Vocês sabem que tecnologia é um assunto que sempre me interessa muito. E, há alguns dias, eu me deparei com uma novidade que me convenceu ainda mais de que já estamos vivendo no futuro.

 

Com certeza vocês já ouviram falar em hologramas, certo? Ou então já viram essa tecnologia em ação em vários filmes, especialmente nos de ficção-científica.

 

Mas agora os hologramas são coisa da vida real e estão, inclusive, presentes na medicina: com eles, é possível fornecer aos médicos uma imagem 3D completa de um corpo ou órgão específico.

 

Tradicionalmente, as imagens geradas a partir da varredura de máquinas de tomografia computadorizada e ressonância magnética são fundamentais para as decisões dos cirurgiões. Somente analisando os tumores com base em fotos tiradas de diferentes ângulos, eles podem decidir quando e como remover os tumores.

 

Mas a o ponto fraco dos scanners é que as imagens produzidas são bidimensionais, e os cirurgiões nem sempre são capazes de fornecer um diagnóstico 100% preciso sem uma visualização completa.

 

Holografia

 

É aí que entra o grande trunfo da holografia. Ela possibilita a identificação de problemas com órgãos muito complexos, como o coração ou cérebro, onde anomalias podem ser bem sutis e até passarem despercebidas pelos exames tradicionais.

 

Esse tipo de exibição pode adicionar um nível de detalhes que os atuais serviços de telemedicina, que apresentam apenas imagens planas, não conseguem. Em 3D, o médico pode ter uma noção da profundidade de uma ferida, dos contornos de uma inflamação ou da extensão de uma fratura.

 

Os especialistas podem mover as imagens, dar zoom e manipulá-las de diversas formas, tendo uma sensação muito mais clara da dimensão física e da forma da anatomia humana para avaliar melhor a situação antes de uma operação delicada, por exemplo.

 

No Brasil

 

Aqui no Brasil, alguns hospitais já foram equipados com esse dispositivo para estudos clínicos, pesquisas educacionais e até atendimento. É o caso do Hospital Central do Exército (HCE), no Rio de Janeiro, onde uma junta de médicos-especialistas, em colaboração com pesquisadores da Universidade Federal Fluminense (UFF), já usam a tecnologia para prestar atendimento médico dentro dos hospitais de campanha do município de Assis Brasil, no Acre.

 

No site da FAPERJ – Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro, eles explicam que, além de ver o paciente em 3D, a junta interage na consulta, auxilia o médico local no diagnóstico de doenças de pacientes e até determinam a necessidade ou não de cirurgia e remoção para uma unidade hospitalar.

 

O aparato tecnológico foi desenvolvido pelos pesquisadores do Núcleo de Estudos de Tecnologias Avançadas da Escola de Engenharia (NETAv/UFF), em parceria com o Corpo de Saúde do Hospital Universitário Antônio Pedro (Huap), e já está sendo utilizado semanalmente pelo Exército brasileiro.

 

Semelhante a um consultório comum, com maca, mesa e cadeira, o consultório virtual é equipado também com uma webcam, um microfone, Internet, um tripé – que garante a fixação de um celular capaz de fazer fotos nítidas –, um computador para transmissão de imagem holográfica e lâmpadas, posicionadas estrategicamente para garantir a boa visibilidade do paciente na sala.

 

Enquanto conversa com o médico à sua frente, o paciente também é ouvido e analisado por uma junta, reunida em um centro de saúde holográfico a quilômetros dali, em qualquer grande pólo urbano do País. Na sala, os médicos conseguem ouvir, conversar e ter a visão real da cena, como se estivessem também frente a frente com o paciente.

 

Nos últimos anos, vimos a tecnologia holográfica ser usada para permitir que CEOs, aspirantes a chefes de estado e estrelas da música se espalhassem pelo mundo. Agora, chegou a hora de vermos ela ajudar a salvar vidas e aperfeiçoar, cada vez mais, o atendimento médico a milhares de pessoas.