O que eu mais gosto neste blog é que a gente conversa sobre saúde, entre outros temas sérios, mas com a informalidade como a informalidade de um papo de boteco, regado à cerveja gelada e um bom tira-gosto mineiro. Receio, entretanto, que o assunto desta segunda-feira não esteja entre os mais populares do cardápio. O que temos para hoje, caro leitor, é uma degustação completa de verdades sobre obesidade e saúde reprodutiva.

Imagino que você já esteja bem saturado de ouvir sermões sobre os perigos do excesso de peso para saúde, como o famigerado aumento do risco doenças cardiovasculares (as que mais matam no mundo), ou mesmo sobre a relação entre o acúmulo de gordura e desenvolvimento de câncer. E quem sou eu para distribuir sermões a quem quer que seja. Inclusive não acredito que essa seja uma estratégia eficaz de combate à obesidade, pois estou certo de que se trata de uma doença difícil de vencer, e que requer abordagem multidisciplinar.

Minha intenção com esse post é alertá-lo para dois fatos que grande parte dos brasileiros desconhece: Primeiro, que o sobrepeso pode estar atrapalhando seus planos de ser pai. Depois que, se você decidiu emagrecer, dependendo do seu grau de obesidade, é aconselhável que você busque um urologista nesse processo.

Tem a ver com o tamanho do pênis?

Sabemos que engordar pode fazer com que o pênis pareça menor (uma vez que parte dele passa a ficar escondido sob a massa gordurosa acumulada na região pélvica), mas não. A relação entre obesidade e fertilidade não tem nada a ver com isso.

A interferência da gordura corporal na fertilidade masculina foi estudada recentemente por pesquisadores da Universidade Oxford. Os dados da investigação – publicados na revista científica Human Reproduction Update, são preocupantes. A probabilidade de alteração seminal nos homens com sobrepeso aumenta em 11% e, nos obesos, 28%.

No caso da obesidade mórbida – condição que afeta 3,6% da população, segundo estima a  Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM) – o risco de diminuição da motilidade e da quantidade de espermatozóides no sêmen é dobrado em relação aos homens de peso adequado. O obeso mórbido também tem chances triplicadas de apresentar azoospermia (ausência de espermatozóides no sêmen).

O emagrecimento, nesses casos, está mais do que recomendado, mas não deixa de ser uma questão delicada. Se a opção for pela realização da cirurgia de redução de estômago, por exemplo, saiba que o procedimento também traz consequências à fertilidade. As alterações metabólicas provocadas pela operação, afinal, podem piorar ainda mais a função testicular e a capacidade fértil da pessoa.

Àqueles que desejam ter filhos, portanto, fica a dica: antes de iniciar o processo de emagrecimento, procure o acompanhamento de um urologista, para que o profissional indique as medidas mais adequadas de preservação da capacidade reprodutiva. Há situações em que há indicação até mesmo do congelamento do esperma.