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Prepare-se para o novo “boom” da cirurgia robótica

Há 20 anos, o sistema da Vinci®, da Intuitive Surgical, detém o monopólio mundial da cirurgia robótica minimamente invasiva. O patenteamento restritivo, uma estratégia de marketing bem desenvolvida e um produto de alta qualidade garantiram a liderança de mercado da empresa.

Sob o sistema de patentes dos Estados Unidos, cada registro concede ao seu titular o direito de excluir a concorrência para a invenção coberta por um período limitado de tempo, geralmente de 20 anos. Sendo assim, as patentes da Intuitive Surgical serviram como barreiras para a entrada de possíveis concorrentes no mercado de cirurgia robótica.

Para se ter uma ideia, uma pesquisa de 2016 no banco de dados do Escritório de Marcas e Patentes dos EUA (USPTO) indicou que a Intuitive Surgical tinha, àquela época, 649 patentes no país ou pedidos de patentes publicados. No entanto, esse número não abrange patentes que a empresa possa ter direitos, por meio de licenças, nem pedidos de registros que ainda não estavam disponíveis publicamente. Ou seja: o número de patentes que a companhia pode ter cobrindo a sua tecnologia é ainda maior que esse. 

No entanto, as coisas já começaram a mudar (e vão mudar ainda mais): devido às nuances da lei de patentes norte-americana, muitas das primeiras patentes da Intuitive Surgical irão expirar nos próximos anos, abrindo caminho para que os concorrentes também desenvolvam seus programas robóticos. Alguns deles já estão, inclusive, disponíveis para uso clínico.

Aliás, várias das primeiras registradas já expiraram em 2016, quando o prazo de vigência chegou ao fim. Essas patentes cobriam alguns dos conceitos robóticos básicos implementados nos produtos da empresa, incluindo o controle de ferramentas e braços com um controle remoto e a funcionalidade de geração de imagens fornecida pelo robô cirúrgico.

Muitas outras expirarão até 2022, quando devemos passar por um novo “boom” da cirurgia robótica com a chegada de novas plataformas ainda mais avançadas e, espera-se, mais acessíveis.

No entanto, isso não significa que a Intuitive deixará os seus produtos sem cobertura. Com o contínuo desenvolvimento do sistema da Vinci ao longo desses anos, muitas patentes mais recentes levarão bastante tempo até serem expiradas. Afinal, a empresa continua a registrar novos pedidos para as suas tecnologias mais atuais.

Mas isso não muda o fato de que as patentes originais da companhia continuam a expirar, permitindo que mais e mais players entrem no mercado atraídos por enormes receitas potenciais e pela diminuição das barreiras impostas pela Intuitive Surgical. Com isso, todos nós temos a ganhar. Que o futuro seja cada vez mais democrático e acessível!

5 tecnologias que estão revolucionando a cirurgia: Bisturis inteligentes

Embora ultra-afiados e eficazes, bisturis e facas cirúrgicas nunca passaram de instrumentos para a realização de cirurgias. Até agora!  Os chamados bisturis inteligentes, já disponíveis no mercado, podem analisar, com rapidez e precisão, a composição do tecido que toca para determinar se ele é saudável ou não.

E saber fazer isso é vital, especialmente na cirurgia do câncer, onde o objetivo da operação é remover o tumor deixando os tecidos saudáveis preservados.

O iKnife por exemplo é uma faca eletrocirúrgica, desenvolvida pela Imperial College London, que é conectada a um dispositivo chamado espectrômetro de massa. Conforme a lâmina eletrificada corta o tecido, a fumaça é liberada e canalizada para esse espectrômetro, que analisa os produtos químicos contidos nela para determinar se ele é ou não maligno. 

Outro exemplo do que já está desenvolvido é o bisturi que informa o cirurgião, em menos de meio segundo, o tipo de tecido a ser tocado, com notificações visuais ou auditivas. 

Embora não corte, essa ferramenta portátil, criada por uma parceria entre a Universidade Técnica de Monterrey, Universidade de Hanover e Universidade Livre de Bruxelas, consegue medir as correntes elétricas microscópicas que a ponta do bisturi gera quando entra em contato com vários tipos de tecido, um fenômeno conhecido como efeito piezoelétrico.

Este novo bisturi possui sensores e algoritmos avançados de processamento digital de sinais. Quando se trata de detectar tecidos saudáveis ​​e aqueles afetados pelo tumor, o bisturi vibra 400 milissegundos no cérebro a 4.000 frequências diferentes. Isto gera uma imagem de como o cérebro está vibrando e essas freqüências são analisadas para obter um modelo matemático das propriedades do que está sendo tocado.

Segundo os cientistas, o bisturi é tão preciso que pode ajudar até mesmo a detectar tumores precocemente, quando a diferença entre tecido saudável e afetado é quase imperceptível ao sentido da visão e ao toque dos cirurgiões.

Além disso, o dispositivo poderia ser usado para remover tumores em outras partes do corpo (atualmente, ele está sendo estudado no cérebro), seja na forma de um bisturi ou de um endoscópio inteligente para cirurgias de estômago ou intestino, por exemplo. Por agora, a ferramenta está em processo de patente e com autorização pendente para iniciar testes em humanos.

5 tecnologias que estão revolucionando a cirurgia: Imagiologia optoacústica

Os raios X já foram o padrão ouro para a visualização não invasiva do interior de um paciente. Embora ainda sejam populares, outras modalidades de imagem, como ultrassom, ressonância magnética e tomografia computadorizada nos permitem ver características anatômicas que ficam ocultas nesse exame.

Essas modalidades revolucionaram a medicina: a TC dá dimensão às radiografias planas para ajudar a diagnosticar lesões traumáticas e monitorar o progresso de algumas formas de câncer, e a RM é comumente usada para lesões relacionadas ao movimento, podendo mostrar até partes ativas do cérebro.

Especialmente na oncologia, elas podem revelar muito sobre a estrutura de um tumor em potencial. No entanto, os tumores podem ser enganosos, muitas vezes se assemelhando muito ao tecido saudável em torno dele. 

Mas há uma característica que diferencia os tecidos saudáveis ​​de impostores cancerígenos: o conteúdo de oxigênio presente no tecido. E é aí que entra a imagiologia optoacústica. Esse método permite direcionar rajadas de luz laser em um tumor em potencial. Cada explosão aquece e expande o tecido levemente, fazendo com que uma pequena onda mecânica se propague através do tecido circundante.

Essas ondas podem ser detectadas e convertidas em imagens de alta resolução com reflexos verdes ou vermelhos, indicando a concentração de oxigênio para ajudar o oncologista a determinar o que é canceroso.

Embora todas essas modalidades de imagem tenham limites sobre o que podem escanear com precisão, elas podem ser combinadas ou complementadas com outros tipos de exames clínicos para preencher lacunas, abrindo um novo campo de aplicações clínicas.

Tomemos por exemplo o Seno Medical, baseado no Texas: eles estão desenvolvendo uma técnica que combina a tecnologia de imagem optoacústica com imagens de ultrassom convencionais. A imagem resultante de alta resolução será capaz de mostrar a localização, forma e conteúdo de oxigênio dos tumores de câncer de mama para ajudar a fornecer um diagnóstico mais claro e um plano de tratamento mais eficaz.

E tem mais: os avanços nos gráficos gerados por computador, holografia e realidade aumentada já permitem que os médicos visualizem, manipulem e até percorram, virtualmente, varreduras tridimensionais de uma parte do corpo.

Exemplo: uma empresa chamada EchoPixel, com sede na Califórnia, usa os exames de ressonância magnética, tomografia computadorizada ou ultrassonografia para gerar uma imagem holográfica em 3D. O holograma resultante pode ser visto em um monitor especial com um par de óculos 3D e manipulado com uma caneta para familiarizar o cirurgião, com toda a riqueza de detalhes, à anatomia de cada paciente, permitindo um melhor planejamento cirúrgico.

Mais um: várias empresas estão deixando de lado o monitor ao integrar imagens 3D no popular headset HoloLens da Microsoft. Lembram quando eu disse da realidade aumentada aqui? Na sala de cirurgia, o HoloLens está sendo testado em muitas funções, desde a exibição dos sinais vitais de um paciente até a identificação de sangue e ossos embaixo da pele. 

5 tecnologias que estão revolucionando a cirurgia: Treinamento de cirurgiões com Realidade Virtual

Você já pensou em como os futuros médicos cirurgiões poderiam treinar suas técnicas de forma totalmente segura, ainda que algum erro seja cometido durante a cirurgia?


O mercado tecnológico sim, e a solução para isso é a realidade virtual (Virtual Reality – VR, em inglês). Uma tecnologia utilizada nos videogames e que agora permite, tanto a residentes quanto a cirurgiões mais experientes, o desenvolvimento de suas habilidades em ambientes que se aproximam muito dos reais. 


Como funciona

A aparelhagem (geralmente composta por um notebook, óculos de realidade virtual e controles ou luvas) permite que o médico simule uma cirurgia, desde a entrada no centro cirúrgico, passando pela execução da intervenção, até o momento de finalização do procedimento, que é previamente selecionado para o teste. Algumas plataformas oferecem, inclusive, a simulação de eventuais complicações.

Para isso, os simuladores utilizam aspectos chave como o realismo visual, realismo fisiológico e estímulo háptico (sensação do tato). Ao iniciar o treinamento, o médico tem a oportunidade de experimentar a sensação de pegar os instrumentos, encaixar e desencaixar peças acessórias e realizar a cirurgia em um paciente virtual, que tem suas funções vitais monitoradas por aparelhos como se estivesse em um centro cirúrgico real.

Feedback

Como ferramenta de aprendizagem, os sistemas contam com uma avaliação crítica e um feedback de tudo o que é feito nos testes. Geralmente, os programas classificam o desempenho de cada um com base no tempo, na precisão e em outras métricas nas quais os cirurgiões são comumente avaliados. Assim, o profissional pode aprimorar ainda mais suas habilidades, diminuindo o tempo de uma cirurgia e facilitando o pós-operatório dos pacientes.

Uma inovação necessária

Várias empresas já disponibilizam a tecnologia para diferentes especialidades, e ela já está em uso aqui no Brasil em estados como São Paulo e Pernambuco. A expectativa dos especialistas é que, em até 10 anos, haja uma implementação efetiva da inteligência artificial e da realidade virtual no campo da medicina não só aqui, mas em todo o mundo.

E isso é muito necessário: estudos internacionais apresentados pelo Johnson & Johson Institute mostraram que há cinco bilhões de pessoas no mundo sem acesso a cuidados cirúrgicos. Os relatórios revelaram ainda que médicos cirurgiões não qualificados geram três vezes mais complicações e cinco vezes mais mortalidade nas cirurgias frente a cirurgiões qualificados.

Sem dúvidas, o futuro caminha para o uso do máximo apoio da tecnologia na área médica, principalmente na cirúrgica. Entretanto, nunca é demais lembrar que isso não significa a substituição do contato interpessoal entre nós e o paciente. O papel do médico é, e sempre será, fundamental em qualquer tipo de tratamento.

Teste em urina detecta câncer de próstata 5 anos antes de ele aparecer

Um grupo de cientistas da Universidade de East Anglia (UEA), em Norwich, Reino Unido, desenvolveu um teste simples de urina que consegue revelar se homens terão câncer de próstata cinco anos antes do aparecimento da doença. E o mais interessante: sem que eles precisem passar por biópsias.

Segundo os pesquisadores, o Prostate Urine Risk (PUR) é tão sensível quanto os métodos atuais e consegue identificar, inclusive, o nível de agressividade da doença e em que ponto os homens precisarão de tratamento.

O estudo para o desenvolvimento do teste envolveu 537 homens e identificou 35 genes diferentes que eram marcadores de risco para o câncer, prevendo se os indivíduos teriam que realizar mais exames ou se eles precisariam se submeter a algum tipo de tratamento.

De acordo com o principal autor do estudo, Shea Connell, da Norwich Medical School da UEA, o objetivo do teste é reduzir, enormemente, a chance de os homens passarem por biópsias desnecessárias, o que realmente seria muito bom.

E, apesar de a indicação do PUR ser para homens com suspeita de câncer de próstata, ele também poderia ser usado para pessoas já diagnosticadas com câncer de baixo risco, para monitorar quando elas vão precisar de tratamento dentro desses cinco anos.

A expectativa dos cientistas é que o teste esteja disponível para o público dentro de três anos. 

Se tudo isso se comprovar e o Prostate Urine Risk passar nas exigências das agências reguladoras, um grande número de homens poderia evitar uma biópsia inicial desnecessária, e o acompanhamento repetido e invasivo de pacientes com doença de baixo risco poderia ser drasticamente reduzido. Portanto, fiquemos na torcida! 

Concorrente do da Vinci, novo robô cirurgião é testado com sucesso em humanos

O Versius, robô cirúrgico da CMR Surgical, foi testado pela primeira vez em seres humanos. A plataforma, capaz de auxiliar cirurgiões em operações laparoscópicas, foi usada em 70 pacientes do Hospital Deenanath Mangeshkar, em Pune, na Índia.

O robô foi utilizado no tratamento de uma variedade de problemas ginecológicos e gastrointestinais de diversos níveis. Os primeiros 30 pacientes do estudo tiveram um acompanhamento de 30 dias e não apresentaram eventos adversos. Os 40 restantes farão parte da próxima fase do teste.

O Versius já havia sido testado em cadáveres humanos e em porcos. Agora, com os bons resultados obtidos em humanos, a expectativa é de que o lançamento comercial da plataforma ocorra ainda neste ano.

Próximos passos

Para comprovar a eficácia e a segurança do dispositivo e conquistar a confiança dos cirurgiões e dos hospitais, a empresa tem submetido o Versius a mais testes clínicos do que os órgãos reguladores exigem. O próximo ensaio clínico envolverá 250 pacientes que necessitam de uma histerectomia ou remoção da vesícula biliar.

Um robô mais leve e mais barato

A CMR foi fundada em 2014 por cinco engenheiros médicos e levantou quase 150 milhões de dólares em investimentos privados para desenvolver a nova plataforma.

O sistema, que normalmente tem quatro braços em ação ao mesmo tempo, foi projetado para ser mais compacto, flexível, manobrável e transportável, justamente para facilitar o seu transporte e permitir que seja usado em locais diferentes.

A expectativa da empresa é de que a plataforma seja 40 vezes mais barata do que as já existentes, tornando-se uma opção mais acessível para as instituições de saúde. Além disso, o sistema usa instrumentos reutilizáveis, o que permite manter os custos cirúrgicos mais baixos.

A CMR é uma das líderes de uma nova leva de empresas que estão surgindo para desafiar o líder do mercado – o sistema da Vinci, fabricado pela empresa norte-americana Intuitive Surgical. 

Para o futuro próximo, é exatamente o que esperamos: custo mais baixo dos aparelhos e dos insumos utilizados, um maior número de médicos treinados para operar os sistemas e um maior número de plataformas disponíveis nos hospitais. Só assim poderemos beneficiar todos os pacientes que precisam.

Como um médico se capacita para fazer cirurgias robóticas, em BH?

Eu sempre fico muito feliz quando algum colega compartilha comigo a vontade de se certificar em cirurgia robótica. Um dos meus maiores sonhos é ver esse tratamento totalmente democratizado e acessível, e com cada vez mais bons especialistas operando em todo o Brasil.

É verdade que é preciso ter muita força de vontade e dedicação. Não é fácil porque, como eu sempre digo, a máquina não aprimora as competências básicas de ninguém, apenas potencializa. Sendo assim, é fundamental que o cirurgião seja muito bem treinado para operar com o robô.

O processo

Antes do treinamento criterioso na plataforma robótica, o cirurgião deve ser experiente na realização de cirurgias abertas convencionais e nas laparoscópicas.

A partir daí, tudo começa com muitas horas de simulação no Mimic, um equipamento que possui todos os instrumentos que existem no robô real. A ideia é que o profissional consiga reproduzir, nesse aparelho, todas as situações de uma operação.

Além de treinar os movimentos e habilidades cirúrgicas necessárias para o procedimento, o médico pode avaliar o próprio resultado com as métricas fornecidas pelo simulador, já que ele informa onde, exatamente, é preciso melhorar para tentar atingir determinada expertise.

Após essa primeira fase, o cirurgião vai para algum centro de treinamento para tirar a sua certificação. Sem esse título de aptidão, nenhum médico é permitido a realizar qualquer procedimento robótico.

E, mesmo de posse dessa certificação, ao voltar para a sua cidade de atuação, o profissional deve ainda realizar as primeiras cirurgias com a ajuda de um proctor, que é um cirurgião mais experiente que estará ao seu lado para ensiná-lo e passar mais segurança nesse início. São recomendadas, no mínimo, 20 cirurgias com acompanhamento para que o médico seja considerado apto a operar sozinho, com segurança e eficácia.

Mas o treinamento não termina por aí: é no cotidiano, com a prática diária de suas operações, que o cirurgião desenvolve a sua curva de aprendizado. Claro, o certificado é, sim, muito importante. Mas o que de fato assegura a excelência é o tempo de experiência com o uso da tecnologia.

Quanto mais fazemos, melhor fazemos. E quanto mais experiente for o profissional no comando do robô, melhor a máquina entregará todos os benefícios que promete ao paciente.

Novas opções de tratamento aumentam sobrevida de pacientes com câncer de próstata

Quando o câncer de próstata chega no seu estado mais grave, há poucas opções terapêuticas a serem exploradas e essa é a razão pela qual insistimos no diagnóstico precoce.

Mas temos uma boa notícia para pacientes em estágios mais avançados da doença: de acordo com recentes estudos, a combinação entre medicamentos antitumorais e a terapia hormonal pode aumentar a vida de pacientes em estágio avançado e reduzir a progressão da doença.

Dois estudos apresentados no Encontro Anual da Sociedade Americana de Oncologia (Asco), maior evento mundial de oncologia, que aconteceu no início deste mês nos Estados Unidos, chegaram a esse resultado: o TITAN e o ENZAMET.

O TITAN avaliou a eficácia e a segurança da apalutamida, uma molécula pertencente a uma classe de medicamentos que inibem a função normal dos hormônios masculinos, como a testosterona (que alimenta e faz crescer o câncer de próstata).

Para chegar ao resultado, o estudo contou com a participação de 230 instituições em todo o mundo e mais de mil pacientes, todos com câncer de próstata metastático e, em média, 68 anos de idade.

Eles foram divididos em grupos: o primeiro recebeu a terapia hormonal junto com o medicamento apalutamida e, o outro, um placebo combinado com a terapia hormonal. Após 24 meses de tratamento, a intervenção combinada com a droga gerou uma redução de 33% no risco de morte e uma queda de 58% na chance de progressão da doença.

Com base nesses dados, a expectativa agora é que a apalutamida obtenha a aprovação da agência reguladora dos Estados Unidos para ser utilizada no câncer de próstata avançado já nos próximos meses.

Já o segundo estudo, chamado ENZAMET, foi o responsável por mostrar a efetividade do bloqueador hormonal enzalutamida. Os cientistas recrutaram 1.125 homens, divididos conforme o tratamento experimental.

O primeiro grupo recebeu o medicamento enzalutamida. O segundo, apenas outros remédios antitumorais. Os participantes também foram subdivididos quanto ao uso combinado ou não da droga odocetaxel, que é um remédio quimioterápico.

Dos 596 homens com tumores maiores e mais graves, 71% dos que receberam enzalutamida continuavam vivos após três anos de estudo. Entre os que receberam outros medicamentos esse número foi de 64%. E, entre os homens que receberam enzalutamida sem docetaxel, 83% estavam vivos, versus 70% do grupo controle.

Agora, os resultados do trabalho serão compilados com os de ensaios similares para que os pesquisadores tenham um conjunto de dados que inclua mais de 10 mil homens. Com esse grande agrupamento de informações, eles esperam poder fazer extensas comparações entre medicamentos e, assim, determinar quais grupos específicos de homens poderão se beneficiar com cada tipo de estratégia de tratamento.

Esse novo uso de drogas já conhecidas é muito animador e reforça a percepção de que, nem sempre, os avanços em termos de benefícios aos pacientes dependem exclusivamente do desenvolvimento de drogas inéditas. Vamos aguardar atentos aos desdobramentos desses estudos e torcer para que ele ofereçam, de fato, um novo caminho para todos nós.

Cirurgia robótica completa 11 anos no Brasil

Já são 11 anos desde que a primeira cirurgia robótica foi realizada no Brasil. A tecnologia tão revolucionária, especialmente para a urologia, foi ao país pelo Hospital Israelita Albert Einstein.

Naquela época, tínhamos apenas dois sistemas robóticos no país, havia poucos cirurgiões brasileiros treinados e a cirurgia era acessível somente a uma pequena parcela da população.

Hoje, já há plataformas disponíveis em todas as regiões do país. Nos últimos cinco anos, o número de cirurgias robóticas cresceu 500%, tornando-se mais disponível e acessível a um número maior de pessoas.

Mas pode melhorar, e muito. Atualmente, a cirurgia robótica ainda não consta na lista de procedimentos da ANS e, por isso, ainda existe a necessidade de o paciente complementar com parte do custo (que já foi bem maior) para pagar materiais e equipe.

Agora, mais do que nunca, vislumbramos um futuro bastante animador em relação ao uso da tecnologia na urologia.

O números não param de crescer:

  • Mundialmente, as principais cirurgias realizadas com o uso do robô são as urológicas, representando 60% do total (seguida pelas cirurgias gerais e ginecológicas);
  • Nos Estados Unidos, onde os robôs cirúrgicos são amplamente disponíveis, mais de 90% das cirurgias para o tratamento do câncer de próstata são realizados utilizando a técnica robótica;
  • E, atualmente, todas as cirurgias abdominais em urologia, que eram comumente realizadas por via aberta, já podem ser feitas por robótica.

Os avanços são cada vez mais positivos, principalmente para casos de câncer de próstata. Afinal, a plataforma permite realizar cirurgias altamente precisas em regiões mais profundas ou de difícil acesso pelos métodos convencional ou laparoscópico.

E com a transformação digital que já estamos vivenciando, espera-se que, em breve, aplicativos similares aos de rotas sejam utilizados na cirurgia robótica, funcionando como uma espécie de navegador que mostrará, ao cirurgião, quais os melhores caminhos para o procedimento. E este é só um exemplo do que está sendo desenvolvido por aí.

Mas além dessas novidades, o que esperamos mesmo para o futuro é que haja um custo mais baixo dos aparelhos e dos insumos utilizados, um maior número de médicos treinados no nosso próprio país prontos para operar o sistema, e um maior número de sistemas nos nossos hospitais, para que possamos beneficiar, universalmente, toda a nossa população.

Brasileiros criam medicamento que mata células do câncer de bexiga

Quando uma pessoa é diagnosticada com câncer de bexiga, na maioria dos casos,  tratamento recomendado é a ressecção do tumor por via endoscópica (um aparelho é introduzido através do canal de uretra). Esse tratamento possibilitar a cura e o controle da doença.

E, em casos selecionados, depois dessa cirurgia, pode-se aplicar um medicamento chamado onco-BCG como uma terapia complementar. É o que chamamos de imunoterapia com BCG, que faz com o sistema imunológico crie condições de atacar as células cancerígenas, atuando principalmente para evitar a recorrência do tumor e o seu “enraizamento” em camadas mais profundas da bexiga.

O problema desse tratamento é que alguns pacientes sofrem bastante com os efeitos colaterais, que incluem ardência ao urinar, sensação de queimação na uretra, sintomas de gripe, febre com calafrios, fadiga e até sangramento urinário.

Foi por isso que pesquisadores da Unicamp desenvolveram a primeira imunoterapia 100% brasileira, uma vacina capaz de matar as células do câncer sem causar tanto desconforto. E com um super bônus: o medicamento é seis vezes mais potente e tem demonstrado bons resultados inclusive em pessoas que já estavam desenganadas.

A droga

Fruto de um estudo de 13 anos, o nanofármaco ajuda o sistema imunológico a combater os tumores malignos produzindo interferon, uma proteína que consegue matar as células tumorais de forma mais efetiva e menos tóxica do que os tratamentos usuais.

Desde maio de 2017, essa droga vem sendo utilizada em pacientes que estão na seguinte situação: já passaram por todo tipo de tratamento, enfrentam a metástase e, até então, não havia mais nada que a medicina pudesse fazer por eles.

Nesses casos, houve uma redução de 40% a 50% no número e no tamanho de tumores, e a expectativa inicial de vida que era de, no máximo, três meses, já passa de um ano.

Com o bom resultado, a Comissão de Ética em Seres Humanos da Unicamp liberou o teste da medicação para pacientes com câncer de bexiga em qualquer estágio da doença.

Esses testes continuam e a expectativa é de que vacina chegue ao mercado em seis anos. Os resultados estão sendo apresentados em congressos da área e serão publicados na ASCO, Congresso Americano de Oncologia. Mais uma novidade que merece a nossa atenção (e torcida!).

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