Pedra nos rins (ou cálculo renal) é uma condição comum, mas muitas vezes subestimada. Muitos pacientes só percebem o problema quando a dor já se torna insuportável – e o atendimento médico urgente é necessário. Mas o corpo costuma dar sinais antes disso. O problema é que esses sinais nem sempre são óbvios ou fáceis de relacionar com os rins.

Neste artigo, vamos falar sobre os primeiros sintomas que muita gente ignora, explicar por que a pedra se forma e o que fazer para tratar e prevenir novos episódios. Afinal, quando o assunto é cálculo renal, informação é alívio – e, muitas vezes, prevenção.

 

O que são pedras nos rins? 

A pedra nos rins, também chamada de cálculo renal ou litíase urinária, é uma massa sólida formada por cristais que se acumulam no trato urinário. Ela pode se originar nos rins, nos ureteres (canais que ligam os rins à bexiga) ou até mesmo na bexiga.

Esses cristais se formam a partir de substâncias presentes na urina, como cálcio, ácido úrico, oxalato e fosfato. Quando a concentração dessas substâncias está alta e a hidratação é baixa, a urina se torna mais propensa a formar depósitos sólidos.

Por que ela aparece?

Vários fatores podem aumentar o risco de desenvolver pedra no rins:

  • Baixa ingestão de água
  • Consumo excessivo de sal, proteína animal ou alimentos ricos em oxalato (como espinafre, chocolate e nozes)
  • Histórico familiar
  • Distúrbios metabólicos
  • Infecções urinárias frequentes
  • Uso de certos medicamentos
  • Doenças como gota ou hiperparatireoidismo

 

Os primeiros sinais que ninguém te conta

Quando falamos em pedra nos rins, o que logo vem à cabeça é aquela dor aguda e intensa, a famosa cólica renal. Mas antes de chegar a esse ponto, o corpo costuma avisar que algo está errado.

Veja abaixo os primeiros sinais que muitas pessoas ignoram, mas que podem indicar o início da formação de cálculos:

  1. Dor lombar ou abdominal leve e recorrente 

    Pode parecer apenas uma dor muscular, um “peso” nas costas ou nas laterais do abdômen. Essa dor é intermitente e costuma ser ignorada, especialmente por quem passa muito tempo sentado ou pratica atividade física intensa.

  2. Cólicas leves ou sensação de pressão

    Algumas pessoas sentem cólicas que não chegam a ser incapacitantes, mas vêm acompanhadas de desconforto abdominal, sensação de peso ou estufamento. É um sinal precoce de que o sistema urinária está trabalhando com dificuldade.

  3. Náuseas e vômitos sem causa aparente 

    Quando os rins estão sobrecarregados ou inflamados, o corpo pode responder com náuseas. Se vier acompanhada de dor lombar, acenda o alerta.

  4. Ardência ao urinar

    Sentir dor, queimação ou desconforto ao urinar pode indicar que uma pedra está se movimentando no trato urinário ou causando irritação na mucosa.

  5. Sangue na urina (mesmo que em pequena quantidade)

    A urina rosada, avermelhada ou com presença de pequenos traços de sangue pode indicar que uma pedra está ferindo o canal urinário. Mesmo que isso ocorra uma única vez, é essencial investigar.

  6. Urina turva ou com odor forte

    Alterações na cor, consistência ou cheiro da urina podem ser sinais de infecção ou inflamação. Também indicam que a composição química da urina está alterada – o que favorece a formação de cálculos.

  7. Aumento da frequência urinária 

    Urinar muitas vezes ao dia, mesmo sem ingerir muito líquido, pode ser um sinal de irritação do trato urinário por um pequeno cálculo.

Por que é importante reconhecer esses sinais cedo? 

Quando mais cedo você identificar que algo está fora do normal, maior a chance de intervir antes que a dor se torne incapacitante.

Uma pedra pequena pode ser eliminada naturalmente com aumento da ingestão de líquidos e acompanhamento médico. Já uma pedra maior pode exigir medicação, internação ou até cirurgia. Reconhecer os sinais precoces pode evitar um sofrimento desnecessário e complicações mais graves, como infecções ou obstruções renais.

Quando procurar um médico?

Procure atendimento se você:

  • Sentir dor nas costas ou na lateral do abdômen sem causa clara
  • Apresentar sangue na urina
  • Tiver febre, náuseas ou vômitos frequentes
  • Urinar com dor ou notar mudanças na urina (cor, cheiro, espuma)
  • Já teve pedra nos rins anteriormente

Como é feito o diagnóstico? 

O diagnóstico de pedra nos rins pode ser feito por meio de:

  • Exame de urina: identifica sangue, infecção ou cristais
  • Ultrassonografia abdominal: detecta a presença de cálculos
  • Tomografia computadorizada: o exame mais sensível para localizar pedras e avaliar tamanho e localização
  • Raio-X ou urografia: podem complementar o diagnóstico, em alguns casos.

E o tratamento?

O tratamento depende do tamanho, tipo e localização da pedra:

  • Pedras pequenas: geralmente eliminadas espontaneamente com aumento de ingestão de água e uso de medicamentos para dor e relaxamento dos músculos urinários.
  • Pedras médias ou grandes: podem exigir procedimentos como litotripsia (quebra da pedra por ondas de choque), ureteroscopia ou cirurgia minimamente invasiva.
  • Casos mais graves: em que há infecção, obstrução ou comprometimento renal, pode ser necessário internação hospitalar imediata.

 

Como prevenir?

A melhor maneira de evitar novos episódios é entender o que causou a formação de pedra e adotar hábitos saudáveis:

  • Beba bastante água (pelo menos 2 a 3 litros por dia)
  • Reduza o consumo de sal, carnes vermelhas e alimentos ultraprocessados
  • Consuma frutas e vegetais ricos em potássio e magnésio
  • Evite exagero em alimentos ricos em oxalato, como chocolate, espinafre, beterraba e nozes
  • Mantenha o peso corporal saudável
  • Faça acompanhamento regular com seu médico, especialmente se já teve cálculo renal

 

Convivendo com o medo da dor: o impacto emocional da pedra nos rins

Embora a dor física seja o sintoma mais marcante, o impacto emocional da pedra nos rins também merece atenção. O medo de novas crises, a insegurança com a alimentação e a frustração com os cuidados podem causar estresse, ansiedade e até insônia.

É comum que pacientes que já sofreram crises fortes desenvolvam um receio constante que “a qualquer momento a dor volte”. Por isso, o acompanhamento médico e a orientação nutricional devem vir acompanhados de acolhimento psicológico e escuta ativa.

Podemos concluir que a pedra nos rins pode parecer um problema simples, até que ela apareça. E quando aparece, é um lembrete doloroso que o corpo precisa ser ouvido com atenção.

Não espere pela cólica intensa para procurar ajuda. Dor leve nas costas, urina diferente, náuseas persistentes: tudo isso pode ser sinal de que algo não vai bem com os seus rins.

Informação é poder. E quando falamos de saúde, também é prevenção.

Se você identificou algum desses sinais, agende uma consulta com um especialista. Quanto antes o problema for investigado, maiores as chances de evitar crises e garantir a saúde dos seus rins.