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Câncer de bexiga mata quase 5 mil brasileiros por ano. Saiba como prevenir

O câncer de bexiga é uma doença que afeta milhares de pessoas em todo o mundo e, no Brasil, os números são alarmantes. De acordo com um levantamento recente da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), baseado em dados do Sistema de Informações do Ministério da Saúde (SIH/SUS), foram registrados 19.160 óbitos entre 2019 e 2022, sendo que 67,6% deles ocorreram entre homens. 

Esses números destacam a gravidade da situação e a necessidade urgente de aumentar a conscientização sobre o câncer de bexiga e suas formas de prevenção.

O que é o câncer de bexiga?

O câncer de bexiga é um tipo de tumor que se desenvolve nas células que revestem a parte interna da bexiga, um órgão localizado na pelve e responsável pelo armazenamento da urina. Esse tipo de câncer é o segundo mais comum entre os tumores urológicos, perdendo apenas para o câncer de próstata. Existem vários tipos de câncer de bexiga, sendo o carcinoma de células transicionais (ou urotelial) o mais comum.

Fatores de risco

Os fatores de risco para o desenvolvimento do câncer de bexiga são variados e, em muitos casos, evitáveis. Entre os mais relevantes estão:

  • Tabagismo: Fumar é o principal fator de risco para o câncer de bexiga. Estima-se que fumantes tenham de duas a três vezes mais chances de desenvolver a doença do que os não-fumantes. O cigarro contém inúmeras substâncias químicas que, ao serem inaladas, são filtradas pelos rins e acumuladas na bexiga, onde podem causar danos às células.
  • Exposição a produtos químicos: A exposição prolongada a produtos químicos industriais, como os utilizados na fabricação de borracha, couro, tintas e produtos de limpeza, também está associada a um risco aumentado de câncer de bexiga. Trabalhadores de indústrias que lidam com esses compostos devem estar cientes dos riscos e seguir as orientações de segurança no trabalho.
  • Idade e sexo: O risco de desenvolver câncer de bexiga aumenta com a idade, sendo mais comum em pessoas com mais de 55 anos. Além disso, os homens são mais propensos a desenvolver essa doença do que as mulheres.
  • Histórico familiar e genético: Ter um histórico familiar de câncer de bexiga pode aumentar o risco, assim como certas mutações genéticas hereditárias que afetam a capacidade do organismo de metabolizar carcinógenos.
  • Infecções crônicas e irritação prolongada: Infecções crônicas na bexiga e a irritação prolongada, como as causadas por pedras na bexiga ou uso prolongado de cateter, também podem aumentar o risco de câncer de bexiga.

Sintomas do câncer de bexiga

Identificar os sintomas do câncer de bexiga precocemente pode ser a chave para um tratamento bem-sucedido. Entre os sinais mais comuns estão:

  • Sangue na urina (Hematúria): Esse é o sintoma mais comum do câncer de bexiga. A presença de sangue pode ser visível a olho nu (urina avermelhada) ou detectada apenas em exames laboratoriais.
  • Dor ao urinar: Desconforto ou dor ao urinar pode indicar a presença de um tumor na bexiga.
  • Frequência e urgência urinária: A necessidade de urinar com maior frequência ou a sensação de urgência para urinar, mesmo sem produzir grandes quantidades de urina, pode ser um sinal de alerta.
  • Dor abdominal ou nas costas: Em estágios mais avançados, o câncer de bexiga pode causar dor na região pélvica ou nas costas.

Diagnóstico e tratamento

O diagnóstico precoce do câncer de bexiga é fundamental para melhorar as chances de cura. O processo diagnóstico geralmente inclui:

  • Exame de urina: A análise da urina pode detectar a presença de sangue ou células cancerosas.
  • Cistoscopia: Um procedimento no qual um médico insere um cistoscópio (um tubo fino com uma câmera) na uretra para visualizar o interior da bexiga e identificar possíveis anomalias.
  • Biópsia: Se uma área suspeita for encontrada durante a cistoscopia, uma biópsia pode ser realizada para confirmar a presença de células cancerosas.
  • Exames de imagem: Exames como tomografia computadorizada (TC), ressonância magnética (RM) ou ultrassom podem ser utilizados para avaliar a extensão da doença.

O tratamento do câncer de bexiga depende do estágio da doença, do tipo de tumor e da saúde geral do paciente. As opções de tratamento incluem:

  • Cirurgia: A remoção do tumor é a forma mais comum de tratamento, especialmente nos estágios iniciais. Em casos mais avançados, pode ser necessária a remoção completa da bexiga (cistectomia).
  • Quimioterapia: Pode ser utilizada antes da cirurgia para reduzir o tamanho do tumor, após a cirurgia para eliminar células cancerosas remanescentes ou em casos em que a cirurgia não é viável.
  • Imunoterapia: Tratamento que fortalece o sistema imunológico do corpo para combater o câncer. O BCG (Bacilo de Calmette-Guérin) é uma forma comum de imunoterapia utilizada no tratamento do câncer de bexiga.
  • Radioterapia: Pode ser utilizada em conjunto com a quimioterapia ou como tratamento principal para pacientes que não podem se submeter à cirurgia.

Prevenção: como reduzir o risco de câncer de bexiga

A prevenção é a melhor estratégia contra o câncer de bexiga. Algumas medidas simples podem reduzir significativamente o risco de desenvolver a doença:

  • Pare de fumar: O abandono do tabagismo é a medida mais eficaz para prevenir o câncer de bexiga. Mesmo pessoas que fumaram por muitos anos podem reduzir o risco de parar de fumar.
  • Evite a exposição a produtos químicos tóxicos: Se você trabalha em indústrias que utilizam produtos químicos nocivos, siga rigorosamente as normas de segurança e use o equipamento de proteção adequado.
  • Beba bastante água: A hidratação adequada ajuda a diluir as substâncias tóxicas na urina e reduz o tempo em que elas ficam em contato com a bexiga.
  • Mantenha uma dieta saudável: Uma alimentação rica em frutas, vegetais e fibras pode ajudar a proteger o organismo contra vários tipos de câncer, incluindo o câncer de bexiga.
  • Faça check-ups regulares: Especialmente se você estiver em um grupo de risco, como fumantes ou pessoas expostas a produtos químicos industriais. Consultas regulares ao médico e exames de rotina podem detectar a doença em seus estágios iniciais, quando o tratamento é mais eficaz.

Podemos dizer que o câncer de bexiga é uma doença séria que causa a morte de milhares de brasileiros todos os anos. No entanto, com a adoção de hábitos saudáveis e a realização de exames preventivos regulares, é possível reduzir significativamente o risco de desenvolver essa doença. A conscientização sobre os fatores de risco e os sintomas iniciais do câncer de bexiga é essencial para a prevenção e o diagnóstico precoce, aumentando as chances de um tratamento bem-sucedido e de uma melhor qualidade de vida.

Três décadas de tratamento do câncer de bexiga: progresso e incertezas

Três décadas de tratamento do câncer de bexiga: progresso e incertezas

A principal função da bexiga é armazenar a urina produzida pelos rins até que ela seja eliminada. E uma das evidências de que algo não vai bem na bexiga é a presença de sangue na urina. Esse sintoma, aliado a outros sinais, pode ser indicativo de câncer de bexiga.  

Quando o câncer de bexiga é invasivo o procedimento indicado é a realização de uma cistectomia, que consiste na retirada de parte ou de toda a bexiga, além de outras estruturas próximas, como próstata e glândulas seminais, no caso dos homens, e útero, ovário e parte da vagina, no caso das mulheres.

 

Panorama Histórico do Câncer de Bexiga no Brasil

 

Há 30 anos o tratamento do câncer de bexiga se baseava em duas frentes: abordagens auxiliares após a cistectomia, para melhorar os resultados oncológicos, e técnicas cirúrgicas com intuito de substituir o conduto ileal. 

 

O tratamento consistia na realização de quimioterapia após a cirurgia. Alguns anos depois, pesquisadores americanos e europeus também conduziram estudos sobre os benefícios da quimioterapia antes mesmo da cistectomia, que passou a ser adotada em grande parte dos casos.

 

Anos mais tarde, técnicas não invasivas passaram a fazer parte das salas de cirurgia e a cistectomia robótica foi um dos grandes avanços para médicos e pacientes. O uso dessa tecnologia possibilita aos pacientes uma recuperação mais rápida, confortável, menos riscos de complicações e mais qualidade de vida, quando comparada à cirurgia aberta. 

 

O que esperar do tratamento do câncer de bexiga? 

 

A evolução da medicina trouxe uma forma totalmente nova de tratar os pacientes com câncer de bexiga avançado, através do sequenciamento e análise ômica. Os pesquisadores dividiram cânceres de bexiga invasivos em seis subtipos, com diferentes prognósticos e diferentes respostas às terapias sistêmicas, fazendo com que o tratamento possa ser mais “personalizado” de acordo com o tipo da doença.

 

Outra aposta da medicina é o desenvolvimento de inibidores de checkpoint, que é considerado o primeiro avanço real em mais de 50 anos. Atualmente existem mais de 20 pesquisas sendo desenvolvidas com esses inibidores que devem contribuir para o tratamento não só do câncer metastático, como também nas fases iniciais da doença. 

 

Recentemente, verificou-se também que a indústria farmacêutica voltou a se interessar em desenvolver e produzir medicamentos para o tratamento desse tipo de câncer. Alguns estudos já estão em fase bastante avançada, já podendo ser aprovado pela FDA americana, equivalente ao ministério da saúde no Brasil.

 

Apesar dos avanços ao longo dos últimos anos, não há estudos conclusivos sobre os exames de urina em substituição a cistoscopia. Outra incerteza que ronda a doença é se será possível prever quais os tumores têm mais riscos de progredir e quais responderão melhor aos tratamentos empregados. 

 

Para os pesquisadores será, sim, possível prever essas situações,  porém o alto custo desse rastreamento, faria com que grande parte da população não tivesse acesso a eles. Agora é esperar para ver o que o futuro reserva para o tratamento do câncer de bexiga e que seja acessível a todos. 

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