Quando um homem recebe o diagnóstico de câncer de próstata, uma das opções de tratamento mais comuns é a prostatectomia, cirurgia que consiste na remoção parcial ou total da próstata. Essa glândula faz parte do sistema reprodutor masculino, responsável por produzir o fluido seminal que nutre e transporta os espermatozoides.
A retirada da próstata, embora necessária em muitos casos para combater o câncer, traz uma série de implicações que impactam a saúde física e emocional do paciente. Neste artigo, vamos explorar o que acontece após a retirada da próstata, os possíveis efeitos colaterais e como os homens podem lidar com essas mudanças.
Função da próstata no sistema reprodutor masculino
A próstata é uma glândula do tamanho de uma noz, localizada logo abaixo da bexiga, e envolve a uretra, o tubo que transporta a urina do corpo. Sua principal função é produzir um fluido que compõe o sêmen, essencial para a reprodução, pois ajuda a manter os espermatozoides saudáveis e móveis após a ejaculação.
Quando a próstata é removida, o corpo perde a capacidade de produzir esse fluido, o que pode afetar significativamente o sistema reprodutor. A remoção da próstata, no entanto, não interfere diretamente na produção de espermatozoides, que ocorre nos testículos. No entanto, essa cirurgia pode ter efeitos colaterais importantes que impactam a vida sexual e a saúde urinária.
Efeitos colaterais da retirada da próstata
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Disfunção erétil
Um dos efeitos mais comuns após a remoção da próstata é a disfunção erétil, que é a dificuldade de alcançar ou manter uma ereção. A glândula prostática está cercada por nervos responsáveis pelo controle das ereções. Durante a cirurgia, esses nervos podem ser danificados ou removidos, o que pode resultar em dificuldades temporárias ou permanentes de ereção.
A gravidade da disfunção erétil depende de vários fatores, como a idade do paciente, a saúde geral e o grau de agressividade do câncer. Em muitos casos, a função erétil pode ser restaurada ao longo do tempo, com a ajuda de tratamentos como medicamentos, dispositivos de ereção a vácuo ou, em alguns casos, próteses penianas. -
Incontinência urinária
Outro efeito colateral significativo é a incontinência urinária, que ocorre quando o paciente perde o controle da bexiga. Durante a cirurgia, os músculos e nervos que controlam a micção podem ser afetados, resultando em vazamentos de urina involuntários, especialmente ao tossir, espirrar ou realizar atividades físicas.
A incontinência urinária pode ser temporária, melhorando com o tempo à medida que o corpo se ajusta. No entanto, em alguns casos, pode se tornar uma condição permanente. A fisioterapia, exercícios para o fortalecimento dos músculos do assoalho pélvico (como os exercícios de Kegel) e medicamentos podem ajudar a melhorar o controle da bexiga. -
Infertilidade
Embora a prostatectomia não afete a produção de espermatozoides nos testículos, a remoção da próstata impede a ejaculação, uma vez que o sêmen depende dos fluidos produzidos pela glândula prostática. Como resultado, os homens que se submetem à cirurgia se tornam inférteis, ou seja, incapazes de engravidar uma parceira de forma natural.
Para os homens que desejam ter filhos no futuro, existem opções de preservação de fertilidade, como o congelamento de espermatozoides antes da cirurgia. -
Alterações na ejaculação
Após a remoção da próstata, a ejaculação como o homem a conhece não ocorre mais. Embora a sensação de orgasmo possa permanecer, não há a liberação de sêmen, um fenômeno conhecido como “orgasmo seco”. Alguns homens podem experimentar um orgasmo menos intenso, mas para outros, o prazer pode ser similar ao pré-operatório. -
Efeitos emocionais
Além das mudanças físicas, a retirada da próstata pode impactar emocionalmente muitos homens. A disfunção erétil, a incontinência urinária e a infertilidade podem afetar a autoestima e a confiança sexual, levando a sentimentos de frustração, ansiedade e, em alguns casos, depressão. O apoio psicológico e o acompanhamento de um profissional de saúde mental podem ser fundamentais para ajudar os homens a lidar com essas mudanças e ajustar-se à nova realidade.
Recuperação e tratamento pós-prostatectomia
A recuperação após a retirada da próstata varia de paciente para paciente. O período de recuperação inicial pode levar algumas semanas, e os efeitos colaterais, como a incontinência urinária e a disfunção erétil, podem melhorar gradualmente ao longo de meses.
Durante a recuperação, é importante que o paciente siga as orientações médicas e adote hábitos saudáveis, como manter uma dieta equilibrada, realizar exercícios físicos apropriados e participar de programas de fisioterapia, quando indicados.
Existem também tratamentos e terapias disponíveis para minimizar os efeitos colaterais. Por exemplo:
- Medicamentos para disfunção erétil: Drogas como o sildenafil (Viagra) podem ajudar a melhorar a função erétil em muitos homens.
- Terapias para incontinência urinária: Exercícios pélvicos e, em casos graves, cirurgias reconstrutivas podem ajudar a melhorar o controle da bexiga.
- Apoio psicológico: Consultas com psicólogos ou terapeutas especializados em saúde sexual podem auxiliar os homens a lidarem com as mudanças emocionais.
Em síntese, a remoção da próstata é um procedimento que pode salvar vidas, especialmente para aqueles diagnosticados com câncer de próstata. No entanto, é importante que os homens estejam cientes das possíveis consequências e efeitos colaterais associados à cirurgia. Disfunção erétil, incontinência urinária e infertilidade são algumas das mudanças que podem ocorrer, mas há tratamentos e soluções disponíveis para lidar com essas questões.
A vida após a prostatectomia pode ser diferente, mas com o suporte médico adequado, muitos homens conseguem recuperar sua qualidade de vida e viver de forma plena. O acompanhamento contínuo e uma abordagem integrada de cuidados são essenciais para garantir que os pacientes recebam o tratamento e o apoio de que precisam.