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Nova terapia para câncer de próstata resistente à castração

Nova terapia para câncer de próstata resistente à castração

Um dos maiores desafios no tratamento dos tumores da próstata é o câncer resistente à castração. Esse tipo de neoplasia não responde ao tratamento de bloqueio hormonal, que costuma ser necessário em muitos casos. Como consequência, o prognóstico para os pacientes diagnosticados com esse tipo de tumor, que é agressivo, costuma ser pessimista, especialmente quando a doença já entrou em metástase. 

Muitas pesquisas em tratamentos experimentais têm sido desenvolvidas com o intuito de prolongar a vida desses pacientes e oferecer mais possibilidades de cura. Um deles está na fase três de um ensaio clínico em que o número de mortes em decorrência da doença diminuiu em 40% em relação aos pacientes que receberam o tratamento padrão. 

Estratégia de tratamento é mais direcionada e sofisticada 

O estudo foi publicado no The New England Journal of Medicine, e acompanhou 831 pacientes com doença avançada em 10 países, por aproximadamente 20 meses. Esse novo tratamento é chamado de lutetion-177-PSMA-617 ou LuPSMA, e consiste numa molécula radioativa capaz de localizar uma proteína presente na superfície das células do câncer de próstata. 

Células saudáveis da próstata não contém a proteína chamada PSMA, ou contém pequenas quantidades, de maneira que o tratamento afeta somente as células doentes, causando poucos danos ao tecido próximo do tumor. Entretanto, para se submeter ao tratamento, os pacientes precisam ser testados para essa proteína, que pode ser identificada em exames de imagem.  

Como o estudo foi conduzido

Ao todo, 831 homens com câncer de próstata metastático resistente à castração foram divididos em dois grupos, sendo que um deles recebeu somente o tratamento padrão e o outro recebeu o tratamento padrão e o experimental. 

21 meses depois, os resultados demonstraram que a progressão do câncer foi mais atrasada no grupo que recebeu o tratamento com LuPSMA: 8.7 meses em relação a 3.4 no grupo controle. Além disso, o tratamento foi associado a uma sobrevivência melhor de forma geral, com 15.3 meses versus 11.3 meses. 

Os tumores dos pacientes que receberam o tratamento experimental foram mais propensos a encolher, seus níveis de PSA eram mais propensos a cair, e o risco de o câncer progredir foi reduzido em 60%.

Além disso, o tratamento do LuPSMA foi bem tolerado no geral, mas incluiu efeitos colaterais como fadiga, náusea, problemas renais e supressão da medula óssea. Embora o impacto na qualidade de vida seja relativo, os pesquisadores ressaltam que ainda é necessário aprofundar os estudos a respeito de quando e como utilizar esse tratamento, já que quando o paciente tem poucos anos de expectativa de vida, esses efeitos colaterais podem ser problemáticos. 

Caso seja aprovado pela Food and Drug Administration (FDA), LuPSMA será a primeira droga direcionada à proteína de PSMA a entrar para o mercado. Vale ressaltar, entretanto, que o estudo tem suas limitações.

Trata-se de um estudo randomizado, mas devido às dificuldades de conduzir um estudo duplo-cego com um tratamento radioativo, o estudo foi aberto: tanto os pacientes quanto os médicos sabiam se estavam ou não recebendo o tratamento. Isso foi um desafio porque alguns pacientes ficaram decepcionados ao saber sua designação e se retiraram do estudo, por exemplo. 

 

Vigilância ativa do câncer próstata: quando é indicada?

Vigilância ativa do câncer próstata: quando é indicada?

A vigilância ativa consiste no acompanhamento do crescimento de um tumor de baixo risco sem realizar nenhum tipo de intervenção terapêutica ou cirúrgica. No caso do câncer de próstata, essa pode ser uma alternativa muito interessante para preservar a saúde do paciente ao máximo e realmente iniciar o tratamento quando ele é necessário.

Nesse processo, o paciente passa por exames regulares dos níveis de PSA e toque retal, geralmente a cada seis meses, além de uma nova biópsia em um ano e outras biópsias a cada 3 anos. 

Caso uma alteração no tamanho ou agressividade do tumor seja detectada, aí sim a equipe irá iniciar uma estratégia de tratamento que pode envolver uma prostatectomia radical e radio ou quimioterapia. 

Nesse sentido, a vigilância ativa do câncer de próstata visa evitar que o paciente seja submetido a tratamentos invasivos. Precisamos nos lembrar que, quando o homem inicia o rastreamento do câncer de próstata precocemente, ou seja, aos 45 anos, a doença poderá ser detectada em estágios iniciais. 

Ao contrário de muitos outros tipos de tumor, o câncer de próstata costuma evoluir muito lentamente. Sem utilizar a vigilância ativa como uma estratégia no manejo da doença, diversos pacientes seriam submetidos à cirurgia e outros tratamentos quando poderiam se beneficiar muito dessa estratégia! 

Benefícios e desvantagens da vigilância ativa 

Naturalmente, um dos maiores benefícios da vigilância em relação aos tratamentos curativos é a menor morbidade, já que o paciente não irá correr riscos cirúrgicos e nem passar por radio ou quimioterapia, que tem efeitos adversos significativos. Além disso, essa estratégia não interfere na vida diária.

Apesar dos tratamentos estarem cada vez mais avançados, especialmente com o uso da cirurgia robótica, os efeitos colaterais podem acontecer e prejudicam a qualidade de vida do paciente. 

Entretanto, existe uma pequena chance de o tumor crescer mais rápido do que o esperado entre um exame e outro, o que pode dificultar o tratamento. Esse é um fator importante que deve ser levado em conta pelo paciente e médico na hora de tomar a decisão compartilhada pela vigilância ativa. 

Outra questão relevante é a necessidade de acompanhamento que nem sempre é bem tolerada pelo paciente, especialmente as biópsias e re-biópsias. Os procedimentos, em si, também podem acarretar no desenvolvimento de tecido cicatricial no local. 

E, por fim, precisamos levar em consideração que alguns homens ficam muito preocupados e ansiosos com as chances de mudança na atividade tumoral, situação na qual investir no tratamento pode ser mais vantajoso. 

Critérios para seleção de pacientes para vigilância ativa 

Os critérios para seleção desses pacientes podem variar de acordo com os trabalhos já existentes a respeito do assunto, mas no geral são os seguintes:

  • PSA <10 ng%
  • Tumor não palpável (T1c) 
  • Gleason ≤3 na biópsia (Gleason ≥4 é critério de exclusão)
  • Escala de Gleason ≤6
  • ≥2 biópsias de próstata. Cada biópsia deve ter no mínimo 6 fragmentos e nenhum dos fragmentos pode haver comprometimento maior ou igual a 50% por células neoplásicas, o tamanho do câncer deve ser menor que 3mm no fragmento da biópsia e o número de fragmentos positivos deve ser menor que 3
  • Densidade do PSA ≤0.10ng/ml por grama
  • PSA aumentar acima de 0.75ng/ano ou o tempo de duplicação for inferior a 3 anos
  • Identificação de alterações no toque retal
  • Quando a re-biópsia revelar progressão dos critérios: Gleason >6≥3 fragmentos positivos, fragmento >50% de tumor ou presença de infiltração perineural; 

Sempre conte com o acompanhamento do urologista para decidir o melhor tipo de tratamento para o seu caso em específico, certo? E se você quiser saber mais sobre os diferentes tratamentos do câncer de próstata, confira esse post aqui

Novo consenso para o manejo do câncer de próstata para países em desenvolvimento

Novo consenso para o manejo do câncer de próstata para países em desenvolvimento

Com o objetivo de oferecer as melhores estratégias de prevenção e tratamento do câncer de próstata na América Latina, África e Oriente Médio, dezenas de médicos se reuniram para produzir o I Consenso Mundial sobre Rastreamento, Diagnóstico e Tratamento Câncer de Próstata para Países em Desenvolvimento. 

 

A publicação é composta por uma série de artigos que reúne informações valiosas a respeito do rastreamento, diagnóstico, ferramentas de estadiamento, tratamento e acompanhamento de diferentes estágios do câncer de próstata, mesmo em áreas com recursos limitados. 

Ela foi desenvolvida por urologistas, cirurgiões, radiologistas, oncologistas, patologistas e radioterapeutas de diversos países e está disponível no Journal of Global Oncology

As principais orientações do novo consenso para o manejo do câncer de próstata 

A principal orientação a respeito do manejo do câncer de próstata em países em desenvolvimento é tornar o rastreamento da doença obrigatório aos 50 anos de idade. Ou seja, os homens devem passar pelo exame de PSA e o toque retal assim que completarem essa idade. 

Outra recomendação é a implantação de um fluxo mais eficiente no sistema, para que o paciente receba o tratamento após o diagnóstico sem atrasos, um problema muito real no Sistema Único de Saúde aqui no Brasil. 

Em relação a novas tecnologias e protocolos de tratamento, os especialistas participantes propuseram projetos que tornem acessíveis medicamentos com melhores índices de cura e sobrevivência.

Ao todo, sete artigos discutem questões muito importantes a respeito do câncer de próstata, avaliam o painel de votação e levantam discussões literárias sobre o assunto. No primeiro, o rastreamento, diagnóstico e ferramentas de estadiamento são o destaque, bem como os benefícios das práticas para a detecção precoce da doença e as limitações encontradas em países em desenvolvimento.

No segundo e terceiro artigos encontramos orientações a respeito do tratamento do câncer de próstata localizado de baixo, médio e alto risco, inclusive a vigilância ativa. No quarto texto, o tema é a recorrência bioquímica no câncer de próstata sensível à castração, enquanto no quinto artigo os autores discutem a resistência à castração não metastática.

Por fim, no sexto artigo o assunto é a metástase do câncer de próstata sensível à castração, e, no sétimo, os autores debatem o câncer de próstata metastático resistente à castração, um dos maiores desafios da urologia, especialmente nos países em desenvolvimento. 

A realidade do câncer de próstata no Brasil

Sempre falo por aqui que as chances de cura do câncer de próstata são altas quando o tumor é diagnosticado precocemente e que já contamos com tratamentos muito avançados.

Infelizmente, nem todas as pessoas têm acesso a essas informações ou a recursos como a 

cirurgia robótica, por exemplo, fazendo da divulgação científica uma ferramenta essencial para mudar um cenário preocupante:

No Brasil, o câncer de próstata ainda é o segundo tipo de tumor mais comum entre os homens. Somente em 2019, tivemos quase 16 mil mortes em decorrência da doença, e já temos estudos que mostram que a nossa população tem diagnóstico tardio e tratamentos mais limitados na rede pública. 

De acordo com dados do Global Cancer Observatory, a estimativa é de que os números do câncer de próstata no país e na América Latina cresçam consideravelmente até 2040, chegando a dobrar a quantidade de casos e registrar aumento exponencial na quantidade de mortes. 

Espero que a divulgação do Consenso seja capaz de frear esse aumento e melhorar o atendimento oferecido à grande parte da população.

Câncer de próstata vai cair para o 14º tipo de tumor mais prevalente em 2040

Câncer de próstata vai cair para o 14º tipo de tumor mais prevalente em 2040

Atualmente, o câncer de próstata ainda é o segundo tipo de tumor que mais afeta os homens e o quarto mais comum na população como um todo. Entretanto, um recente estudo publicado no Jama Network parece prever um cenário diferente para os Estados Unidos, em que esse tumor passará a ser o 14º mais comum, em 2040. 

A partir de estimativas de crescimento populacional e a incidência de câncer e de mortes em decorrência da doença na população atual dos EUA, os pesquisadores foram capazes de estabelecer estimativas a respeito de diversos tipos de câncer. 

Por exemplo, o estudo apontou que os tipos de tumor mais prevalentes entre a população norte-americana, em 2040, serão os de mama, melanoma, pulmão e intestino. Em 2020, os tumores mais comuns foram os de mama, pulmão, próstata e intestino. 

Isso significa que a incidência do câncer de próstata terá uma queda muito expressiva nos próximos vinte anos, passando da terceira para a décima quarta posição. 

Essa projeção foi baseada no registro de uma diminuição expressiva no diagnóstico de câncer de próstata de 1999 a 2015, o que pode estar relacionado a recomendações da Força Tarefa de Serviços Preventivos dos Estados Unidos. 

Em 2008, a instituição desencorajou o rastreamento da doença em homens acima de 75 anos, e, em 2012, recomendou que nenhum homem passasse por exames de rastreamento. Felizmente, em 2018, orientou que homens de 55 a 69 anos façam uma decisão pessoal e informada a respeito do rastreamento do câncer de próstata. 

Urologista em BH – Outros tumores urológicos serão prevalentes entre os homens, em 2040

Apesar da boa notícia da diminuição na prevalência do câncer de próstata entre os homens nos próximos vinte anos, outros tumores urológicos se tornarão mais comuns entre eles. O destaque fica para o câncer de rim, que ocupava a sexta posição e agora está entre os cinco tumores mais prevalentes entre os homens:

Melanoma, câncer de pulmão, bexiga, rim e intestino serão os principais tipos de neoplasia que afetarão os homens norte-americanos. Em 2020, os tumores mais comuns entre os indivíduos do sexo masculino foram os de próstata, pulmão, intestino e bexiga

Tumor de próstata continua entre as principais causas de morte relacionadas ao câncer

Entretanto, em 2040, o câncer de próstata vai continuar sendo a segunda principal causa de morte por câncer entre os homens. A doença fica atrás do câncer de pulmão e à frente do câncer de fígado e pâncreas.

Esse pode ser um reflexo das mudanças de posicionamento da Força Tarefa de Serviços Preventivos, considerando que as chances de cura para o câncer de próstata são muito menores quando a doença é diagnosticada em estágio avançado. 

Além disso, vale considerar que as projeções estão sujeitas a mudanças e não são determinantes do que de fato irá acontecer nos próximos vinte anos. De todo modo, o estudo nos oferece algumas orientações importantes a respeito do perfil dos pacientes urológicos até 2040, e nos lembra que a saúde do homem vai muito além da próstata. 

 

Câncer de próstata em homens negros: o que muda?

Câncer de próstata em homens negros: o que muda?

Diversos estudos apontam que homens negros têm mais riscos de desenvolver câncer de próstata. Além disso, os tumores parecem ser mais agressivos nestes pacientes. 

Um estudo realizado em 2020 e publicado no Jama Network comparou a eficácia da vigilância ativa em pacientes de diferentes raças. O número de afro-americanos que tiveram progressão da doença foi 11% maior do que o de homens brancos que também lidaram com esse problema num período de 7,6 anos. 

Entretanto, neste estudo, a mortalidade em decorrência do câncer de próstata foi menor entre os homens negros do que os de outras raças. Os motivos ainda não são certos e podem estar relacionados a um acompanhamento mais minucioso desses pacientes, por fazerem parte de uma investigação clínica. 

Afinal, outros estudos apontaram justamente o contrário: homens negros têm duas vezes mais chances de morrer de câncer de próstata do que aqueles de outras raças. 

De todo modo, essas diferenças parecem sustentar a teoria de que devemos acompanhar mais de perto a incidência e progressão do câncer de próstata em homens negros. Inclusive, pouquíssimos estudos envolvendo a vigilância ativa incluíram pacientes negros. 

Urologista em BH – Entendendo o risco aumentado para homens negros

Já é consenso entre a comunidade médica que a genética é um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento do câncer de próstata. Isso significa que um homem com parentes de primeiro grau com a doença possuem mais chances de desenvolvê-la do que aqueles que não têm.

Além disso, um estudo realizado ainda neste ano demonstrou que homens com ancestralidade africana têm uma pontuação de risco genético para câncer mais de duas vezes maior do que aqueles de ancestralidade europeia.

Entretanto, para além da ancestralidade e fatores genéticos, outras questões também parecem favorecer o desenvolvimento do câncer de próstata em homens negros.

A primeira delas é a obesidade. Um estudo de 2019 avaliou como as associações entre obesidade, ambientes obesogênicos e o racismo estrutural podem variar de acordo com a composição racial de diferentes países. Uma das conclusões da pesquisa foi que o racismo, trauma racial e fatores socioeconômicos aumentam os riscos de ter obesidade.

O status socioeconômico também tem um papel significativo nos cuidados com a saúde, pois está associado a maiores chances de desenvolver câncer por falta de acesso a tratamentos médicos pagos. Essa é uma realidade especialmente nos Estados Unidos, onde não a população não tem atendimento médico gratuito. 

Por fim, o preconceito racial também possui um papel importante nos altos índices de câncer de próstata em homens negros. Um estudo publicado no periódico Urology encontrou uma  disparidade racial significativa: eles possuem menos chances de passar pelos exames de rastreamento da doença e até mesmo de receberem indicação médica para tal. 

Todos esses fatores demonstram que ainda temos um longo caminho a percorrer quando o assunto é saúde e igualdade racial. 

Acredito que uma das principais medidas que podemos tomar para mudar esse cenário é fazer com que informações seguras a respeito do câncer de próstata circulem entre homens de diversas comunidades, tornando-os cientes de seus direitos enquanto pacientes e do seu risco real de desenvolver a doença. Assim, poderão se tornar protagonistas de sua própria saúde, independentemente da raça ou da cor.

Biomarcadores na urina ajudam a detectar o câncer de próstata

Biomarcadores na urina ajudam a detectar o câncer de próstata

Atualmente, o diagnóstico do câncer de próstata é feito, de maneira geral, com a associação entre o exame de PSA (antígeno específico prostático) e o toque retal realizado pelo urologista. 

Enquanto o primeiro avalia a quantidade de uma proteína produzida pela glândula no sangue, o segundo é utilizado para verificar o tamanho da próstata e a presença de nódulos. Se for necessário, realizamos, também, uma biópsia.

Entretanto, cada vez mais pesquisas têm revelado moléculas capazes de fornecer indícios precoces não só do câncer de próstata, como também suas formas mais agressivas. Tudo indica que esse tipo de teste poderá ser utilizado cotidianamente como complemento ao exame de PSA e o toque retal.

O primeiro biomarcador do câncer de próstata foi o PSA

Na década de 1980, o diagnóstico e a morbimortalidade do câncer de próstata sofreram uma mudança radical quando a dosagem de PSA foi introduzida na prática clínica urológica. Até então, o único biomarcador disponível era a fosfatase ácida prostática (PAP), que se elevava somente quando a doença já estava em estágios avançados

O PSA foi o primeiro biomarcador, ou seja, uma molécula detectada no sangue, que foi capaz de identificar que algo estava errado com a saúde da próstata, ajudando no diagnóstico precoce da doença. 

Entretanto, essa molécula não aponta somente a existência de câncer. Já os níveis de PSA no sangue também podem ser alterados pela hiperplasia prostática benigna, prostatites ou mesmo lesões na glândula. Ou seja, sozinho, o PSA não diagnostica o câncer de próstata.

Outro aspecto limitador desse biomarcador é que ele não é capaz de dizer se o tumor é agressivo ou de crescimento lento, dificultando na hora de escolher o melhor plano de tratamento para o paciente. 

Nos anos 1980 e 1990, isso fez com que muitos homens passassem por muitos procedimentos invasivos desnecessariamente ou mesmo tivessem diagnósticos superestimados, iniciando tratamentos quando a vigilância ativa seria, idealmente, uma escolha mais acertada.

Marcadores de câncer de próstata na urina apontam para diagnóstico de câncer

Até o momento, dois biomarcadores parecem oferecer melhoras no diagnóstico precoce do câncer de próstata. O primeiro é a calicreína humana 2 (HK2), que pode ser rastreada por exames no sangue, e o segundo é o PCA3, antígeno ligado especificamente a esse tipo de tumor, rastreado na urina.

O PCA3 possui boa sensibilidade e especificidade, sendo capaz de oferecer importantes informações a respeito da formação do tumor e diferenciando-o de outras doenças da próstata. Sua eficácia se baseia no fato de que as células cancerígenas produzem até 100 vezes mais RNAm do gene PCA3 do que as células prostáticas saudáveis. 

Apesar de ter sido identificado em 1995, a adoção desse marcador ainda é relativamente baixa, devido à sua coleta um pouco desconfortável: envolve sedimentos do primeiro jato de urina após intensa massagem da próstata. 

Atualmente, costuma ser mais indicado para homens que já têm diagnóstico de câncer de próstata e estão sob vigilância ativa, como forma de monitoramento do avanço da doença. 

Outras pesquisas continuam em andamento para ajudar a diagnosticar o câncer de próstata mais cedo e com mais precisão, então continuo de olho para proporcionar, sempre, o melhor tratamento possível para meus pacientes. 

Pesquisadores descobrem marcadores genéticos causadores de metástase do câncer de próstata

Pesquisadores descobrem marcadores genéticos causadores de metástase do câncer de próstata

Pesquisadores da Rutgers University, nos Estados Unidos, descobriram marcadores genéticos em humanos que, juntos, causam câncer de próstata metastático. De acordo com o estudo publicado em outubro na Revista Nature Cancer, 16 genes colaboram para fazer com que esse tipo de tumor se espalhe para outras partes do corpo, inclusive os ossos. 

Essa descoberta possibilita que os médicos prevejam quais pacientes correm mais risco de desenvolver câncer de próstata em estágio avançado ou mais agressivamente, tornando o tratamento ainda mais individualizado. 

Segundo os pesquisadores, fazer um rastreamento genético para identificar esses 16 marcadores pode ajudar a antecipar quais pacientes não respondem à terapia de privação de andrógenos, geralmente utilizadas no câncer de próstata metastático. 

Esse pode ser um grande avanço na triagem de pacientes, já que, até o momento, ainda é um desafio determinar quais cânceres são mais ou menos agressivos.

Como o estudo americano foi realizado 

Os biomarcadores que parecem causar o câncer de próstata avançado foram inicialmente descobertos por meio de análises de metástases ósseas em camundongos, revelando perfis moleculares distintos ligados a padrões de ramificação do tumor primário.

Ao integrar os dados de camundongos e humanos com estudos funcionais em organismos vivos, a equipe tentou identificar essa assinatura genética em humanos que possa oferecer um prognóstico do tempo até a metástase e fornecer uma noção da resposta ao tratamento com receptores de andrógenos.

Por fim, eles foram capazes de confirmar uma assinatura de co-ativação entre os marcadores genéticos associados à metástase do câncer de próstata, chamada de META-16. Atualmente, e equipe está refinando o teste, na esperança de uma futura avaliação em ensaio clínico. 

Na teoria a META-16 também poderia ser utilizada para desenvolver terapias contra a doença. Afinal, esses genes estão, de fato, causando a metástase, o que se significa que se for possível suprimir a atividades desses genes, também será factível evitar que o câncer se espalhe ou pelo menos melhorar o prognóstico do paciente. 

O papel do urologista na saúde e bem-estar do homem

O papel do urologista na saúde e bem-estar do homem

Além de ser responsável pelo tratamento de problemas relacionados ao trato urinário de ambos os sexos e ao aparelho genital masculino, o urologista é, também, aquele que vai trabalhar com questões muito delicadas e específicas do homem. É papel desse profissional estar ao lado do paciente para lidar com sua intimidade, sexualidade e fragilidades em momentos difíceis como depois do diagnóstico de câncer de próstata, por exemplo.

Infelizmente, ainda é um desafio convencer os homens a frequentar o médico urologista para fazer o exame preventivo do câncer de próstata e também para diagnosticar e tratar a causa de sintomas que, muitas vezes, se arrastam por meses e até anos. 

O homem ainda tem dificuldades de cuidar da própria saúde

Na nossa cultura, os homens não são ensinados a demonstrar fraquezas porque precisam ocupar o papel de herói ou provedor da família. Na prática, isso acaba se refletindo em muita negligência com a própria saúde. Muitos estudos apontam que os homens vão menos ao médico (em todas as especialidades), consomem mais álcool e, de maneira geral, morrem mais cedo do que as mulheres. 

Esse é um dos motivos pelos quais a cada 41 homens, um morrerá de câncer de próstata. Afinal, a doença é silenciosa e precisa ser detectada precocemente, quando as chances de cura são altíssimas. Se o homem não vai ao médico, é impossível diagnosticar a doença em estágios iniciais. 

Preconceito contra a especialidade da urologia

Embora seja comum que as mulheres frequentem o ginecologista antes mesmo de iniciar sua vida sexual, muitos homens passam a vida inteira sem visitar o médico urologista. Outros, têm sua primeira consulta com esse profissional depois de aparecerem os sintomas de doenças como o câncer de próstata.

Ainda existe um preconceito contra o urologista que não passa de desinformação. Por esse motivo campanhas como o Novembro Azul são tão importantes: elas ajudam a desmistificar a especialidade, fazendo com que o homem entenda que a ida ao urologista é benéfica e fundamental para manter a saúde como um todo. 

O urologista é o médico ideal para lidar com questões da intimidade masculina

Desde a puberdade, o corpo do homem passa por mudanças específicas que podem levantar muitas dúvidas. O adolescente, inclusive, está sujeito a ter problemas urológicos como doenças sexualmente transmissíveis, varicocele e ejaculação precoce. 

Idealmente, o homem começaria a frequentar o médico urologista desde esse período, para compreender ainda cedo como seu corpo funciona e como preservar a sua saúde reprodutiva e sexual. Entretanto, essa ainda não é a realidade, e, atualmente, recomenda-se que os homens procurem esse especialista para realizar os exames de rastreamento do câncer de próstata, somente aos 50 anos (ou 45, para quem tem histórico da doença na família). 

Esse tipo de tumor ainda é muito comum, e afeta significativamente a auto-estima, sexualidade e intimidade do homem. Logo após o diagnóstico, os homens já costumam levar um grande choque porque são forçados a lidar, bruscamente, com sua fragilidade humana, aspecto que foram ensinados a ignorar. 

Além dos complexos sentimentos que vem à tona nesse momento, o próprio tratamento do câncer de próstata pode trazer efeitos colaterais que impactam a identidade masculina. A impotência sexual e a incontinência urinária são os mais comuns e, em alguns casos, chegam a afastar o homem do tratamento adequado. 

Em todo esse processo, o acompanhamento do urologista é fundamental. Afinal, é ele quem vai explicar para o paciente todos os detalhes sobre os tratamentos disponíveis e trazer orientações a respeito da recuperação da potência sexual e da continência. 

Ao longo dos meus 20 anos de profissão, percebi que para o paciente, se curar do câncer de próstata, em muitos casos, não é suficiente. Os homens querem se recuperar de maneira plena e continuar com sua vida sexual, que é uma parte tão importante da vida adulta. 

De qualquer forma, o médico é, frequentemente, a única pessoa com quem o homem consegue compartilhar esse aspecto do câncer, já que pode estar enfrentando o medo, o constrangimento e até mesmo a depressão durante esse período. 

O urologista está preparado para estar ao lado do paciente em todo esse processo e ajudá-lo a resgatar sua sexualidade. Se for o caso, poderá trabalhar de maneira multidisciplinar com um sexólogo ou psicólogo, já que a mente também tem um papel central na função erétil.

Espero que esse texto tenha te ajudado a entender o papel central do urologista na saúde masculina. Se você quer continuar se informando a respeito desse universo, me acompanhe no Instagram ou no Facebook. Estou preparando conteúdos muito bacanas para as próximas semanas. 

O câncer de próstata é uma doença de família?

O câncer de próstata é uma doença de família?

Muitas questões estão envolvidas no desenvolvimento de tumores. No caso do câncer de próstata, além de fatores de risco como má alimentação, tabagismo e consumo de álcool, a genética também influencia na probabilidade do indivíduo desenvolver um tumor.

Isso significa que se um homem tem histórico de câncer de próstata na família, com um parente de primeiro grau diagnosticado com a doença, suas chances de desenvolver o tumor chegam a duplicar. Ter dois familiares de primeiro grau com câncer de próstata, por exemplo, aumenta esse risco em até cinco vezes.

Embora nem todos os homens com histórico familiar vão ter câncer, recomendamos que, nesses pacientes, o rastreamento com exame de PSA e toque retal seja iniciado antes da população masculina em geral, aos 40 ou 45 anos de idade. Isso porque, geralmente, os tumores familiares tendem a surgir mais cedo e podem ser mais agressivos do que os comuns. 

Os três tipos principais de risco de câncer

De maneira geral, entendemos que existem três tipos principais de risco de desenvolver câncer de próstata:

Risco da população geral: descreve cânceres esporádicos que ocorrem por acaso, sem influências genéticas ou familiares. Nesses casos, os pacientes não apresentam mutações genéticas causadoras de câncer e seus parentes próximos também não desenvolveram o tumor.

Risco de câncer familiar: descreve o risco de câncer que surge de fatores genéticos, tendendo a se agrupar em famílias e não apresentam um padrão de herança específico. Isso significa que não foram identificadas mutações hereditárias específicas que podem ter causado o desenvolvimento do tumor.

Risco de câncer hereditário: corresponde à menor porcentagem dos casos de câncer de próstata e descreve o risco de desenvolver o tumor quando o paciente apresenta mutações genéticas em todas as suas células do corpo. Esse tipo de câncer ocorre quando o pai ou mãe passa um gene alterado a seu filho. 

Vale ressaltar que só é possível ter certeza que o paciente herdou a mutação genética dos pais se realizar um sequenciamento de genoma humano. 

É muito comum que pacientes com mutações genéticas causadoras de câncer de próstata apresentem, também, outros tipos de tumor. Mutações nos genes BRCA, por exemplo, são muito conhecidas por causarem câncer de mama e ovário em mulheres, mas, em homens, podem causar câncer de próstata. Já o gene MSH6 está associado, principalmente, ao câncer colorretal, mas também pode aumentar o risco de tumor na próstata em até 30%. 

Ou seja, o câncer de próstata nem sempre é uma doença de família, já que pode acometer o paciente tanto por acaso quanto estar associado à fatores de risco ambientais. Entretanto, uma parcela pequena, mas significativa dos casos do tumor estão sim associadas à questões familiares que podem ou não partir de mutações genéticas hereditárias. 

Portanto, homens que já sabem que têm maiores riscos de desenvolver a doença devem cuidar ainda melhor da saúde e manter, sempre, os exames urológicos em dia. 

Como evitar o câncer de próstata quando se tem histórico familiar

A melhor forma de prevenir o câncer de próstata é ter um estilo de vida saudável, com prática de atividade física regular, alimentação equilibrada, baixo consumo de bebida alcoólica e sem tabagismo. Isso vale para todos os homens, tanto os que não possuem histórico familiar de câncer quanto os que têm casos próximos na família. 

Com isso em mente, os homens que possuem histórico familiar de câncer de próstata ou mutações genéticas causadoras da doença devem iniciar os exames de rastreamento mais cedo do que a população em geral. Apesar dessa medida não ser capaz de prevenir a doença, possibilita que o tumor seja identificado em fases iniciais, quando o tratamento tem maior eficácia

Dependendo do histórico familiar, da idade do paciente e outros fatores, pode ser interessante adiar o tratamento e realizar uma vigilância ativa, em que vamos acompanhar o tumor de perto sem realizar nenhuma intervenção cirúrgica ou medicamentosa. Caso o câncer aumente de tamanho, mudaremos, então, a estratégia. 

Câncer de próstata e hiperplasia prostática: entenda a diferença

Câncer de próstata e hiperplasia prostática: entenda a diferença

Muitos pacientes levam um susto quando recebem o diagnóstico de hiperplasia prostática benigna (HPB), achando que estão com câncer. Apesar de acometerem a mesma glândula, essas enfermidades têm desenvolvimento, sintomas e tratamentos muito diferentes. Entre suas semelhanças, está o fato de que ambas necessitam de acompanhamento urológico.

O que é a próstata

A próstata é uma glândula que compõe o aparelho reprodutor masculino e tem, aproximadamente, 3 cm de comprimento, 4 cm de largura e 2 cm de profundidade. Ela fica localizada logo abaixo da bexiga, numa posição anterior ao reto, bem próxima do início da uretra, canal que leva a urina da bexiga para o pênis

Uma das funções dessa glândula é produzir cerca de 20% do líquido seminal que transporta os espermatozoides, protegendo e nutrindo os gametas com sais minerais e enzimas. A outra é produzir o PSA (antígeno prostático específico), uma proteína que realiza a importante função de liquefazer o sêmen alguns minutos após a ejaculação, permitindo que os espermatozoides consigam se locomover no aparelho reprodutor feminino e fecundar o óvulo. 

Agora que você já entendeu o papel central da próstata na saúde reprodutiva do homem e sua anatomia em relação aos outros componentes da região da pelve, vai conseguir compreender melhor tanto a hiperplasia prostática benigna quanto o câncer de próstata. 

O que é a hiperplasia prostática benigna

A hiperplasia prostática benigna (HPB) ou próstata aumentada, é caracterizada pelo aumento do volume da próstata, em especial na zona de transição, que fica mais perto da uretra. Como consequência, a glândula comprime esse canal, causando sintomas como:

  • Urgência miccional (vontade forte e repentina de urinar)
  • Redução da força do jato urinário
  • Precisar fazer força para urinar
  • Micção frequente
  • Vontade de urinar durante a noite
  • Sensação de que a bexiga não foi esvaziada completamente depois de urinar

Esse problema é natural do envelhecimento masculino e costuma acometer os homens a partir dos 40 anos de idade. Estima-se que 50% dos homens com mais de 50 anos apresentarão algum grau da doença ao longo da vida. 

Apesar de causar sintomas e necessitar de tratamento, como  o próprio nome já diz, a hiperplasia prostática benigna não está associada ao câncer de próstata, nem aumenta as chances de o paciente desenvolver um tumor. Entretanto, é sim possível que o paciente apresente os dois problemas ao mesmo tempo. 

O que é câncer de próstata

O câncer de próstata é o segundo tipo de tumor que mais acomete os homens brasileiros, sendo mais comum entre os homens com mais de 65 anos. Entretanto, pacientes mais jovens também podem ter a doença, principalmente se estiver relacionado a fatores de risco como histórico familiar da doença, tabagismo, má alimentação, sedentarismo ou alterações genéticas (como mutações nos genes BRCA1 E BRCA2).

Quanto mais o câncer de próstata se desenvolve, maiores os riscos à vida do paciente. O problema é que essa doença é tida como silenciosa e costuma manifestar sintomas somente em estágios mais avançados. 

Quando o tumor é localmente avançado, a uretra pode ser afetada, causando sintomas parecidos com a hiperplasia prostática benigna. Entretanto, no caso do câncer de próstata, o sangue na urina é um diferencial. 

Já quando o câncer se dissemina para os linfonodos da região pélvica, é comum que o paciente apresente inchaço nos membros inferiores.

E, por fim, depois de entrar em metástase e se espalhar para outras regiões do corpo, o câncer de próstata pode causar sintomas como dor nos ossos, dor na lombar e insuficiência renal. 

As principais diferenças entre hiperplasia prostática benigna e o câncer de próstata

A essa altura, você já deve ter compreendido que a hiperplasia prostática benigna e o câncer de próstata têm similaridades e diferenças fundamentais. Inclusive, como já falei, o homem pode ter as duas doenças ao mesmo tempo. 

A principal diferença entre essas enfermidades talvez seja o tratamento. Enquanto o câncer de próstata costuma necessitar de cirurgia, radioterapia, hormonioterapia, imunoterapia ou HIFU, por exemplo, a hiperplasia prostática benigna pode ser tratada com cirurgia ou medicamentos para retenção urinária.

Ao contrário da hiperplasia prostática benigna, o câncer de próstata causa um aumento muito lento do tamanho da glândula, de maneira que os sintomas só se manifestam em estágios mais avançados. 

Apesar dessas diferenças, ambas as enfermidades podem causar alterações nos níveis de PSA, o que faz desse exame ineficaz no diagnóstico diferencial. Nesse sentido, o exame de toque retal é fundamental, já que permite verificar tanto o aumento da próstata quanto a consistência da mesma (que permanece inalterada na HPB).

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