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Informação é poder

 

É normal ao sentir uma dor ou sensação estranha no corpo consultar o Dr. Google para tentar achar um ‘diagnóstico’. E esse não é um hábito comum somente do brasileiro. Estima-se que 70 mil buscas relacionadas à saúde são realizadas no Google por minuto, ou seja, a cada 20 pesquisas, uma é sobre o assunto.

Mas, essa pesquisa, aparentemente inofensiva, pode esconder alguns perigos. Isso porque muitas informações contidas na web, além de não serem 100% seguras e confiáveis, podem enganar o paciente com relação aos sintomas. E fazer com que tome ações inadequadas, como a automedicação, por exemplo. 

De acordo com um estudo realizado pela Universidade de Waterloo, no Canadá, pesquisar doenças na internet pode fazer com que o paciente se sinta realmente pior e em apenas ⅓ das vezes, os sintomas coincidem com o diagnóstico correto. 

Por isso, é importante que ao perceber algum sintoma que se mantenha por dias ininterruptos, um médico seja consultado. Afinal, ele é o único profissional capacitado  a oferecer um diagnóstico correto. 

Além das queixas do paciente, o médico vai se apoiar em testes físicos, exames laboratoriais, de imagem, histórico familiar e, se necessário, consultar outros especialistas. Só então irá propor um tratamento. 

Importância da Informação de Qualidade

Em tempos de fake news e notícias consumidas pelo whatsapp, a informação de qualidade se faz mais que necessária, e inclusive ajuda a salvar vidas. E o  direito à informação está garantido na Constituição brasileira, bem como o direito à saúde.  

Por isso, eu mantenho vários canais de comunicação (Instagram, Facebook, Site, Youtube) para que meus pacientes possam se informar sobre a saúde e tirar suas principais dúvidas em relação aos procedimentos, recuperação, tratamentos etc.

Isso porque um paciente bem informado ajuda não somente na hora do diagnóstico médico. Como em todo o processo de tratamento, por estar mais consciente de tudo o que foi feito e do seu papel como protagonista para sua recuperação. Quanto mais bem informado o paciente chega ao consultório, mais produtiva é a consulta e é dever do médico incentivar esses questionamentos.

Dica importante: Diante de tudo que foi falado até aqui, se manter bem informado é fundamental para a adesão do paciente ao tratamento. Mas, é importante ficar atento a todas as informações que se recebe da internet. Na hora de pesquisar sobre a saúde busque fontes confiáveis, como o blog do seu médico de referência, sites das sociedades médicas ou de hospitais. Informação é poder, mas desde que ela seja segura e confiável. 

Precisamos falar sobre depressão masculina

Muitas vezes nós, urologistas, desempenhamos um papel a mais no nosso consultório: o de psicólogo. Principalmente porque muitos homens ainda têm um pensamento extremamente racional acerca de si mesmos e de seus problemas quando, na verdade, há questões muito mais profundas que precisamos trazer à luz.

Se tem uma coisa que tantos anos de urologia me ensinaram é que certas queixas masculinas, não raro, constituem a ponta de um iceberg que, muitas vezes, atende pelo nome de depressão.

E é justamente sobre esse tema tão importante que eu gostaria de conversar com vocês hoje, neste Dia Mundial de Prevenção do Suicídio. Definida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como “mal do século XXI”, a depressão afeta 322 milhões de pessoas no mundo (dados da própria OMS). Em uma década – de de 2005 a 2015 – esse número cresceu 18,4%, o que é bem preocupante.

A prevalência do transtorno na população mundial é de 4,4%. Já no Brasil, 5,8% da população enfrenta esse problema, ou seja: 11,5 milhões de brasileiros.  Na América Latina, aliás, somos campeões do ranking de deprimidos e, na américas, ficamos atrás apenas dos Estados Unidos.

Ainda de acordo com OMS, apenas 10% das pessoas conseguem ter acesso a estratégias de tratamento e prevenção dessa doença, cujo desfecho, em muitos casos, é o suicídio – sobretudo entre os homens. Enquanto as mulheres são mais propensas à depressão, a prevalência de autoextermínio entre nós é significativamente maior, numa proporção de 4 para 1.

Sintomas da depressão masculina

Estamos falando, portanto, de um mal que, entre os homens, é mais letal. E por quê? O primeiro motivo é que a depressão masculina é mais silenciosa. Em nossa cultura, infelizmente machista, homem não chora, nem expõe seus sentimentos. Deste modo, enquanto as mulheres estão acostumadas a falar sobre suas tristezas, entre outras questões internas, assim como a buscar ajuda e informação, nós ainda somos seres muito reprimidos pela cultura do machão.  

Normalmente, só buscamos esse tipo de tratamento quando obrigados pela mãe, irmã ou namorada. Dificilmente, o homem toma a iniciativa de cuidar de sua saúde mental. Quando (e se) ele procura um médico espontaneamente, a intenção é quase sempre resolver problemas aparentemente superficiais, mas que já começaram a afetar terceiros. Suas queixas, nesse sentido, normalmente são:

  • Não tenho vontade de fazer sexo e isso está acabando com meu casamento;
  • Sinto raiva o tempo todo e isso está arruinando minha vida profissional;
  • Tudo o que eu quero fazer no meu tempo livre é dormir porque trabalho muito e me sinto cansado, mas as pessoas não entendem isso.

E é claro que 99% desses relatos terminam com um pedido de “remédio” que faça o sujeito parar de ser incomodado e/ou de incomodar os outros. Esses, no entanto, são justamente os sinais que podem indicar a presença da depressão que, em nós, têm ainda as seguintes peculiaridades:

  • Abuso de pornografia
  • Dedicação em excesso ao trabalho (o homem se torna um workaholic)
  • Perda de apetite para a vida e da capacidade de tomar decisões
  • Emagrecimento (perda de 5% do peso em cerca de um mês, por exemplo) ou ganho de peso
  • Falta de apetite ou compulsão alimentar
  • Adoção de comportamentos de risco (dirigir em alta velocidade, jogos de azar etc)
  • Maior frequência do consumo de álcool e outros psicotrópicos

Como sair dessa

Infelizmente, eu não posso oferecer nenhuma solução mágica, tampouco remédio milagroso. Mas posso apontar um caminho de cura ou convivência com a depressão (sim, em alguns casos, a doença é crônica). Alguns passos importantes nessa direção incluem:

👉 Procurar ajuda

Deixe que um profissional (psicólogo e/ou psiquiatra) avalie a melhor abordagem para a restauração do seu equilíbrio emocional.

👉 Fique atento aos seus níveis de testosterona

Homens com níveis baixos desse hormônio têm mais risco de desenvolver depressão. A testosterona, afinal, estimula a produção de dopamina, o mediador químico do humor.

👉 Regule seu sono

Noites mal-dormidas elevam o estresse e, assim, podem nos deixar melancólicos.  Aliás, tanto a insônia, quanto o excesso de sono são indícios de depressão. Procure dormir, no mínimo 7 e no máximo 9 horas por noite.

👉 Pratique exercícios

Diversos estudos têm demonstrado que o exercício físico é um poderoso aliado dos antidepressivos no tratamento da depressão.

👉 Cuide da sua alimentação

Há também pesquisas que demonstram como alimentos naturais e integrais como ovos, carne, legumes e frutas auxiliam no processo de recuperação de crises depressivas, assim como  o junk food atrapalha.

Minha última e principal recomendação é: reconheça-se frágil. Como bem define o psicólogo e autor paulista Frederico Mattos: “A depressão masculina é um tipo de lembrete da própria humanidade do homem que é chacoalhado em sua tentativa de se defender dos seus próprios medos.”

Viver mais ou enfrentar menos efeitos colaterais do Tratamento do câncer?

Um estudo do Imperial College London mostrou que muitos homens preferem correr maior  risco de morte a enfrentar possíveis efeitos colaterais (incontinência e impotência) decorrentes do tratamento contra o câncer de próstata.

Os pesquisadores conversaram com 634 homens que tinham recebido, recentemente, o diagnóstico de câncer de próstata. Em todos os casos, o tumor ainda não havia se espalhado. A maioria (74%) tinha tumor de baixo ou médio risco e os demais (26%), de alto risco.

Após o diagnóstico, os pesquisadores propuseram dois tratamentos hipotéticos aos pacientes. As alternativas eram diferentes em termos de impacto na sobrevivência, incontinência urinária, impotência sexual, tempo de recuperação e probabilidade de necessitar de tratamento adicional. Em seguida, eles deveriam escolher uma das opções.

 

Os resultados

Os resultados mostraram que, entre obter uma melhoria de 1% na chance de manter a função urinária ou 0,68% de chance na melhora de sobrevida, os homens tendiam a escolher a primeira opção.

A mesma decisão se repetiu quando as opções eram a chance de 0,41% de melhora na sobrevida ou uma probabilidade 1% maior de não precisar de mais tratamento.

Por fim, para ter 1% a mais de chance de conseguir ereções, eles se mostraram dispostos a desistir de melhorar, em 0,28%, a chance de sobrevida.

Ou seja: os homens querem ter uma vida longa, mas se mostraram dispostos a aceitar uma menor sobrevivência se o risco de efeitos colaterais do tratamento for baixo.

Os resultados mostram que precisamos, cada vez mais, oferecer alternativas de tratamento que reduzam o dano ao paciente e limitem o impacto dos efeitos colaterais na qualidade de vida deles, além, é claro, de aumentar a sobrevida.

E são exatamente estes os principais benefícios da cirurgia robótica. Afinal, além de minimamente invasiva, ela conta com a maior precisão dos movimentos,  permitindo incisões mais seguras, com menor risco de lesão a nervos e vasos sanguíneos importantes para a função erétil e urinária.

Essas incisões machucam menos os tecidos, deixam menos sequelas e garantem menor risco de hemorragias, possibilitando um pós-operatório bem mais tranquilo com menos dores, menos infecções e inchaços e tempo reduzido de recuperação pela preservação da integridade dos órgãos envolvidos.

 

Riscos

É claro que ainda há riscos. Mesmo que pequenos, eles existem e variam de acordo com a idade, com a qualidade da função erétil antes da operação e do tamanho e extensão do câncer encontrado.

⠀Mas com os avanços das técnicas, esses danos têm se tornado cada vez mais raros. Tanto que, até os 60 anos de idade, as chances de recuperação do mesmo nível de ereção de antes da cirurgia chegam a 70%!

Lembrando que o câncer de próstata é o sexto tipo mais comum de câncer no Brasil e o segundo mais frequente em homens, após os tumores de pele, segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca).

A doença mata um brasileiro a cada meia hora e a principal razão para isso é o diagnóstico tardio. Segundo dados da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), 20% dos pacientes são diagnosticados em estágios avançados, o que diminui bastante as chances de cura.

Compostos do café podem retardar e até impedir câncer de próstata

Cientistas japoneses descobriram que dois compostos encontrados no café podem retardar ou mesmo impedir o crescimento do câncer de próstata. São eles o acetato de kahweol e o cafestol, ambos hidrocarbonetos presentes no café comum.

O objetivo dos pesquisadores era verificar como as substâncias encontradas naturalmente nos grãos agiam na proliferação de células cancerosas da próstata humana cultivadas in vitro.

Inicialmente, seis compostos foram testados. Até que eles observaram que as células tratadas com o acetato de kahweol e o cafestol cresceram mais lentamente que as células doentes que não foram tratadas com essas duas substâncias.

 

Os testes

Foi quando os cientistas partiram para a segunda etapa do estudo: a de testes em camundongos. Os compostos foram administrados em um grupo de 16 cobaias que receberam células cancerígenas da próstata por meio de transplantes:

– Quatro ficaram como controle;

– Quatro foram tratadas com acetato de kahweol;

– Quatro foram tratadas com cafestol;

– E as últimas quatro foram tratadas com a combinação dos dois compostos.

Após 11 dias de tratamento, o grupo tratado com o uso combinado das moléculas apresentou um desenvolvimento bem mais desacelerado do tumor. Além disso, os pesquisadores também observaram que não foram registradas células tumorais nativas, ou seja, que se replicaram no corpo.

Isso significa que esses compostos podem ter um efeito até sobre células que, hoje, são resistentes a drogas usadas no tratamento do câncer. Com isso, novos medicamentos com base nessas moléculas poderiam ser desenvolvidos para tratar o câncer de próstata mais resistente.

As descobertas foram realizadas por pesquisadores da Universidade de Kanazawa, no Japão, publicadas na revista The Prostate e divulgadas no último Congresso da Associação Europeia de Urologia, que aconteceu em Barcelona.

Mas, sempre há um porém. E, apesar de as conclusões serem bem animadoras, o estudo ainda precisa ser encarado com um certo cuidado.

 

Considerações

Por mais que seja um estudo-piloto, o trabalho mostra que o uso desses compostos é cientificamente viável. Mas ainda não é possível dizer se o mesmo efeito visto nos camundongos ocorre em humanos.

Além disso, mesmo que os dados sejam promissores e bastante animadores, não devem fazer com que as pessoas mudem seu consumo de café. Afinal, sabemos que apesar de efeitos positivos, ele também tem efeitos negativos, se consumido em excesso.

Por isso, é necessário que se descubra mais sobre os mecanismos que agem por trás desses achados. O próximo passo dos cientistas é considerar como essas descobertas podem ser testadas em uma amostra maior e, em seguida, em humanos. Vamos aguardar!

 

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