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Orientação por Realidade Aumentada 3D: mais um avanço na cirurgia robótica

Novidade no campo da cirurgia robótica: Pesquisadores italianos desenvolveram uma ferramenta para a navegação cirúrgica intra operatória que sobrepõe, em tempo real, imagens de modelos tridimensionais da anatomia do paciente às imagens captadas pelos equipamentos cirúrgicos durante o procedimento videolaparoscópico ou robótico. 

O estudo compara esse recurso à ultrassonografia e foi divulgado na edição de novembro de 2019 da revista @euro_urol, uma publicação da Associação Europeia de Urologia. 👨🏻‍🔬

Ao utilizar o Sistema Cirúrgico da Vinci, por exemplo, o cirurgião já tem visualização em 3D, com um aumento de até 15 vezes da área operada. Com o novo recurso, ele vai enxergar ainda melhor as estruturas a serem operadas.

Se pensarmos, por exemplo numa nefrectomia (cirurgia indicada para casos de câncer de rim), fica fácil entender as vantagens da tecnologia: evitar que o paciente perca todo o órgão, permitindo que apenas a parte com tumor, mesmo os de maior extensão, seja extraída durante a operação. 🕹️

No estudo, os modelos tridimensionais foram criados a partir de tomografias computadorizadas pré-operatórias. Depois, com uma plataforma desenvolvida especialmente para essa finalidade, os modelos podem ser “manipulados” de acordo com a intervenção a ser feita. Por fim, esse vídeo é sobreposto às imagens da anatomia do paciente em tempo real e é exibido no monitor do Sistema Cirúrgico da Vinci. 

Interessante, não é? Reconstruções de alta precisão como essa são possíveis graças à colaboração entre urologistas e bioengenheiros. Assim, a nefrectomia parcial pode ser feita aliando duas das mais modernas tecnologias para o tratamento do câncer de rim: cirurgia robótica e realidade aumentada 🤝

De maneira geral, os resultados demonstraram que o uso de Realidade Aumentada tridimensional diminuiu o risco do desenvolvimento de complicações pós-operatórias, além de ter mostrado um impacto positivo no retorno da função renal pós-cirurgia. 👍🏻

A técnica ainda apresenta algumas limitações. Exige uma grande equipe de profissionais, além de ser necessário realizar novos estudos utilizando um grupo amostral maior. No entanto, ela já aponta possibilidades de aperfeiçoar ainda mais a cirurgia e, consequentemente, a recuperação e qualidade de vida dos pacientes. 🔭

Conheçam Fred Moll, o pai da cirurgia robótica

Ao contrário dos pais, que trabalharam durante anos como pediatras, o americano Fred Moll decidiu trocar os consultórios pelas startups e fundou uma série de empresas inovadoras que estão moldando o futuro da medicina.

Tudo começou lá no início dos anos 80, quando ele era residente em cirurgia e entrou, pela primeira vez, em contato com as técnicas das cirurgias minimamente invasivas. Ao estudar as possibilidades para operações mais precisas e eficientes, acabou criando algo totalmente novo: a cirurgia robótica.

Desde esse momento, Moll começou a acreditar, piamente, que o mundo precisava de ferramentas de laparoscopia para outros tipos de cirurgias. Achava que, se os médicos tivessem as ferramentas certas, isso os incentivaria a usar técnicas menos invasivas e, consequentemente, mais benéficas e tranquilas para os pacientes. Que bom que ele estava certo!

A partir de então, ele foi estudar na Stanford Business School e fundou várias empresas até conhecer o trabalho de uma organização que desenvolvia um protótipo de cirurgia à distância para o departamento de Defesa americano. Foi quando ele conheceu um console operado por médicos, capaz de transmitir movimentos cirúrgicos para braços robóticos que reproduziam essas ações no paciente.

O projeto o inspirou a fazer algo totalmente diferente: e se fosse possível usar aqueles braços em cirurgias de alta precisão? E se combinássemos o movimento das mãos de um cirurgião com a robótica?

Moll percebeu que, por esse caminho, poderia possibilitar uma cirurgia muito mais precisa e eficiente. Para desenvolver a ideia, fundou a Intuitive Surgical em 1995 e a Auris em 2007. E o resto da história vocês já sabem.

Agora, a meta de Moll é levar a robótica a lugares onde ela nunca esteve. É usar os robôs em especialidades nas quais ele nunca foi testado. Essa é a missão da Auris, que já criou um equipamento capaz de diagnosticar e tratar câncer do pulmão sem a necessidade de cirurgia (sistema Monarch) e, atualmente, trabalha em uma plataforma capaz de combinar diferentes procedimentos em cirurgias complexas.

Em fevereiro deste ano, a Auris foi comprada pela Johnson & Johnson por US$ 3,4 bilhões. Com a venda, o plano é poder acelerar o desenvolvimento da plataforma e a criação de novas técnicas cirúrgicas e combinar a tecnologia da Auris com a inovação de todo o portfólio da companhia. Tá aí uma dica de personalidade para ficarmos de olho em 2020!

Um novo robô cirurgião pode estar a caminho

O mercado da cirurgia robótica não para de crescer, e isso é muito, muito bom. Com esse avanço, temos grandes chances de o tratamento ser cada vez mais acessível a um número cada vez maior de pessoas, algo que todos nós esperamos. 

A novidade da vez é uma plataforma de porta única chamada ColubrisMX SPSR, que consiste em um braço robótico que transporta um tubo de 2,5 cm que é inserido através de uma incisão também de apenas 2,5 cm.

Todos os instrumentos, incluindo a câmera, são flexíveis, e o console, que é aberto, traz uma tela HD com visão 3D, controles manuais (controle de instrumento) e controles de pedal (controle de overtube e controle de coagulação – corte monopolar e bipolar).

No teste clínico, foram realizados 33 procedimentos urológicos em 10 porcos Yorkshire, com peso entre 25 e 35 kg: linfadenectomia pélvica, nefrectomia total, pieloplastia, anastomose da uretro-bexiga e nefrectomia parcial com controle vascular. Todos as cirurgias foram concluídas com sucesso e sem complicações. 

Com todas as avaliações que estão sendo realizadas, o ColubrisMx SPSR tem demonstrado ser uma possível nova alternativa eficaz para a realização de cirurgias robóticas urológicas. Mas ainda devemos esperar os resultados em ensaios clínicos em seres humanos para termos mais certeza da sua utilidade na prática médica.

ColubrisMX 

A ColubrisMX é uma empresa de dispositivos médicos que projeta e desenvolve a próxima geração de dispositivos robóticos microcirúrgicos. Esses robôs microcirúrgicos de última geração e minimamente invasivos, poderão executar procedimentos em regiões delicadas do corpo que ainda não podem ser acessadas pela tecnologia atual.

A companhia fica em Houston, no Texas, no coração do Texas Medical Center, maior instalação médica do gênero no mundo. Inicialmente, a ColubrisMX começou no Centro de Ciências da Saúde da Universidade do Texas, mas logo ficou estabelecida como uma empresa em março de 2017.

Maior empresa de dispositivos médicos do mundo lança seu próprio robô cirúrgico

Mais uma nova alternativa ao sistema da Vinci vem surgindo no horizonte da cirurgia robótica. A Medtronic, maior empresa de dispositivos médicos do mundo, está divulgando uma nova plataforma de cirurgia assistida por robô, mais flexível e econômica do que os sistemas atualmente disponíveis no mercado: o sistema Hugo RAS.

A empresa planeja lançar o sistema em locais não divulgados, mas fora dos EUA, no início do próximo ano. O objetivo é começar a coletar dados clínicos para obter a liberação no país em cerca de dois anos.

Em relação aos possíveis valores da plataforma, a expectativa da Medtronic é reduzir os custos dos procedimentos do sistema aos níveis observados nos sistemas laparoscópicos, o que seria muito bom.

O sistema Hugo inclui uma torre, console para o cirurgião, efetores terminais cirúrgicos e carrinhos de braços robóticos.

Os principais aspectos do sistema incluem:

Modularidade – Os braços e outras partes do sistema são modulares e ficam sobre rodas, permitindo flexibilidade quando se trata de posicionamento e troca de peças da plataforma. Um cirurgião poderia concluir um procedimento com um braço, afastá-lo e iniciar um procedimento laparoscópico ainda usando a torre, por exemplo.

Após a operação, a equipe do hospital poderia desmontar o sistema e transformá-lo em uma segunda “sala de cirurgia” já esterilizada e preparada, para que o cirurgião pudesse iniciar rapidamente um novo procedimento após um pequeno intervalo. Além disso, como os braços são modulares, o hospital pode dividi-los para usá-los em diferentes operações ao mesmo tempo.

Uso universal – A torre e seu sistema de visualização, gerador, processadores e endoscópio destinam-se a suportar cirurgias assistidas por robô, aplicações laparoscópicas e até cirurgias abertas. O gerador FT10 que alimenta o sistema robótico é o mesmo tipo de gerador que alimenta dispositivos laparoscópicos e de cirurgia tradicional.

Atualização – A Medtronic projetou o Hugo RAS para que os prestadores de serviços de saúde possam trocar novos sistemas, geradores etc assim que estiverem disponíveis, sem que seja necessário comprar um sistema totalmente novo. A empresa também possui uma linha de aplicativos e recursos de software que serão lançados e atualizados continuamente.

Console aberto – O design do console cirúrgico possui uma arquitetura aberta com pedais, para que os cirurgiões possam interagir com o paciente e com a equipe de cirurgia durante os procedimentos. Ao mesmo tempo, os óculos tridimensionais de alta definição proporcionam uma experiência imersiva.

Aproveitamento da experiência existente em ferramentas cirúrgicas – A ideia da Medtronic é aproveitar a experiência e o know-how do seu portfólio de instrumentação cirúrgica já existente, o que faz sentido uma vez que os instrumentos do sistema podem ser uma grande fonte de receita para a empresa. Além disso, poder contar com instrumentos familiares é algo que faz uma grande diferença para os cirurgiões.

Em resumo, é isso. Lembrando que a Medtronic já é ativa no mercado de cirurgia da coluna assistida por robô desde 2018, após comprar a empresa Mazor Robotics por 1,7 bilhão de dólares. Um mês depois da compra, eles lançaram nos EUA sua própria plataforma cirúrgica de coluna vertebral assistida por robô, a Mazor X Stealth.

Novidades no mercado da cirurgia robótica

A CMR Surgical é uma das líderes de uma nova leva de empresas que estão surgindo para desafiar a Intuitive Surgical, fabricante do sistema robótico da Vinci e líder do mercado de cirurgia robótica. 

Mas ela não é apenas mais uma empresa de dispositivos médicos: a CMR veio para promover uma mudança de paradigma nesse campo, criando uma plataforma cerca de 40 vezes mais barata do que as já existentes e tornando a tecnologia uma opção mais acessível para as instituições de saúde. 

Prova disso é que, com apenas 5 anos de existência, a companhia levantou recentemente a impressionante quantia de 195 milhões de libras em uma rodada de financiamento, o que elevou o valor da empresa para mais de 1 bilhão de libras antes mesmo do lançamento de seu primeiro produto, o robô Versius.

Foi a terceira de uma série de financiamentos que, em 2018, levantou US$ 100 milhões em investimentos e, em 2017, US$ 46 milhões. 

Essa última grande leva de investimentos financiará totalmente a comercialização global dos negócios da CMR, que deve lançar o robô cirúrgico Versius ainda neste ano no Reino Unido, em outros países da Europa e na Índia, onde foram realizados ensaios clínicos no Hospital Deenanath Mangeshkar, em Pune.

Lá, os procedimentos realizados com a plataforma envolveram operações em pacientes com distúrbios ginecológicos e gastrointestinais, incluindo histerectomia e remoção da vesícula biliar.

O Versius

As vantagens competitivas do Versius incluem uma maior portabilidade e versatilidade, já que ele foi projetado para fornecer ao cirurgião vários braços robóticos separados, cada um com seu próprio instrumento cirúrgico e seu próprio pilar.

Esses braços são montados em carrinhos que podem ser facilmente movidos entre salas de operações e até entre hospitais, o que seria um enorme avanço tendo em mente que o da Vinci, robô mais utilizado no mundo hoje, tem uma estrutura de 750 quilos que não pode ser movida e, portanto, demanda uma sala de operação exclusiva.

Mas isso tudo não significa que Intuitive esteja em risco. O sistema da Vinci já foi instalado em quase 5 mil hospitais em todo o mundo e já vem realizando operações há 20 anos. Além disso, a empresa anunciou uma expansão de suas operações britânicas, abrindo uma nova sede no Reino Unido, país de origem da CMR.

Porém, para os próximos 3 ou 4 anos, a expectativa é que o topo do mercado da cirurgia robótica seja divido com mais três empresas: a Medtronic, a Johnson & Johnson e, claro, a CMR.

Como é o pré e o pós-operatório na cirurgia robótica

Incisões mínimas e mais certeiras que machucam menos os tecidos, deixam menos sequelas e garantem menor risco de complicações. Não é mágica: é cirurgia robótica, a inovação que veio para ficar e que é fruto do bom uso da tecnologia a favor da medicina e da saúde.

Mais ágil e tão segura quanto os métodos tradicionais, a robótica vem auxiliando médicos na busca por resultados cada vez melhores em cirurgias que antes ofereciam riscos aos pacientes, seja na hora da operação ou em um segundo momento. É por isso que, no caso do tratamento cirúrgico para câncer de próstata, por exemplo, ela é, hoje, considerada a melhor opção. 

Entre os benefícios para o paciente, podemos citar melhores resultados oncológicos, menos dor, menos chances de sangramento e, portanto, menos chances de transfusões sanguíneas, recuperação pós-operatória mais rápida, menos uso de analgésicos, retorno mais rápido às atividades e menos tempo de hospitalização. Outro aspecto positivo é a excelente qualidade de vida do paciente após o tratamento.

Pré-operatório

Antes da cirurgia, é nossa rotina incentivar metas significativas de estilo de vida. Ou seja: nós aconselhamos os pacientes sobre os benefícios dos hábitos alimentares saudáveis, dos exercícios físicos e, se necessário, da perda de peso.

Quando o paciente é muito sedentário, recomendamos a caminhada de um a dois quilômetros por dia, como preparação para o procedimento.

O paciente também precisa fazer avaliação física, cardiológica e anestésica: eletrocardiograma, ecocardiograma, testes de esforço, ressonância magnética, mapeamento ósseo em busca de metástases e outros exames e avaliações com especialistas de outras áreas, dependendo de cada caso

Pós-operatório

É muito importante que, já no primeiro dia após a cirurgia, o paciente tente se sentar em uma cadeira e caminhar o quanto for tolerado. A recuperação costuma ser mais rápida naqueles que conseguem se movimentar logo nesse comecinho.

Atividades mais pesadas como academia, corrida, bicicleta e qualquer outra de maior impacto devem ser evitadas durantes as três primeiras semanas. Já caminhadas de até 30 minutos em superfícies planas, trabalhos de escritório e exercícios leves são liberados já nos primeiros dias.

Geralmente, 97% a 98% dos pacientes recebem alta na manhã seguinte à operação. Todos deixam o hospital com um cateter urinário, que é removido após 6 ou 7 dias em um procedimento simples e indolor, realizado no próprio consultório.

Os cuidados com a ferida operatória incluem a limpeza com água e sabão, e só. Antibióticos, analgésicos, anti-inflamatórios e remédios contra gases costumam fazer parte da prescrição médica.

E, por fim, o acompanhamento tem um período mínimo de cinco anos após a cirurgia. Nos primeiros dois anos, o retorno ocorre a cada três meses, com exames de sangue (PSA) e imagem (ultrassom em geral).

Do segundo ao quinto ano, os retornos ocorrem a cada seis meses. A partir do quinto, o retorno acontece anualmente.

Mais uma novidade no horizonte da cirurgia robótica

É impressionante como a cada dia nós nos deparamos com uma novidade diferente no mercado da cirurgia robótica. E como eu estou sempre pesquisando sobre o tema, fico fascinado com as possibilidades que estão no horizonte.

Uma delas é uma nova plataforma que está sendo desenvolvida pela empresa irlandesa Medtronic. A companhia vem trabalhando em um dispositivo que incorpora vários elementos do MiroSure, sistema que surgiu da pesquisa sobre telecirurgia e foi desenvolvido pela ala Robótica e Mecatrônica do Centro Aeroespacial Alemão (DLR).

O sistema MiroSure tem até cinco braços minimamente invasivos assistidos por robô que, ao contrário das demais plataformas, podem ser acoplados aos trilhos da mesa cirúrgica, permitindo reposicionamentos sem desencaixe do robô ou interrupção da cirurgia. 

Cada braço pesa 10 kg, proporciona sete graus de liberdade de movimento e utiliza uma variedade de instrumentos laparoscópicos. O sistema também contém um monitor 3D-HD com óculos 3D e o mecanismo de controle fornece feedback tátil.

Além disso, há outros recursos verdadeiramente exclusivos. Primeiro, os braços contêm um modo controlado por impedância, pelo qual o assistente consegue reposicionar os braços robóticos sem alterar a posição e orientação do efeito final, o que permite que a cirurgia continue ininterrupta. 

Segundo, inclui o AutoPointer, que projeta uma imagem no paciente para guiar o posicionamento ideal da porta para uma cinemática eficiente e sem colisões.

Com tudo isso, seria possível operar um coração batendo, com compensação de movimento e coordenação automática de efetores em sincronia com a sístole / diástole, fornecendo ao cirurgião uma imagem estática do órgão. Esse recurso permanece no estágio inicial da pesquisa, mas demonstra uma interessante aplicação futura do MiroSure.

A licença para uso comercial do MiroSure foi vendida para a Medtronic em 2013. Atualmente, a empresa está desenvolvendo seu décimo protótipo e o sistema robótico deve ser lançado nos próximos dois anos, primeiro na Índia e depois nos Estados Unidos.

Prepare-se para o novo “boom” da cirurgia robótica

Há 20 anos, o sistema da Vinci®, da Intuitive Surgical, detém o monopólio mundial da cirurgia robótica minimamente invasiva. O patenteamento restritivo, uma estratégia de marketing bem desenvolvida e um produto de alta qualidade garantiram a liderança de mercado da empresa.

Sob o sistema de patentes dos Estados Unidos, cada registro concede ao seu titular o direito de excluir a concorrência para a invenção coberta por um período limitado de tempo, geralmente de 20 anos. Sendo assim, as patentes da Intuitive Surgical serviram como barreiras para a entrada de possíveis concorrentes no mercado de cirurgia robótica.

Para se ter uma ideia, uma pesquisa de 2016 no banco de dados do Escritório de Marcas e Patentes dos EUA (USPTO) indicou que a Intuitive Surgical tinha, àquela época, 649 patentes no país ou pedidos de patentes publicados. No entanto, esse número não abrange patentes que a empresa possa ter direitos, por meio de licenças, nem pedidos de registros que ainda não estavam disponíveis publicamente. Ou seja: o número de patentes que a companhia pode ter cobrindo a sua tecnologia é ainda maior que esse. 

No entanto, as coisas já começaram a mudar (e vão mudar ainda mais): devido às nuances da lei de patentes norte-americana, muitas das primeiras patentes da Intuitive Surgical irão expirar nos próximos anos, abrindo caminho para que os concorrentes também desenvolvam seus programas robóticos. Alguns deles já estão, inclusive, disponíveis para uso clínico.

Aliás, várias das primeiras registradas já expiraram em 2016, quando o prazo de vigência chegou ao fim. Essas patentes cobriam alguns dos conceitos robóticos básicos implementados nos produtos da empresa, incluindo o controle de ferramentas e braços com um controle remoto e a funcionalidade de geração de imagens fornecida pelo robô cirúrgico.

Muitas outras expirarão até 2022, quando devemos passar por um novo “boom” da cirurgia robótica com a chegada de novas plataformas ainda mais avançadas e, espera-se, mais acessíveis.

No entanto, isso não significa que a Intuitive deixará os seus produtos sem cobertura. Com o contínuo desenvolvimento do sistema da Vinci ao longo desses anos, muitas patentes mais recentes levarão bastante tempo até serem expiradas. Afinal, a empresa continua a registrar novos pedidos para as suas tecnologias mais atuais.

Mas isso não muda o fato de que as patentes originais da companhia continuam a expirar, permitindo que mais e mais players entrem no mercado atraídos por enormes receitas potenciais e pela diminuição das barreiras impostas pela Intuitive Surgical. Com isso, todos nós temos a ganhar. Que o futuro seja cada vez mais democrático e acessível!

5 tecnologias que estão revolucionando a cirurgia: Robô cirúrgico do Google

O Google também está entrando com tudo no campo da cirurgia robótica. A partir de uma colaboração entre a Ethicon Endo-Surgery (uma divisão da Johnson & Johnson) e a Verily (antiga Google Life sciences), foi fundada em 2015 a Verb Surgical, uma empresa que usará tecnologia robótica para ser pioneira no que eles chamam de “Cirurgia 4.0”, que transcende o paradigma atual de cirurgia mestre-escrava e incorpora o aumento da autonomia robótica e aprendizado de máquina.

Para isso, a plataforma da Verb consiste em cinco pilares de tecnologia: robótica, visualização, instrumentação avançada, conectividade e análise de dados. Quando lançada, essa será a primeira plataforma de cirurgia digital totalmente conectada do mundo.

Fora isso, ainda se sabe pouco sobre a novidade, já que o sistema está envolto em sigilo corporativo. O que se pode adiantar é que a companhia está trabalhando ativamente com empresas parceiras e com médicos para testar a plataforma em laboratórios pré-clínicos.

Apesar de todo o mistério, nós já temos algumas pistas: a Verb Surgical está licenciando a tecnologia robótica da Stanford Research International Robotics (SRI), que iniciou o desenvolvimento do sistema cirúrgico telerobótico M7 em 1998.

As principais características deste sistema incluem 2 braços robóticos com 7 graus de liberdade, um sistema leve pesando 15 kg, feedback visual, auditivo e tátil ao cirurgião e compensação para movimentos externos.

Este sistema foi desenvolvido principalmente para telecirurgia de longa distância (particularmente no campo de batalha) e testes foram conduzidos tanto a 60 pés debaixo d’água quanto a bordo da aeronave NASA C-9, simulando cirurgia em gravidade zero.

O Big Data e o aprendizado de máquina baseados no Google também terão, naturalmente, um papel importante para ajudar os cirurgiões a tomar decisões melhores e mais completas no meio de uma operação.

Além disso, já se sabe que o robô de Verb terá cerca de 20% do tamanho das plataformas atuais, permitindo que o cirurgião trabalhe mais próximo do paciente. Por isso, a aposta do mercado é que o sistema seja consideravelmente mais barato que os atuais, podendo custar cerca de 2 milhões de dólares ou mais.

Diante todas essas pistas e dado o considerável apoio financeiro e expertise das empresas envolvidas, o potencial da Verb Surgical é, no mínimo, muito estimulante.

5 tecnologias que estão revolucionando a cirurgia: Imagiologia optoacústica

Os raios X já foram o padrão ouro para a visualização não invasiva do interior de um paciente. Embora ainda sejam populares, outras modalidades de imagem, como ultrassom, ressonância magnética e tomografia computadorizada nos permitem ver características anatômicas que ficam ocultas nesse exame.

Essas modalidades revolucionaram a medicina: a TC dá dimensão às radiografias planas para ajudar a diagnosticar lesões traumáticas e monitorar o progresso de algumas formas de câncer, e a RM é comumente usada para lesões relacionadas ao movimento, podendo mostrar até partes ativas do cérebro.

Especialmente na oncologia, elas podem revelar muito sobre a estrutura de um tumor em potencial. No entanto, os tumores podem ser enganosos, muitas vezes se assemelhando muito ao tecido saudável em torno dele. 

Mas há uma característica que diferencia os tecidos saudáveis ​​de impostores cancerígenos: o conteúdo de oxigênio presente no tecido. E é aí que entra a imagiologia optoacústica. Esse método permite direcionar rajadas de luz laser em um tumor em potencial. Cada explosão aquece e expande o tecido levemente, fazendo com que uma pequena onda mecânica se propague através do tecido circundante.

Essas ondas podem ser detectadas e convertidas em imagens de alta resolução com reflexos verdes ou vermelhos, indicando a concentração de oxigênio para ajudar o oncologista a determinar o que é canceroso.

Embora todas essas modalidades de imagem tenham limites sobre o que podem escanear com precisão, elas podem ser combinadas ou complementadas com outros tipos de exames clínicos para preencher lacunas, abrindo um novo campo de aplicações clínicas.

Tomemos por exemplo o Seno Medical, baseado no Texas: eles estão desenvolvendo uma técnica que combina a tecnologia de imagem optoacústica com imagens de ultrassom convencionais. A imagem resultante de alta resolução será capaz de mostrar a localização, forma e conteúdo de oxigênio dos tumores de câncer de mama para ajudar a fornecer um diagnóstico mais claro e um plano de tratamento mais eficaz.

E tem mais: os avanços nos gráficos gerados por computador, holografia e realidade aumentada já permitem que os médicos visualizem, manipulem e até percorram, virtualmente, varreduras tridimensionais de uma parte do corpo.

Exemplo: uma empresa chamada EchoPixel, com sede na Califórnia, usa os exames de ressonância magnética, tomografia computadorizada ou ultrassonografia para gerar uma imagem holográfica em 3D. O holograma resultante pode ser visto em um monitor especial com um par de óculos 3D e manipulado com uma caneta para familiarizar o cirurgião, com toda a riqueza de detalhes, à anatomia de cada paciente, permitindo um melhor planejamento cirúrgico.

Mais um: várias empresas estão deixando de lado o monitor ao integrar imagens 3D no popular headset HoloLens da Microsoft. Lembram quando eu disse da realidade aumentada aqui? Na sala de cirurgia, o HoloLens está sendo testado em muitas funções, desde a exibição dos sinais vitais de um paciente até a identificação de sangue e ossos embaixo da pele. 

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