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Por que ainda se usa exame de toque retal para o diagnóstico de câncer de próstata?

O exame de toque retal para o diagnóstico de câncer de próstata tem sido um tema de debate entre médicos, pacientes e especialistas em saúde ao longo dos anos. Enquanto muitos argumentam que esse exame é um método valioso e necessário, outros questionam sua eficácia e conforto. Neste texto, vamos explorar a importância desse exame, como ele é realizado e por que ainda é amplamente utilizado.

O que é o exame de toque retal?

O exame de toque retal é um procedimento simples e rápido, no qual o médico insere um dedo lubrificado no ânus do paciente para examinar a glândula prostática. Durante o exame, o médico verifica a consistência da próstata, procurando por anormalidades como nódulos, áreas endurecidas ou irregularidades que possam indicar a presença de câncer ou outras condições.

  1. Detecção precoce de câncer

Um dos principais objetivos do exame de toque retal é a detecção precoce do câncer de próstata. Quando identificado em estágios iniciais, o câncer de próstata tem uma taxa de cura significativamente maior. O exame permite que os médicos identifiquem alterações que podem não ser evidentes em exames de sangue, como o PSA (Antígeno Prostático Específico).

  1. Complemento a outros testes

Embora o exame de PSA seja uma ferramenta valiosa na triagem do câncer de próstata, ele não é infalível. Os níveis de PSA podem ser elevados por várias razões que não estão relacionadas ao câncer, como inflamação ou infecção. O exame de toque retal fornece uma avaliação física que complementa os resultados do PSA, ajudando os médicos a tomar decisões mais informadas sobre a necessidade de biópsias ou acompanhamento adicional.

  1. Avaliação da saúde prostática geral

Além de detectar câncer, o toque retal permite a avaliação da saúde geral da próstata. O médico pode identificar condições como hiperplasia prostática benigna (HPB), que é o aumento da próstata e pode causar sintomas urinários. Identificar essas condições precocemente pode levar a intervenções mais eficazes.

O debate em torno do exame

Apesar dos benefícios, o exame de toque retal tem seus críticos. Algumas das principais preocupações incluem:

  1. Desconforto e ansiedade

Para muitos homens, a ideia de um exame de toque retal pode ser desconfortável e até mesmo embaraçosa. Essa percepção pode levar à hesitação em procurar ajuda médica, resultando em diagnósticos tardios.

  1. Evidências mistas sobre a eficácia

Alguns estudos questionam a eficácia do toque retal em termos de aumento da taxa de sobrevivência ao câncer de próstata. Isso levou a recomendações conflitantes sobre a triagem para o câncer de próstata, e alguns especialistas defendem métodos alternativos de detecção.

A importância da conversa aberta

É essencial que os homens tenham uma conversa aberta e honesta com seus médicos sobre a triagem do câncer de próstata. O exame de toque retal deve ser discutido em conjunto com outras opções de triagem, como o teste de PSA. Cada paciente é único, e fatores como histórico familiar, idade e saúde geral devem ser considerados ao decidir sobre a triagem.

Conclusão

O exame de toque retal continua a ser uma ferramenta importante na detecção precoce do câncer de próstata e na avaliação da saúde prostática. Embora existam preocupações legítimas sobre desconforto e eficácia, é fundamental que os homens se sintam à vontade para discutir suas preocupações com seus médicos. A detecção precoce é a chave para um tratamento bem-sucedido, e o toque retal, embora possa ser um exame desconfortável, pode desempenhar um papel crucial nessa jornada.

Homens acima de 50 anos ou aqueles com histórico familiar de câncer de próstata devem considerar discutir o exame de toque retal com seu médico como parte de um plano abrangente de cuidados de saúde. A conscientização e a educação são essenciais para garantir que todos os homens recebam os cuidados que merecem.

Câncer de próstata: este assunto precisa deixar de ser tabu

O câncer de próstata e a realização de exames preventivos como toque retal, ainda são um tabu para grande parte do público masculino.

O problema é que, segundo informações do Instituto Nacional de Câncer (INCA), muitas pessoas morrem, por ano, com a doença, justamente pela falta de diagnóstico precoce.

Dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade do Ministério da Saúde apontam que, de 2019 a 2021, foram mais de 47 mil óbitos em razão desse tipo de tumor. No ano passado, 16.055 homens morreram em consequência da patologia, o que equivale a aproximadamente de 44 mortes por dia.

Mas por que falar do câncer de próstata ainda é um tabu em pleno 2022?

Continue a leitura para saber mais sobre o assunto, principalmente agora, que estamos na campanha Novembro Azul.

Sobre o câncer de próstata

O câncer de próstata é o mais comum entre os homens, depois do câncer de pele não melanoma, sendo o segundo que mais mata, depois do câncer de pulmão. Os fatores de risco são atrelados à idade avançada, sobrepeso e exposição a certos produtos e substâncias químicas.

O que dificulta o diagnóstico do câncer de próstata é que, geralmente, ele não apresenta sintomas evidentes em estágio inicial. De toda maneira, um dos sinais é a dificuldade em urinar ou a necessidade de urinar mais vezes.

O diagnóstico da doença é feito por meio da testagem do sangue, por um exame conhecido como dosagem de PSA e através do toque retal, em que o médico avalia a presença de nódulos ou tecidos endurecidos, o que pode ser um indicativo para câncer de próstata.

O tabu do toque retal

O exame de toque retal é, sem dúvida, o principal motivo de tabu entre os homens. Porém, ele se faz necessário para que os cuidados adequados sejam adotados.

O preconceito é fruto de uma cultura machista ainda muito arraigada e que leva os homens a se recusarem a fazer o exame.

Para quebrar o tatu, é importante muita divulgação, informação e campanhas de conscientização, falando sobre o tema de forma natural e como algo que faz parte da vida do homem.

É crucial que o público masculino entenda que a saúde deve ser colocada em primeiro lugar, acima de qualquer construção cultural que possa levar ao preconceito.

Tratamento

O tratamento varia de acordo com o estado de saúde do sujeito e do estágio da doença, podendo variar, por exemplo, entre: radioterapia, terapia hormonal e cirurgia.

Prevenção

Os homens a partir de 50 anos, mesmo sem apresentar sintomas, devem procurar um urologista para avaliação individualizada. Aqueles que integram o grupo de risco são orientados a começar os exames mais cedo, a partir dos 45 anos.

Preciso mesmo fazer o toque retal, doutor?

Sim, precisa! E vou te explicar porquê: ele pode te livrar do câncer de próstata que, quando não tratado a tempo, pode ocasionar prejuízos físicos, psicológicos e sociais de difícil superação. Impotência, incontinência urinária, apenas para citar alguns deles.

E não há porque temer o exame, pois ele é um procedimento indolor e muito rápido. Entre o momento em que o urologista veste a luva de látex e o instante em que diz “pronto, pode se vestir”, leva dois minutos, no máximo. Ou seja: quando você assusta, já foi! 

O toque retal ou exame de próstata também serve para detectar a hiperplasia benigna da glândula (aumento natural) ou a presença de tumores malignos na área. Para realizá-lo, o urologista insere o dedo indicador devidamente lubrificado e protegido por uma luva de látex no ânus do paciente, a fim de examinar a região situada no fim do intestino grosso. 

A intenção do médico é tão somente verificar, por meio do tato,  o tamanho, densidade e formato da próstata, procurando por caroços, pontos moles ou endurecidos e outras anormalidades. Ás vezes, pedimos para que o paciente faça força como se fosse defecar. O ânus, assim, fica mais acessível, o que torna o procedimento mais rápido. 

Se você nunca fez o exame de próstata, não tema ter que ficar em posições vexatórias dentro do consultório. Isso de maneira alguma é necessário. Há casos em que a pessoa pode se posicionar até mesmo de pé. O mais importante é manter-se o mais relaxado possível. 

O toque é geralmente feito junto com um outro teste, chamado PSA (Antígeno Prostático Específico), que mede a concentração de uma enzima produzida pela próstata no sangue. 

Quem deve fazer o toque retal, a partir de quando?

Até 2008, era comum ver campanhas governamentais como a Novembro Azul incentivando todos os homens acima dos 45 anos a se submeterem aos exames de rotina (toque retal e PSA). O que faz algum sentido dentro da perspectiva de que o diagnóstico precoce é o melhor caminho para a cura do câncer de próstata. 

Ocorre que, depois de rever estudos publicados desde a década de 1950 sobre o assunto, pesquisadores de países como o Canadá e os Estados Unidos verificaram que o rastreamento universal não reduz significativamente a mortalidade pela doença. 

Outra constatação foi de que o resultado do PSA e do toque retal, não raro, levam à  recomendação de cirurgias e terapêuticas desnecessárias a pacientes assintomáticos, cujos tumores, quando encontrados, são muitas vezes inofensivos. A retirada total da próstata, a radioterapia, as biópsias e outros procedimentos do clássico protocolo de combate ao carcinoma prostático podem, portanto, afetar sobremaneira a qualidade de vida do indivíduo sem que haja aí uma vantagem real pra ele. Muitos desses tumores permanecem “quietos” no organismo do paciente sem causar grandes prejuízos. 

Diante dessas conclusões, o protocolo de rastreio do câncer de próstata foi então atualizado. Acompanhe algumas de suas mais importantes diretrizes: 

Recomenda-se a avaliação de todos os homens com mais de 50 anos, desde que sua expectativa de vida compreenda ao menos mais uma década. Caso contrário, o benefício de um possível tratamento não compensará as complicações associadas.

Sobre idade para iniciar os exames  preventivos: depende do risco associado ao perfil do paciente. 

50 anos para homens de risco igual ao da média;

45 anos para os de alto risco (descendentes de negros familiares de primeiro grau diagnosticados com de câncer de próstata antes dos 65 anos);

40 anos para os de altíssimo risco (diversos parentes com câncer de próstata diagnosticado antes dos 65 anos).

3) Níveis de PSA abaixo de 2,5 ng/mL:  o exame pode ser repetido apenas a cada 2 anos (ao contrário da repetição anual recomendada anteriormente). Quando os níveis estiverem acima desse valor, o exame deve ser anual;

4) PSA entre 2,5 e 4,0 ng/mL requer conduta individualizada: biópsia quando houver risco mais alto (ascendência negra, história familiar de câncer de próstata, idade mais avançada e toque retal alterado). 

5) O tradicional valor de 4,0 ng/mL para o PSA ainda é considerado como o limite a partir do qual deve ser indicada a biópsia de próstata, apesar de não haver segurança de que esse seja o ponto de corte ideal.

Dúvidas? É só me chamar nos comentários. E por favor, marmanjada: superem o medo do toque retal!

DOUTOR, QUAL A IMPORTÂNCIA DO EXAME DE TOQUE RETAL?

Recentemente, pesquisadores da Universidade de Showa, no Japão, criaram um sistema de Inteligência Artificial que detecta tumores de todos os tipos em estágio inicial. O índice de acerto na identificação de mudanças neoplásicas (quando há crescimento anormal das células, gerando um tumor) foi de 86%.

Mas, enquanto esse tipo de tecnologia não é implantada nos serviços de saúde, no caso dos homens, vou continuar respondendo essa pergunta com um sonoro SIM: o exame preventivo de toque retal continua sendo o método mais seguro para diagnosticar o câncer de próstata, com até 90% de chance de cura, caso o diagnóstico seja feito precocemente.

Embora seja um exame que, de fato, salva vidas, os homens continuam subestimando sua importância. Segundo uma pesquisa de 2017 do Datafolha,  encomendada pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), 21% dos entrevistados disseram que o exame de toque retal “não é coisa de homem”. Para outros 38% dos entrevistados ele não é “não é necessário”. A pesquisa ouviu 1.062 homens em sete capitais brasileiras: São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Curitiba, Belo Horizonte, Recife e Salvador.

O exame de toque retal é recomendado a partir dos 50 anos de idade. Aqueles que têm histórico de câncer de próstata na família, ou são da raça negra, devem procurar um especialista mais cedo, já aos 45.

É preciso fazer o exame de toque mesmo se o rastreamento de PSA  (sigla de antígeno prostático específico, em inglês) tenha dado baixo, pois o PSA avalia somente se algo não vai bem com a próstata. Para determinar se é um tumor, uma inflamação ou apenas um aumento benigno, é preciso fazer o exame de toque, a única forma de se chegar a um diagnóstico definitivo.

O motivo é que cerca de 20% dos tumores de próstata crescem sem interferir no PSA. Além disso, pelo toque, outras doenças, como tumores de intestino ou de reto, por exemplo, podem ser identificadas. Ele permite, ainda, estabelecer critérios para tratamentos de sintomas urinários.

E não passa de mito a ideia de que há dor durante o exame que, inclusive, é muito rápido: cerca de 5 segundos. O risco da dor só existe se o homem tiver inflamação na próstata.

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