Muitas questões estão envolvidas no desenvolvimento de tumores. No caso do câncer de próstata, além de fatores de risco como má alimentação, tabagismo e consumo de álcool, a genética também influencia na probabilidade do indivíduo desenvolver um tumor.

Isso significa que se um homem tem histórico de câncer de próstata na família, com um parente de primeiro grau diagnosticado com a doença, suas chances de desenvolver o tumor chegam a duplicar. Ter dois familiares de primeiro grau com câncer de próstata, por exemplo, aumenta esse risco em até cinco vezes.

Embora nem todos os homens com histórico familiar vão ter câncer, recomendamos que, nesses pacientes, o rastreamento com exame de PSA e toque retal seja iniciado antes da população masculina em geral, aos 40 ou 45 anos de idade. Isso porque, geralmente, os tumores familiares tendem a surgir mais cedo e podem ser mais agressivos do que os comuns. 

Os três tipos principais de risco de câncer

De maneira geral, entendemos que existem três tipos principais de risco de desenvolver câncer de próstata:

Risco da população geral: descreve cânceres esporádicos que ocorrem por acaso, sem influências genéticas ou familiares. Nesses casos, os pacientes não apresentam mutações genéticas causadoras de câncer e seus parentes próximos também não desenvolveram o tumor.

Risco de câncer familiar: descreve o risco de câncer que surge de fatores genéticos, tendendo a se agrupar em famílias e não apresentam um padrão de herança específico. Isso significa que não foram identificadas mutações hereditárias específicas que podem ter causado o desenvolvimento do tumor.

Risco de câncer hereditário: corresponde à menor porcentagem dos casos de câncer de próstata e descreve o risco de desenvolver o tumor quando o paciente apresenta mutações genéticas em todas as suas células do corpo. Esse tipo de câncer ocorre quando o pai ou mãe passa um gene alterado a seu filho. 

Vale ressaltar que só é possível ter certeza que o paciente herdou a mutação genética dos pais se realizar um sequenciamento de genoma humano. 

É muito comum que pacientes com mutações genéticas causadoras de câncer de próstata apresentem, também, outros tipos de tumor. Mutações nos genes BRCA, por exemplo, são muito conhecidas por causarem câncer de mama e ovário em mulheres, mas, em homens, podem causar câncer de próstata. Já o gene MSH6 está associado, principalmente, ao câncer colorretal, mas também pode aumentar o risco de tumor na próstata em até 30%. 

Ou seja, o câncer de próstata nem sempre é uma doença de família, já que pode acometer o paciente tanto por acaso quanto estar associado à fatores de risco ambientais. Entretanto, uma parcela pequena, mas significativa dos casos do tumor estão sim associadas à questões familiares que podem ou não partir de mutações genéticas hereditárias. 

Portanto, homens que já sabem que têm maiores riscos de desenvolver a doença devem cuidar ainda melhor da saúde e manter, sempre, os exames urológicos em dia. 

Como evitar o câncer de próstata quando se tem histórico familiar

A melhor forma de prevenir o câncer de próstata é ter um estilo de vida saudável, com prática de atividade física regular, alimentação equilibrada, baixo consumo de bebida alcoólica e sem tabagismo. Isso vale para todos os homens, tanto os que não possuem histórico familiar de câncer quanto os que têm casos próximos na família. 

Com isso em mente, os homens que possuem histórico familiar de câncer de próstata ou mutações genéticas causadoras da doença devem iniciar os exames de rastreamento mais cedo do que a população em geral. Apesar dessa medida não ser capaz de prevenir a doença, possibilita que o tumor seja identificado em fases iniciais, quando o tratamento tem maior eficácia

Dependendo do histórico familiar, da idade do paciente e outros fatores, pode ser interessante adiar o tratamento e realizar uma vigilância ativa, em que vamos acompanhar o tumor de perto sem realizar nenhuma intervenção cirúrgica ou medicamentosa. Caso o câncer aumente de tamanho, mudaremos, então, a estratégia.