Com o objetivo de oferecer as melhores estratégias de prevenção e tratamento do câncer de próstata na América Latina, África e Oriente Médio, dezenas de médicos se reuniram para produzir o I Consenso Mundial sobre Rastreamento, Diagnóstico e Tratamento Câncer de Próstata para Países em Desenvolvimento. 

 

A publicação é composta por uma série de artigos que reúne informações valiosas a respeito do rastreamento, diagnóstico, ferramentas de estadiamento, tratamento e acompanhamento de diferentes estágios do câncer de próstata, mesmo em áreas com recursos limitados. 

Ela foi desenvolvida por urologistas, cirurgiões, radiologistas, oncologistas, patologistas e radioterapeutas de diversos países e está disponível no Journal of Global Oncology

As principais orientações do novo consenso para o manejo do câncer de próstata 

A principal orientação a respeito do manejo do câncer de próstata em países em desenvolvimento é tornar o rastreamento da doença obrigatório aos 50 anos de idade. Ou seja, os homens devem passar pelo exame de PSA e o toque retal assim que completarem essa idade. 

Outra recomendação é a implantação de um fluxo mais eficiente no sistema, para que o paciente receba o tratamento após o diagnóstico sem atrasos, um problema muito real no Sistema Único de Saúde aqui no Brasil. 

Em relação a novas tecnologias e protocolos de tratamento, os especialistas participantes propuseram projetos que tornem acessíveis medicamentos com melhores índices de cura e sobrevivência.

Ao todo, sete artigos discutem questões muito importantes a respeito do câncer de próstata, avaliam o painel de votação e levantam discussões literárias sobre o assunto. No primeiro, o rastreamento, diagnóstico e ferramentas de estadiamento são o destaque, bem como os benefícios das práticas para a detecção precoce da doença e as limitações encontradas em países em desenvolvimento.

No segundo e terceiro artigos encontramos orientações a respeito do tratamento do câncer de próstata localizado de baixo, médio e alto risco, inclusive a vigilância ativa. No quarto texto, o tema é a recorrência bioquímica no câncer de próstata sensível à castração, enquanto no quinto artigo os autores discutem a resistência à castração não metastática.

Por fim, no sexto artigo o assunto é a metástase do câncer de próstata sensível à castração, e, no sétimo, os autores debatem o câncer de próstata metastático resistente à castração, um dos maiores desafios da urologia, especialmente nos países em desenvolvimento. 

A realidade do câncer de próstata no Brasil

Sempre falo por aqui que as chances de cura do câncer de próstata são altas quando o tumor é diagnosticado precocemente e que já contamos com tratamentos muito avançados.

Infelizmente, nem todas as pessoas têm acesso a essas informações ou a recursos como a 

cirurgia robótica, por exemplo, fazendo da divulgação científica uma ferramenta essencial para mudar um cenário preocupante:

No Brasil, o câncer de próstata ainda é o segundo tipo de tumor mais comum entre os homens. Somente em 2019, tivemos quase 16 mil mortes em decorrência da doença, e já temos estudos que mostram que a nossa população tem diagnóstico tardio e tratamentos mais limitados na rede pública. 

De acordo com dados do Global Cancer Observatory, a estimativa é de que os números do câncer de próstata no país e na América Latina cresçam consideravelmente até 2040, chegando a dobrar a quantidade de casos e registrar aumento exponencial na quantidade de mortes. 

Espero que a divulgação do Consenso seja capaz de frear esse aumento e melhorar o atendimento oferecido à grande parte da população.