Um estudo, realizado pelo Laboratório de Biologia Celular do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da UFMG, demonstrou a capacidade do novo coronavírus de infectar o testículo humano e as células que produzem os espermatozoides.

 

A pesquisa sugere que o testítulo atua como uma espécie de reservatório, ou “santuário viral”, onde o SARS-CoV-2 acaba sendo protegido. Isso pois  o testículo é um órgão que já tende a evitar que as células de defesa do corpo ataquem o que está sendo produzido ali dentro.

 

Vamos saber mais sobre esses dados?

 

A infecção pelo COVID-19 pode afetar os testículos?

 

O estudo da UFMG foi realizado em onze indivíduos, de diferentes idades, não vacinados, que morreram devido a complicações de Covid-19.

 

O resultado aponta que, realmente, a infecção pela Covid-19 apresenta efeitos sobre as glândulas sexuais, podendo até mesmo comprometer a função reprodutiva masculina.

 

Mesmo tendo muito ainda a investigar sobre o assunto, os pesquisadores conseguiram provar a capacidade de replicação e permanência ativa do vírus nos testículos, mesmo muito tempo depois da infecção. Na verdade, o vírus utiliza as células imunes como possível rota de entrada para infectar os testículos de pacientes com Covid-19 grave.

 

Inclusive, foi possível perceber que o SARS-CoV-2 prefere as células que produzem os espermatozoides. Ele tem a capacidade de promover inflamação dos tecidos, além de provocar hemorragia e fibroses. 

 

Como consequência, pode haver a perda massiva das células que geram os espermatozoides, bem como a inibição das células que produzem a testosterona, hormônio masculino cujos níveis observados estiveram cerca de 30 vezes diminuídos.

 

Os pesquisadores também disseram que a infecção pode alterar os padrões espermáticos humanos por até três meses pós-infecção. Isso significa também que, se comprovado que o testículo é um local que serve para o vírus ficar viável por mais tempo e se replicar, os dados vão oferecer bases para o desenvolvimento de biotecnologias antivirais.

 

Por que se vacinar

 

Os cientistas defendem a importância da vacinação, uma vez que não existem estudos que falem sobre efeito da vacina sobre os órgãos sexuais. Muito pelo contrário, os estudos foram feitos com pacientes não vacinados, no início da segunda onda em Minas Gerais, quando ainda não havia imunizante disponível.

 

Vale pontuar, ainda, que o experimento combinou diversas técnicas de identificação de vírus, englobando o uso de um sensor à base de bastões de ouro minúsculos.

 

Viva a ciência!