“Você toma pílula?”. Desde a revolução sexual dos anos 1960 – fenômeno marcado pela chegada da pílula anticoncepcional feminina ao mercado -, estamos bem (ou mal) acostumados a fazer essa pergunta a nossas parceiras sexuais. Muito em breve, teremos que nos habituar não só a ouvir o mesmo questionamento como a estabelecer novas negociações e acordos com as mulheres com as quais nos relacionamos.
Preparem-se, senhores, para discutir com o médico o método mais adequado para se evitar uma gravidez indesejada, carregar “cartelinhas” timbradas com os dias da semana na carteira, ou mesmo para passar algumas madrugadas em claro, tentando puxar pela memória se, naquele dia em que a camisinha estourou durante a transa, você se lembrou de tomar o “abençoado comprimidinho”. , O contraceptivo masculino, afinal, já é uma promessa prestes a ser cumprida pela ciência
A novidade foi anunciada por duas respeitadas universidades americanas. Uma delas é a Universidade de Washington, em Seattle. Cientistas da instituição apresentaram ao mundo, há menos de 15 dias, a dimethandrolone undecanoateou – ou apenas DMAU. De acordo com os pesquisadores, a pílula anticoncepcional feita para homens vem passando nos testes de eficácia e segurança “com louvor”.
A última etapa do estudo envolveu cem homens com idade entre 18 e 50 anos, que receberam cápsulas com formulações e doses diferentes (100, 200 e 400 miligramas). Eles tiveram que tomá-las por 28 dias, na hora das refeições.
Os participantes que ingeriram a maior dose testada (400 miligramas) tiveram supressão considerada marcante dos hormônios necessários à reprodução. Isso, sem os efeitos colaterais encontrados em tentativas anteriores, como inflamações no fígado ou perda do desejo sexual.
Já no Instituto Nacional de Saúde Infantil e Desenvolvimento Humano (Nichd) dos Estados Unidos, os esforços se concentram no desenvolvimento de um gel contraceptivo. A substância bloqueia a produção de esperma no corpo humano por cerca de 72 horas e deve ser aplicada nos braços e costas todos os dias, por pelo menos quatro meses. Os testes começam a ser feitos agora em abril, com 400 casais que serão acompanhados por quatro anos. As mulheres também são orientadas a usar contraceptivos (normas de ética em pesquisas, afinal, incluem limitar riscos aos envolvidos). Neste período, os pesquisadores vão monitorar os níveis de espermatozoide dos homens, que devem cair a menos de um milhão por mililitro, para prevenir a gravidez de maneira eficaz.
Mal posso esperar para ver chegada desses novos tempos, em que meu consultório passará a ser frequentado por homens e mulheres que dividem a mesma responsabilidade quando o assunto é a contracepção. E vocês, o que me dizem?
Roberto
Muito bom. Mais do que uma nova solução contraceptiva, a ciência contribui para evoluirmos na busca por igualdade de gênero.
Leandro
Fenomenal! Dá o poder ao homem de saber quando não quer engravidar para uso em relacionamentos estáveis em que não há o uso de preservativo.
Francisco W
Dr. Pedro Romanelli
Sempre trazendo progressos no tratamento urológico, tanto na área dos medicamentos, quanto na cirurgia videolaparoscópica e robótica
Parabéns.
Vinicius Mundim Zucheratto Figueiredo
Muito bom texto! Bem vindo à blogosfera, Dr. Pedro.
Os contraceptivos masculinos teriam utilidade também para aqueles casos em que o homem perde a fertilidade devido ao câncer, por exemplo, prevenindo uma “surpresa” no retorno inesperado dela após alguns anos.
António Carlos de Rezende Mansur
Parabéns por mais este canal de comunicação . Assim coloca seu talento e conhecimento a serviço de seus pacientes e de todos. Forte abraço.