e do Instituto de Pesquisa Médica QIMR Berghofer (Austrália).

A pesquisa foi publicada na revista científica Nature, após cinco anos de desenvolvimento.

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