Autor: Dr. Pedro Romanelli Page 16 of 27

Pedro Romanelli é urologista com ênfase em cirurgia robótica. Acredita na possibilidade de associar avanços tecnológicos a um tratamento humanizado. Sempre quis ter uma profissão que permitisse cuidar das pessoas e mudar suas vidas.

Urolift: Entenda o novo tratamento para próstata aumentada

Urolift: Entenda o novo tratamento para próstata aumentada

O Urolift é um novo tratamento para a próstata aumentada, condição que é uma realidade para parcela significativa dos homens com mais de 50 anos, quando as células dessa glândula começam a se multiplicar de maneira anormal. 

Em parte dos casos, o aumento do tamanho da próstata não traz sintomas significativos e o homem sente poucas mudanças além da diminuição do jato de urina. Entretanto, outros podem passar por uma queda na qualidade de vida causada pela por dificuldades na hora de urinar, sangramentos, retenção de urina e infecções de repetição na bexiga, uretra e próstata. 

Em casos como esses, a intervenção médica é fundamental para minimizar o desconforto e prevenir problemas mais sérios, como o desenvolvimento de infecções resistentes e até mesmo cálculos na bexiga. 

Geralmente, o tratamento inicial é feito com medicamentos, que buscam relaxar a musculatura ou inibir o crescimento da próstata. Caso essa abordagem não seja bem sucedida, é a hora de investir em técnicas como a cirurgia, que é muito segura e pode ser feita de maneira minimamente invasiva. Se você quiser saber mais sobre esse tratamento, confira esse post aqui.

Contudo, o foco de hoje é um tratamento inovador que chegou recentemente ao Brasil: o Urolift. 

Entenda como funciona o Urolift e quais são suas vantagens

O Urolift é um procedimento minimamente invasivo que pode ser descrito como o grampeamento da próstata. Neste método, pequenos implantes são utilizados para levantar e fixar a próstata longe da passagem da urina, o que diminui drasticamente os sintomas da hiperplasia prostática benigna

Na prática, isso significa que não são feitos cortes ou remoção do tecido prostático, ou aquecimento do mesmo. 

Para além de seu caráter minimamente invasivo, com recuperação rápida e alta no mesmo dia do procedimento, uma das principais vantagens do Urolift é evitar o uso de medicação e manter a ejaculação. Isso é muito importante, principalmente, para os pacientes jovens. 

Nos Estados Unidos, o Urolift é feito somente com anestesia local, mas, no Brasil, os médicos têm utilizado a sedação para deixar o paciente mais confortável, já que o acesso à próstata é feito pela uretra. Inclusive, não é necessário usar sonda para urinar depois do procedimento.

Para quem o Urolift é indicado? 

Esse tratamento foi aprovado pela Food And Drug Administration já há alguns anos. Recentemente, teve sua indicação expandida para próstatas com até 100 gramas. Isso significa que o Urolift não é indicado para homens com a próstata muito grande.

Homens com infecções no trato urinário ou qualquer outra condição que possa impedir a inserção do dispositivo pela uretra também não são bons candidatos ao  Urolift. 

Vale ressaltar que, apesar de trazer inovações e vantagens, o Urolift não é tão efetivo quanto a cirurgia para hiperplasia prostática benigna, porque aproximadamente 12% dos pacientes precisam refazer o tratamento.  

Impactos dos atrasos no tratamento do câncer de bexiga, durante a pandemia

Impactos dos atrasos no tratamento do câncer de bexiga, durante a pandemia

Os efeitos da pandemia na saúde da população vão além da infecção por coronavírus. O distanciamento social, ainda necessário para evitar o contágio, e a sobrecarga do sistema de saúde público e privado fizeram com que muitas outras doenças não recebessem a atenção adequada.

Nesse sentido, muitos pesquisadores se dedicaram a prever e avaliar os impactos da pandemia no diagnóstico e tratamento de diversos tipos de câncer, uma das doenças em que a intervenção precoce, em muitos casos, significa chances de cura muito maiores.

Atrasos na realização de intervenções cirúrgicas já foram amplamente explorados em muitas pesquisas, especialmente em casos de câncer de bexiga com invasão muscular. De acordo com uma revisão sistemática publicada no periódico European Urology Oncology, envolvendo mais de dezenove estudos sobre o assunto,  foi possível desenvolver algumas orientações na abordagem do câncer de bexiga para o período:

Durante as restrições causadas pela pandemia de Covid-19, pacientes com câncer de bexiga não invasivo de alto grau devem ser submetidos ao tratamento com BCG e terapia de manutenção. 

Já para os tumores de alto risco, a cistectomia deve ter sido realizada assim que possível, com exceção para casos em que o risco pós-operatório de contrair Covid-19 seja grande em pacientes com comorbidades. 

Além disso, de acordo com a literatura disponível, o atraso em até três meses na cistectomia radical pode ser seguro em casos de câncer invasivo, e a equipe médica deve priorizar o câncer de bexiga de alto grau, seja ele invasivo ou não, já que o impacto na sobrevida pode ser significativo. 

Revisão sistemática oferece orientações a respeito do atraso no tratamento do câncer de bexiga

Antes da pandemia de Covid-19, dificuldades na marcação de exames e consultas, busca de diversas opiniões médicas, questões sociais, diagnósticos errados e comorbidades em pacientes foram motivos que resultaram num espaço de tempo maior entre o diagnóstico e o tratamento da doença.

Na revisão, quatro estudos encontraram uma associação significativa entre o retardo do diagnóstico em relação à cistectomia radical (cirurgia de remoção da bexiga). A partir da metanálise de três estudos com dados que consideravam o estágio do tumor, foi encontrado um risco aumentado de morte para os pacientes com atraso significativo. 

Cinco estudos avaliaram a associação entre o tempo entre a conclusão da quimioterapia neoadjuvante e a cistectomia radical em relação à sobrevida. Dois deles demonstraram que demorar muito entre a quimioterapia e a cirurgia trouxe efeitos adversos na sobrevida dos pacientes, enquanto outro identificou que o estadiamento de tumores avançados estava associado aos atrasos.

Um dos estudos observou que pacientes que tiveram mais de 10 semanas entre o último ciclo de quimioterapia e a cirurgia de remoção da bexiga tiveram uma sobrevida global e específica do câncer mais baixa. Outra pesquisa descobriu que os atrasos na quimioterapia em mais de oito semanas estavam associados a um risco aumentado de avanço do tumor. 

Entretanto, os pesquisadores não encontraram problemas em relação ao atraso de até seis meses do diagnóstico à cistectomia radical, nos casos em que a quimioterapia foi administrada. Esse pode ser um indicador de que os atrasos na administração da quimio podem ter um impacto maior, durante a pandemia, do que o atraso na cirurgia.

Vale ressaltar, também, que os tumores da bexiga que não invadiram o músculo podem ser divididos entre baixo e alto grau e a metanálise parece apontar que os atrasos são mais propensos a causar danos em pacientes com doença de alto grau do que naqueles com doença de baixo grau.

Acredito que, num futuro próximo, iremos saber as consequências do atraso na administração do tratamento adequado em pacientes com câncer de bexiga por meio de dados específicos desse período. Hoje, já sabemos que o impacto no diagnóstico do câncer de rim foi muito significativo, por exemplo.

Por fim, se o seu tratamento foi impactado pela pandemia, não se desespere e mantenha o acompanhamento médico adequado, certo?

Nova terapia para câncer de próstata resistente à castração

Nova terapia para câncer de próstata resistente à castração

Um dos maiores desafios no tratamento dos tumores da próstata é o câncer resistente à castração. Esse tipo de neoplasia não responde ao tratamento de bloqueio hormonal, que costuma ser necessário em muitos casos. Como consequência, o prognóstico para os pacientes diagnosticados com esse tipo de tumor, que é agressivo, costuma ser pessimista, especialmente quando a doença já entrou em metástase. 

Muitas pesquisas em tratamentos experimentais têm sido desenvolvidas com o intuito de prolongar a vida desses pacientes e oferecer mais possibilidades de cura. Um deles está na fase três de um ensaio clínico em que o número de mortes em decorrência da doença diminuiu em 40% em relação aos pacientes que receberam o tratamento padrão. 

Estratégia de tratamento é mais direcionada e sofisticada 

O estudo foi publicado no The New England Journal of Medicine, e acompanhou 831 pacientes com doença avançada em 10 países, por aproximadamente 20 meses. Esse novo tratamento é chamado de lutetion-177-PSMA-617 ou LuPSMA, e consiste numa molécula radioativa capaz de localizar uma proteína presente na superfície das células do câncer de próstata. 

Células saudáveis da próstata não contém a proteína chamada PSMA, ou contém pequenas quantidades, de maneira que o tratamento afeta somente as células doentes, causando poucos danos ao tecido próximo do tumor. Entretanto, para se submeter ao tratamento, os pacientes precisam ser testados para essa proteína, que pode ser identificada em exames de imagem.  

Como o estudo foi conduzido

Ao todo, 831 homens com câncer de próstata metastático resistente à castração foram divididos em dois grupos, sendo que um deles recebeu somente o tratamento padrão e o outro recebeu o tratamento padrão e o experimental. 

21 meses depois, os resultados demonstraram que a progressão do câncer foi mais atrasada no grupo que recebeu o tratamento com LuPSMA: 8.7 meses em relação a 3.4 no grupo controle. Além disso, o tratamento foi associado a uma sobrevivência melhor de forma geral, com 15.3 meses versus 11.3 meses. 

Os tumores dos pacientes que receberam o tratamento experimental foram mais propensos a encolher, seus níveis de PSA eram mais propensos a cair, e o risco de o câncer progredir foi reduzido em 60%.

Além disso, o tratamento do LuPSMA foi bem tolerado no geral, mas incluiu efeitos colaterais como fadiga, náusea, problemas renais e supressão da medula óssea. Embora o impacto na qualidade de vida seja relativo, os pesquisadores ressaltam que ainda é necessário aprofundar os estudos a respeito de quando e como utilizar esse tratamento, já que quando o paciente tem poucos anos de expectativa de vida, esses efeitos colaterais podem ser problemáticos. 

Caso seja aprovado pela Food and Drug Administration (FDA), LuPSMA será a primeira droga direcionada à proteína de PSMA a entrar para o mercado. Vale ressaltar, entretanto, que o estudo tem suas limitações.

Trata-se de um estudo randomizado, mas devido às dificuldades de conduzir um estudo duplo-cego com um tratamento radioativo, o estudo foi aberto: tanto os pacientes quanto os médicos sabiam se estavam ou não recebendo o tratamento. Isso foi um desafio porque alguns pacientes ficaram decepcionados ao saber sua designação e se retiraram do estudo, por exemplo. 

 

Onde estão os maiores custos da cirurgia robótica e como podemos reduzi-los

Onde estão os maiores custos da cirurgia robótica e como podemos reduzi-los

Os custos da cirurgia robótica são, atualmente, os maiores desafios para a popularização desta técnica no tratamento do câncer de próstata. Para investigar os fatores determinantes dos custos de hospitalização em prostatectomias radicais assistidas por robôs, o Dr. Yves Martins escreveu um artigo muito interessante sobre o tema e eu tive a honra de participar, juntamente com outros colegas, no qual tive a honra de participar junto de outros colegas. 

O artigo será publicado no The International Journal of Medical Robotics and Computed Assisted Surgery, com o título “Robotic Surgery Costs: Revealing the Real Villains”. Por enquanto, ele só pode ser acessado de maneira paga por aqui

A análise partiu de 474 prostatectomias radicais realizadas entre fevereiro de 2018 e dezembro de 2019. Levando em conta a associação entre variáveis pré-operatórias e os custos diretos totais envolvidos no procedimento, foi possível compreender quais são os principais custos. 

Materiais cirúrgicos são os principais determinantes para o custo da cirurgia robótica

Dentro da análise proposta pelo artigo, os materiais cirúrgicos robóticos foram os principais responsáveis pelo custo total de cada procedimento, correspondendo a 60,5% dos valores gastos durante o tratamento. 

Em segundo lugar, fica o tempo de ocupação da sala cirúrgica, que faz aumentar significativamente o custo a cada hora a mais de cirurgia. Esse fator corresponde a 15,2% dos custos da cirurgia robótica. 

Além disso, os custos aumentam quando o paciente tem um escore de risco anestesiológico aumentado. Isso significa que homens com as seguintes condições, geralmente, têm custos maiores na cirurgia robótica:

  • Limitações funcionais substanciais;
  • Uma ou mais doenças severas a moderadas; 
  • Obesidade mórbida (IMC acima de 40); 
  • Uso de marca-passo; 
  • Doença renal em estágios finais, com uso de diálise; 
  • Determinados problemas cardiovasculares.

Outros fatores que contribuem para a elevação dos custos da cirurgia robótica é o maior tempo de internação hospitalar. 

Como diminuir os custos da cirurgia robótica

De acordo com o estudo, os custos hospitalares da cirurgia robótica foram influenciados, principalmente, pelo tempo de uso da sala de cirurgia, o uso de material cirúrgico e o tempo de internação. Nesse sentido, tentar reduzir esses valores é uma medida que deve ser avaliada com cautela, pensando, justamente, em preservar sempre a segurança do paciente e a eficácia do tratamento.

Embora ainda não seja acessível para a maioria dos brasileiros e nem faça parte do rol de procedimentos da ANS, cada vez mais, a cirurgia robótica tem sido reconhecida por seu custo-benefício à medida que mais procedimentos são realizados e adquirimos dados substanciais. 

Além disso, o próprio fabricante vem buscando maneiras de reduzir esses valores, o que, sem dúvida, contribui para que, futuramente, a cirurgia robótica possa contemplar um número maior de pessoas. 

 

5 dúvidas e respostas sobre o câncer de bexiga

5 dúvidas e respostas sobre o câncer de bexiga

O câncer de bexiga é um tumor prevalente no Brasil. O Instituto Nacional do Câncer estima que para cada ano, entre 2020 e 2022, mais de 10.600 novos casos da doença serão diagnosticados. Apesar de comum, esse é um tipo de câncer com pouca visibilidade, motivo pelo qual muitas pessoas têm dúvidas sobre o assunto quando alguém da família ou elas mesmas são diagnosticadas. 

Para ajudar a desmistificar o assunto e fazer circular informações científicas sobre esse tipo de tumor, separei cinco dúvidas que recebo muito no meu consultório para abordar aqui no blog. Com certeza, existem muitas outras perguntas que podem surgir a respeito do câncer de bexiga, inclusive, envolvendo seu tratamento, que, frequentemente, é cirúrgico. Entretanto, abordando essas questões mais gerais, podemos abrir caminho para perguntas mais específicas. Vamos lá?

O que pode causar o câncer de bexiga?

O câncer de bexiga pode ser causado por diversos fatores e, muitas vezes, é difícil determinar uma causa específica para o surgimento da doença. Atualmente, já sabemos que um dos principais fatores de risco para o problema é o tabagismo, já que as toxinas cancerígenas do cigarro são filtradas pelos rins e armazenadas na bexiga até serem eliminadas naturalmente pela urina. 

Outros fatores, como radiação da região pélvica e determinados tipos de quimioterapia feitas no passado, também podem aumentar as chances de um paciente desenvolver câncer de bexiga. Além disso, alguns profissionais estão expostos a substâncias que podem aumentar o risco de ter câncer de bexiga, especialmente aqueles que trabalham com diesel, petróleo, solventes e determinados tipos de tinta. 

E, por fim, o câncer de bexiga também pode ter causas genéticas, já que mutações no gene TP53 são encontradas em aproximadamente 60% dos tumores de bexiga invasivos, e o prognóstico desses pacientes também costuma ser pior. 

Como o câncer de bexiga é diagnosticado?

Existem muitos testes disponíveis para ajudar no diagnóstico do câncer de bexiga, como ultrassom, tomografia computadorizada e a ressonância magnética, que  são muito úteis para detectar irregularidades na parede da bexiga, o que sugere a presença do tumor. 

Depois, o médico, provavelmente, irá realizar uma cistoscopia para enxergar dentro da bexiga. Para isso, inserimos um cabo flexível com uma microcâmera pela uretra do paciente para examinar visualmente a bexiga e coletar amostras para biópsia.

Outra opção é a análise laboratorial da urina do paciente, para tentar detectar a presença de células cancerígenas. Felizmente, hoje já existem muitos estudos para que biomarcadores sejam cada vez mais utilizados no diagnóstico da doença, sem precisar recorrer a exames mais invasivos. 

Quais as opções de tratamento para câncer de bexiga?

As opções de tratamento para o câncer de bexiga irão variar de acordo com o estágio da doença e se o tumor invadiu ou não a camada muscular. No caso de tumores não invasivos, primeiro realizamos uma cirurgia para remover a neoplasia, preservando a bexiga. Depois, podemos utilizar quimioterapia ou Imuno BCG (isso mesmo, a vacina é aplicada diretamente na bexiga para tratar o câncer).

Já no caso do câncer invasivo, é necessário realizar uma cistectomia radical, ou seja, a remoção completa da bexiga do paciente. Nos homens, essa cirurgia pode envolver a remoção da próstata e da vesícula seminal. Nas mulheres, o útero, ovários, tuba uterina, parede anterior da vagina e uretra também podem ser removidos. 

Em ambos os casos, pode ser necessário remover, também, os gânglios linfáticos da pelve e realizar mais quimioterapia neoadjuvante, o que pode contribuir para aumentar a sobrevida do paciente.

O que acontece se eu não tratar o câncer de bexiga?

Para muitos pacientes, lidar com o tratamento do câncer pode parecer pior do que a doença em si, e alguns consideram não iniciar a quimioterapia ou passar pela cirurgia. Essa é uma decisão pessoal, mas é fundamental que o paciente compreenda as consequências dessa escolha:

Quanto mais tempo o tumor fica sem tratamento, maiores são as chances de complicações como sangue na urina, dor na hora de urinar, sensação de ardência, dificuldades para urinar, perda da urina, obstrução da saída da urina e dor pélvica. 

À medida em que o câncer se espalha para outras regiões do corpo, maior será a dificuldade de tratamento, então se o paciente mudar de ideia futuramente, o tratamento poderá não ser tão bem-sucedido. 

Ou seja, não tratar o câncer assim que ele é diagnosticado aumenta as chances de lidar com todos esses sintomas, prejudicando a qualidade de vida, e também as chances de morrer da doença. 

O que acontece depois da cirurgia de remoção da bexiga? 

Isso vai depender da abordagem utilizada durante o procedimento. Se realizamos um conduto ileal, o paciente deverá utilizar uma bolsa coletora de urina o tempo todo, já que não terá controle de sua eliminação. 

Se realizarmos uma neobexiga, ou seja, criarmos um novo reservatório para a urina, o paciente poderá ir ao banheiro normalmente e geralmente recupera a capacidade de conter a excreção. 

Enquanto a urostomia é um procedimento mais simples, ela está associada a maiores complicações e perda da função sexual em alguns casos. Por outro lado, a neobexiga também traz o risco de incontinência noturna e precisa de treinamento pós-operatório para que ela se expanda. 

Em ambos os casos, a cirurgia robótica tem oferecido os melhores resultados em termos de precisão, recuperação rápida e menores riscos de efeitos colaterais. 

Se você quer saber mais sobre como a cirurgia robótica tem ajudado pacientes com câncer de bexiga, confira esse post sobre o período pós-operatório da cistectomia robótica

As medidas que tornam a cirurgia robótica ainda mais segura

As medidas que tornam a cirurgia robótica ainda mais segura

A cirurgia robótica trouxe muitos avanços para o tratamento de diversos tipos de enfermidade, reduzindo riscos associados a procedimentos.

Isso não significa, naturalmente, que procedimentos assistidos por robô são livres de riscos. Ainda que minimamente invasiva, a cirurgia robótica pode ter intercorrências. Nesse sentido, contar com um cirurgião experiente, equipe preparada e tecnologia de ponta para prevenir e controlar qualquer tipo de problema é fundamental. 

Quais os riscos de uma cirurgia robótica?

De maneira geral, podemos categorizar os riscos da cirurgia robótica como aqueles relacionados ao uso do sistema e aqueles que são gerais, parte do procedimento em si. 

A telecirurgia, por exemplo, em que o médico está localizado em outra cidade e até estado em relação ao paciente tem seus riscos específicos. Afinal, o controle preciso dos movimentos do robô vai depender da qualidade da conexão de dados entre o console do cirurgião e o robô na sala de cirurgia. De todo modo, essa não é uma prática comum.

Além disso, qualquer tipo de dispositivo mecânico ou eletrônico está sujeito a falhas, motivo pelo qual as plataformas robóticas são equipadas com recursos para minimizar as chances de qualquer problema técnico acontecer. 

Como a cirurgia robótica reduz os riscos dos procedimentos

Os mecanismos pelos quais a plataforma robótica minimiza os riscos diretos para os pacientes são a redundância do sistema, tolerância a falhas e o uso de alertas do sistema. 

A redundância é a adição de um dispositivo ou componente no sistema capaz de operar com excelência quando o dispositivo primário falha. A tolerância a falhas é a habilidade de um sistema continuar operando sem interrupção quando um de seus componentes falham. Por fim, o alerta do sistema é a entrega imediata de informações a respeito de determinadas circunstâncias durante a cirurgia em tempo real.

Além disso, o Food and Drug Administration (FDA) recomenda que médicos e hospitais que utilizam cirurgia assistida por robô se assegurem de que os cirurgiões tenham o treinamento adequado e as credenciais necessárias, além de outros membros da equipe. 

Lembrando que o processo de treinamento de um cirurgião para operar com o robô é longo e envolve uma série de etapas. Primeiro, ele precisa passar por muitas horas de cirurgias num simulador, que conta com todos os instrumentos que existem no robô real.

Essa plataforma, chamada Mimic, gera relatórios para que o médico possa descobrir quais pontos precisa melhorar antes de passar para os próximos níveis de expertise. É necessário completar pelo menos 20 horas de simulações antes de partir para algum centro de treinamento, onde ele poderá tirar a sua certificação

Depois de voltar para casa, o médico poderá operar somente com a presença de um proctor, cirurgião mais experiente que estará ao seu lado para oferecer segurança e passar ainda mais ensinamentos por pelo menos 20 cirurgias. 

Como você pode ver, o treinamento para operar com o robô é rigoroso e a própria plataforma conta com diversos recursos para blindar qualquer tipo de problema técnico durante a cirurgia. 

Se você ainda tem dúvidas sobre como funciona a cirurgia robótica, confira esses posts aqui do meu blog e, se tiver alguma pergunta em específico, pode me mandar no Instagram, ok?

6 motivos para você escolher a cirurgia robótica no tratamento de câncer

6 motivos para você escolher a cirurgia robótica no tratamento de câncer

A tecnologia robótica representa um importante avanço no tratamento cirúrgico do câncer. 

Em muitas especialidades, como a urologia, por exemplo, ela tem sido cada vez mais usada, auxiliando na remissão do tumor com um importante resultado em termos de qualidade de vida do paciente.

É claro que essa não é a única alternativa para quem precisa fazer uma cirurgia de remoção do câncer de próstata. Além da robótica, contamos também com a laparoscopia e a cirurgia aberta, um leque de possibilidades que precisa ser analisado com muita atenção pelo paciente e cirurgião para que a melhor decisão seja tomada. 

Para a maior parte dos pacientes que vou operar, eu costumo recomendar a cirurgia robótica no lugar da técnica aberta ou laparoscópica, e hoje quero explicar os motivos pelos quais acredito que essa costuma ser a melhor escolha. 

O nível de precisão da cirurgia robótica é maior

Embora as técnicas aberta e laparoscópica também sejam consideradas precisas e eficientes no tratamento cirúrgico do câncer, a cirurgia robótica é capaz de levar as habilidades do cirurgião para outro nível.

Isso é possível porque a plataforma oferece visualização aumentada em 3D, podendo ser associada à tecnologia Firefly, que auxilia na diferenciação do tecido tumoral dos tecidos saudáveis, bem como na percepção do fluxo sanguíneo para o tumor. 

Além disso, os robôs contam com um sistema de instrumentos que possuem amplitude de movimento maior do que o pulso humano, possibilitando a manipulação de tecidos com muito mais precisão! 

Vale ressaltar, é claro, que a experiência do cirurgião faz toda a diferença. 

As chances de intercorrência durante intra e pós-operatórias são menores

A maioria dos procedimentos realizados com a cirurgia robótica está associada a menores riscos de intercorrência durante e após a operação, inclusive hemorragias. Afinal, o dano às estruturas adjacentes ao tumor durante a cirurgia é mínimo, o que diminui consideravelmente o sangramento. 

Essa é uma vantagem, especialmente, na cirurgia do rim, em que vamos manipular uma área extremamente vascularizada. 

Além disso, como o paciente fica menos tempo no hospital, os riscos de infecção hospitalar são muito menores do que numa cirurgia convencional

As chances de ter efeitos colaterais são menores

Na cirurgia de remoção de próstata, os principais efeitos colaterais podem ser a dificuldade de ereção e a incontinência urinária. Hoje, com a cirurgia robótica, conseguimos preservar ao máximo as estruturas neurais responsáveis por essas funções, de maneira que muitos pacientes sequer têm qualquer efeito colateral após o procedimento. 

Inclusive, muitos dos que de fato experienciam um pouco de disfunção erétil depois do procedimento conseguem recuperar a ereção. 

O tempo de internação é menor 

Por se tratar de um procedimento minimamente invasivo, o paciente costuma receber alta rapidamente. O tempo de internação da prostatectomia e da nefrectomia radical, por exemplo, gira em torno de 48h.

Isso pode variar, entretanto, de acordo com o tipo de cirurgia e a saúde do paciente como um todo, mas, de maneira geral, como as incisões são pequenas, não é necessário manter a pessoa em ambiente hospitalar por muito tempo!

Além de permitir que o paciente se recupere no conforto do lar, um curto período de internação significa menores gastos e riscos de contrair infecções hospitalares. 

O retorno para as atividades cotidianas é mais rápido

Dependendo do tipo de cirurgia realizada, o paciente logo poderá voltar a dirigir e trabalhar, sempre respeitando as recomendações médicas. 

Para o paciente oncológico, o retorno para as suas atividades cotidianas é muito importante porque, muitas vezes, o diagnóstico de câncer parece se sobrepor a todos os outros aspectos da vida da pessoa. 

Poder voltar a caminhar, cuidar da casa e trabalhar é uma forma de resgatar o controle sobre a própria vida e a individualidade. 

As incisões são mais discretas 

E, por fim, não posso deixar de abordar um aspecto muito importante e por vezes negligenciado no cuidado com o paciente oncológico: as cicatrizes. 

Na cirurgia robótica, realizamos incisões de 3 cm a 5 cm no abdômen do paciente, para inserir os portais por onde vamos passar os instrumentos robóticos. Essa técnica substitui as grandes incisões realizadas na cirurgia aberta, que muitas vezes causam desconforto estético e se tornam um obstáculo na hora de seguir com uma vida livre de câncer. 

Por exemplo, na prostatectomia aberta, por exemplo, fazemos uma grande e profunda incisão do umbigo do paciente até a base do pênis. Já na nefrectomia aberta, a incisão também é grande, feita na lateral do abdômen. 

Bom senso na hora de escolher a técnica para sua cirurgia

Não faltam evidências das vantagens da cirurgia robótica. Entretanto, quero ressaltar que a laparoscopia e a cirurgia aberta também oferecem excelentes resultados e que outros fatores também precisam ser levados em conta na hora de escolher o melhor caminho para o seu tratamento.

Como você pode imaginar, os robôs são tecnologias incríveis que precisam ser manipuladas por médicos altamente treinados e experientes. Dependendo do nível de complexidade da cirurgia, pode ser mais vantajoso para determinado cirurgião realizar o procedimento por via laparoscópica ou aberta, já que ele domina melhor essa técnica do que a robótica. 

Isso significa que a experiência do cirurgião e sua familiaridade com o método, seja ele qual for, precisam ser levados em conta para que o procedimento tenha os melhores resultados possíveis. 

#SemanadoHomem: Os 9 problemas de saúde mais comuns entre os homens

#SemanadoHomem: Os 9 problemas de saúde mais comuns entre os homens

Costumo sempre abordar por aqui o impacto dos problemas urológicos na saúde do homem: o câncer de próstata, que ainda é o tumor que mais afeta a população masculina, o câncer de rim e bexiga, que atingem duas vezes mais homens do que mulheres, e os tumores testiculares e de pênis que, apesar de mais raros, também podem ser muito graves.

Entretanto, essas não são as únicas condições que colocam a saúde masculina em risco. Na verdade, estima-se que uma parcela significativa dos homens no mundo inteiro sequer sabem que têm problemas de saúde que necessitam de tratamento para evitar complicações sérias. 

Justamente por isso, quero aproveitar que estamos na Semana do Homem para conscientizar você a respeito das principais questões e enfermidades que afetam a população masculina (para além do câncer de próstata), oferecendo algumas pistas do que fazer caso você desconfie que lida com algum esses problemas. Vamos lá? 

Obesidade 

A obesidade é caracterizada pelo acúmulo anormal ou excessivo de gordura corporal, classificada como doença crônica pela OMS. Ela está ligada a muitos fatores, inclusive os sociais, ambientais, psicológicos e genéticos e, geralmente, é causada pela adoção de uma dieta hipercalórica e sedentarismo.

Infelizmente, a obesidade está associada a diversos outros problemas de saúde, como diversos tipos de câncer, diabetes, apnéia do sono, doença renal, doença hepática, hipertensão e problemas cardiovasculares. 

Para saber se você tem obesidade, o primeiro passo é calcular o seu IMC (Índice de Massa Corporal). Basta multiplicar a sua altura por ela mesma, em metros, e dividir o seu peso pelo valor obtido. 

Caso o valor seja acima de 30, você já pode ser considerado obeso, mas esse cálculo não leva em conta a massa muscular e por isso precisa ser associado a outras avaliações. Vale procurar ajuda médica para investigar. 

Doenças cardiovasculares

Nos Estados Unidos, problemas no coração são a principal causa de morte entre homens, sendo responsável por uma a cada quatro mortes masculinas. Para além dos infartos, as doenças cardiovasculares envolvem, também, o Acidente Vascular Cerebral (AVC), arritmia cardíaca e hipertensão arterial.

Os principais sintomas desses tipos de problemas são dor no peito, falta de ar, fadiga ou esgotamento, falta de apetite, inchaço de pés e pernas, urinar muito à noite e episódios de desmaio.

Vale ressaltar que muitos homens acreditam que, ao tomar o remédio para pressão alta, o problema foi resolvido, mas isso não é verdade. A medicação apenas ajuda a controlar a pressão alta e os riscos de ter problemas associados ainda existe. 

Diabetes 

A diabetes tipo 2 é mais comum nos homens, especialmente entre os 35 e 54 anos. Inclusive, ao contrário das mulheres, nos homens a doença pode se desenvolver mesmo quando o IMC não é alto. Isso significa que mesmo um homem não obeso, mas que teve ganho de peso, é sedentário e mantém uma dieta pobre em nutrientes mas rica em açúcar tem maiores riscos de desenvolver diabetes.

Um problema comum que enfrentamos quando o assunto é a diabetes masculina é que muitos homens não aceitam que precisam tratar a doença, e não fazem mudanças no estilo de vida ou aderem ao tratamento medicamentoso. 

Infelizmente, entre as complicações da doença, estão a disfunção erétil, problemas nos nervos, desidratação, problemas nos olhos, rins e na audição. 

Problemas renais

Por fim, os homens também lidam mais com os problemas renais, talvez por consequência de todas as outras questões que discuti até agora. Afinal, o diabetes, pressão alta e obesidade podem aumentar o risco de desenvolver doença renal crônica. Hábitos nocivos como o tabagismo e o consumo exagerado de álcool também podem agravar o quadro.

Em alguns casos, as doenças renais não vão causar sintomas, mas os pacientes podem sentir fadiga, mal-estar, perda de apetite, urina em excesso e perda de peso inexplicável. Frequentemente, esse tipo de problemas causa impotência sexual no homem. 

Espero que o post de hoje tenha te ajudado a abrir os olhos a respeito da importância de cuidar melhor da sua saúde. E lembre-se de que, ao notar algum sintoma ou desconforto, você pode (e deve!) abordar o assunto com o seu urologista. Mesmo que ele não seja o profissional mais indicado para tratar determinado problema, ele poderá indicar a especialidade correta para que você tenha um tratamento multidisciplinar.

Vigilância ativa do câncer próstata: quando é indicada?

Vigilância ativa do câncer próstata: quando é indicada?

A vigilância ativa consiste no acompanhamento do crescimento de um tumor de baixo risco sem realizar nenhum tipo de intervenção terapêutica ou cirúrgica. No caso do câncer de próstata, essa pode ser uma alternativa muito interessante para preservar a saúde do paciente ao máximo e realmente iniciar o tratamento quando ele é necessário.

Nesse processo, o paciente passa por exames regulares dos níveis de PSA e toque retal, geralmente a cada seis meses, além de uma nova biópsia em um ano e outras biópsias a cada 3 anos. 

Caso uma alteração no tamanho ou agressividade do tumor seja detectada, aí sim a equipe irá iniciar uma estratégia de tratamento que pode envolver uma prostatectomia radical e radio ou quimioterapia. 

Nesse sentido, a vigilância ativa do câncer de próstata visa evitar que o paciente seja submetido a tratamentos invasivos. Precisamos nos lembrar que, quando o homem inicia o rastreamento do câncer de próstata precocemente, ou seja, aos 45 anos, a doença poderá ser detectada em estágios iniciais. 

Ao contrário de muitos outros tipos de tumor, o câncer de próstata costuma evoluir muito lentamente. Sem utilizar a vigilância ativa como uma estratégia no manejo da doença, diversos pacientes seriam submetidos à cirurgia e outros tratamentos quando poderiam se beneficiar muito dessa estratégia! 

Benefícios e desvantagens da vigilância ativa 

Naturalmente, um dos maiores benefícios da vigilância em relação aos tratamentos curativos é a menor morbidade, já que o paciente não irá correr riscos cirúrgicos e nem passar por radio ou quimioterapia, que tem efeitos adversos significativos. Além disso, essa estratégia não interfere na vida diária.

Apesar dos tratamentos estarem cada vez mais avançados, especialmente com o uso da cirurgia robótica, os efeitos colaterais podem acontecer e prejudicam a qualidade de vida do paciente. 

Entretanto, existe uma pequena chance de o tumor crescer mais rápido do que o esperado entre um exame e outro, o que pode dificultar o tratamento. Esse é um fator importante que deve ser levado em conta pelo paciente e médico na hora de tomar a decisão compartilhada pela vigilância ativa. 

Outra questão relevante é a necessidade de acompanhamento que nem sempre é bem tolerada pelo paciente, especialmente as biópsias e re-biópsias. Os procedimentos, em si, também podem acarretar no desenvolvimento de tecido cicatricial no local. 

E, por fim, precisamos levar em consideração que alguns homens ficam muito preocupados e ansiosos com as chances de mudança na atividade tumoral, situação na qual investir no tratamento pode ser mais vantajoso. 

Critérios para seleção de pacientes para vigilância ativa 

Os critérios para seleção desses pacientes podem variar de acordo com os trabalhos já existentes a respeito do assunto, mas no geral são os seguintes:

  • PSA <10 ng%
  • Tumor não palpável (T1c) 
  • Gleason ≤3 na biópsia (Gleason ≥4 é critério de exclusão)
  • Escala de Gleason ≤6
  • ≥2 biópsias de próstata. Cada biópsia deve ter no mínimo 6 fragmentos e nenhum dos fragmentos pode haver comprometimento maior ou igual a 50% por células neoplásicas, o tamanho do câncer deve ser menor que 3mm no fragmento da biópsia e o número de fragmentos positivos deve ser menor que 3
  • Densidade do PSA ≤0.10ng/ml por grama
  • PSA aumentar acima de 0.75ng/ano ou o tempo de duplicação for inferior a 3 anos
  • Identificação de alterações no toque retal
  • Quando a re-biópsia revelar progressão dos critérios: Gleason >6≥3 fragmentos positivos, fragmento >50% de tumor ou presença de infiltração perineural; 

Sempre conte com o acompanhamento do urologista para decidir o melhor tipo de tratamento para o seu caso em específico, certo? E se você quiser saber mais sobre os diferentes tratamentos do câncer de próstata, confira esse post aqui

Robô Hugo, da Medtronic, é utilizado pela primeira vez, numa prostatectomia radical

Robô Hugo, da Medtronic, é utilizado pela primeira vez, numa prostatectomia radical

A Medtronic, empresa líder global em tecnologia médica, anunciou na semana passada que o primeiro procedimento realizado com seu novo robô cirurgião, o Hugo, foi realizado com sucesso no Chile. O procedimento foi realizado pelo Dr. Ruben Olivares, na Clínica Santa Maria, em Santiago.

Trata-se de uma prostatectomia radical, ou seja, a remoção total da próstata do paciente, uma das principais cirurgias em que se destacam as técnicas minimamente invasivas, especialmente a robótica

A plataforma robótica Hugo RAS vinha sendo desenvolvida há alguns anos e, finalmente, iniciou seu registro de pacientes para coletar dados clínicos que, futuramente, serão utilizados para ser submetida a regulações em diversos países. 

Hugo RAS promete menores custos e mais praticidade para cirurgiões e hospitais 

Atualmente, somente uma pequena parcela das cirurgias realizadas no mundo inteiro são realizadas com robôs. Nesse sentido, de acordo com os responsáveis pelo Hugo, essa plataforma tem o potencial de oferecer soluções versáteis, compatíveis e portáteis com custo efetivo

A ideia é diminuir os custos da cirurgia robótica e otimizar a logística de utilização dessa tecnologia com modularidade nos braços robóticos, visualização avançada e compatibilidade com instrumentos da Medtronic já utilizados em cirurgias laparoscópicas e abertas. 

Com esses recursos, a empresa busca solucionar, também, um dilema comum quando falamos de tecnologia: à medida que surgem novos avanços, as tecnologias vão se tornando obsoletas. 

O objetivo é que o Hugo possa ser atualizado sem se tornar obsoleto, possibilitando troca de peças e geradores ao invés de comprar um sistema novo, o que reduz custos tanto para o hospital quanto para o paciente. 

Os cirurgiões podem, inclusive, utilizar muitos dos instrumentos com os quais já estão familiarizados, o que aproveita a experiência que o médico já tem e ainda mantém o catálogo de instrumentos da Medtronic ativo. Diversos equipamentos do robô também podem ser utilizados em cirurgias laparoscópicas e até mesmo abertas, inclusive o seu gerador.

Além disso, o Hugo pode ser facilmente transportado entre salas de cirurgia, maximizando sua utilização por diferentes espaços do hospital ao invés de ficar restrito a um local específico. Ele também pode ser desmontado para ser utilizado em duas operações diferentes ao mesmo tempo. 

Outro aspecto interessante do robô é que ele oferece alguns insights importantes do procedimento, possibilitando que o médico possa acessar, analisar e compartilhar vídeos de procedimentos que são gravados e transmitidos para a nuvem diretamente da sala de cirurgia.  

E, por fim, a Medtronic oferece treinamento e serviços personalizados para que cada médico possa explorar ao máximo as vantagens da sua plataforma robótica. Para isso, ela utiliza simulações e laboratórios práticos.

Corrida robótica se intensifica com avanços do Hugo 

Este é, sem dúvidas, um grande passo para a Medtronic, que já se destaca com a Mazor X Stealth, plataforma cirúrgica dedicada às cirurgias da coluna vertebral. Entretanto, ainda é muito cedo para dizer se o Hugo será um competidor agressivo no mercado em relação à Intuitive Surgical, empresa responsável pelos sistemas cirúrgicos da Vinci, mais utilizados em todo o mundo. 

A Medtronic não é a única a se debruçar sobre os problemas que ainda encontramos na cirurgia robótica, como o volume e o custo das plataformas. A própria Intuitive Surgical tem encontrado caminhos interessantes para tornar seus sistemas mais acessíveis e práticos, enquanto a Virtual Incision caminha a passos largos com o MIRA, o menor e mais leve robô cirúrgico até o momento. 

Continuo na torcida para que essas tecnologias continuem avançando para que os melhores tratamentos estejam disponíveis para o maior número possível de pacientes, que tanto se beneficiam de técnicas minimamente invasivas e de alta precisão. Assim que tivermos mais notícias sobre o Hugo e outras plataformas, contarei aqui no blog! 

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