Graças ao avanço tecnológico e da medicina como um todo, hoje já é possível monitorar alguns tumores iniciais pequenos e de baixo risco antes de submeter o paciente a algum tipo de tratamento. Exemplos são os cânceres de próstata, de rins e de mama.
Esse conceito de vigilância, que é o ato de observar e monitorar o tumor com testes, exames e consultas periódicas, tem crescido cada vez mais. Vamos entender melhor?
Vigilância ativa
Muita gente ainda acha estranho o paciente ter câncer e não ser tratado imediatamente. No entanto, novas pesquisas e metodologias têm trazido mais segurança para a vigilância ativa, onde não existe a necessidade de cirurgia imediata ou outros tratamentos como quimioterapia e radioterapia. A dica é esperar e observar de perto.
Quem mais tem tirado vantagens dessa nova modalidade são os pacientes com câncer de próstata. De acordo com pesquisa deste ano, nos últimos sete anos mais do que dobrou o índice de pacientes oncológicos iniciais em vigilância ativa nos EUA, passando de 26,5% para 59,6%.
Mas o que significa vigilância, afinal? Nada mais do que monitorar com testes, como ressonância magnética, antígeno prostático específico (PSA), exame de toque retal e consultas periódicas os tumores de baixo risco, tratando-os caso haja progressão da doença.
Essa vigilância se dá porque, muitas vezes, o tumor pode ser pouco agressivo. Para saber disso, o paciente precisa ter PSA abaixo de 10 ng/ml e somente uma parte da próstata afetada, por exemplo. Os testes genéticos do tumor também indicam se ele é de alto ou baixo risco.
Por que não a cirurgia tradicional?
O procedimento tradicional é mais invasivo e pode trazer ao paciente oncológico inúmeros efeitos colaterais, como a incontinência urinária e a disfunção erétil. Mas vale lembrar que a vigilância só é indicada se o paciente puder fazer consultas e exames a cada três meses, incluindo o toque retal, a ressonância magnética (6 meses) e biópsia programada. Ou seja, a vigilância funciona como uma religião, é preciso colocar como prioridade.
A vigilância ativa também tem sido eficaz em tumores do rim, onde as massas de câncer são menores do que 4cm e os pacientes são idosos. Caso a massa cresça mais do que 0,5cm no ano, aí sim, indica-se a cirurgia.
Nos casos de câncer de mama, o protocolo tem sido estudado para os carcinomas ductal in situ, que, basicamente, são as microcalcificações contidas no interior dos ductos de leite da mama. Pesquisas evidenciam que menos de 50% dos casos se tornam tumores invasivos, ou seja, podem ser monitorados com vigilância.
Já quando o assunto é câncer colorretal baixo, o protocolo de espera também funciona bem, desde que o paciente se comprometa com as consultas médicas, exames laboratoriais e de imagem. Assim, a intervenção cirúrgica só ocorre se o tumor reaparece, o que acontece em cerca de 25% dos casos.